Quando o chefe do Executivo enfraquece, ninguém fica mais forte que os chefes do Legislativo.
O período crítico da pandemia em 2020 mostrou isso. E Rodrigo Maia (DEM) tornou-se uma espécie de primeiro-ministro, por alguns meses.
Antes, o período crítico antes do impeachment de Dilma Rousseff (PT) reforçou o poder de Eduardo Cunha.
A questão é que isso tem ficado cada vez mais frequente. Desde que Bolsonaro assumiu, não chegamos a ficar seis meses inteiros sem a sensação de que o parlamento estava governando mais que o governo.
A própria empáfia de Rodrigo Maia (DEM), que já se via como um primeiro-ministro, mostra isso.
A coluna já citou a crença de alguns deputados, da esquerda, de que Arthur Lira (PP) como presidente da Câmara nunca seria controlado por Bolsonaro, mas o contrário. Talvez as próximas semanas tragam exemplos disso.
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Bolsonaro enfraqueceu novamente. Acontece de tempos em tempos por culpa dele próprio e das atitudes que ele toma sem medir as consequências que vão além de sua bolha eleitoral. A popularidade do presidente, segundo a mais recente pesquisa CNT/MDA, despencou novamente e está nos níveis do primeiro semestre de 2020, quando o Brasil vivia o pior momento da pandemia.
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, começa a se desesperar por não conseguir comprar vacinas suficientes. É público que ele foi pedir ajuda ao Planalto para comprar mais doses. Também é público que, logo em seguida, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco (DEM), presidentes da Câmara e do Senado, começaram a atuar pra tentar resolver o problema do ministro.
Bolsonaro estava ocupado, intervindo na Petrobras e gerando outra crise pro país.
Momento crítico, vácuo de ação presidencial, e lá estão os chefes do Legislativo para salvar o dia.
Devíamos mudar logo para o parlamentarismo.
O presidencialismo brasileiro, quase sempre, parece um fingimento eivado de desperdício.