A quase certa parceria entre PT e PSB para as eleições presidenciais é o exercício de uma estratégia política, mas representa, em Pernambuco, o riso cínico do estelionatário contra sua vítima.
Não se trata de gostar de Lula ou gostar do PSB. Esqueçamos isso.
Trata-se de não enrolar tanto a linha de narrativas ao ponto de dar um nó e aparentar escárnio com a inteligência alheia.
Na eleição municipal, no 2º turno, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), chegou ao ponto de garantir aos eleitores que sua gestão, quando fosse eleito, não teria nenhum petista.
Queria, naquele momento, os votos da centro direita e da direita, apostando no antipetismo.
E isso foi só o cume da montanha de ataques contra os petistas.
Antes, o PT foi conectado pelo PSB à corrupção, a candidata petista foi alvo de informações falsas dos socialistas para jogá-la contra evangélicos.
E teve mais um elemento que precisa ser observado nesse contexto. Geraldo Julio (PSB), o antecessor de João, foi escondido das propagandas porque tinha rejeição alta e poderia quebrar ao meio a meia verdade sobre renovação que estava sendo contada na disputa.
Na noite de ontem, Geraldo estava no jantar com Paulo Câmara (PSB) e Lula (PT). Porque, agora, ele é pré-candidato ao governo do Estado. É hora de faturar politicamente e ele precisou aparecer.
O PT, cujo orgulho sempre foi do tamanho inverso às oportunidades que surgem pelo caminho, na lei do "só não admito a desvantagem", deve ter apreciado o jantar.
Principalmente os nomes locais, apesar da humilhação que sofrem ano após ano pelos socialistas, porque tomam sempre qualquer palavra elogiosa como um grande benefício.
E, no imaginário condescendente dos petistas pernambucanos, Lula estando ali, vira o jogo.
Não vira. O ex-presidente também está buscando apoio, porque sabe que os socialistas de PE mandam no PSB nacional e precisa do apoio deles.
Esse mesmo Lula já fez críticas aos socialistas, já "rugiu" contra o PSB quando o PT foi atacado e, no passado, criticava muito Paulo Câmara e todos em sua volta.
Mas, no jantar desse domingo, são todos pedintes. Uns querem apoio político, outros querem popularidade, outros querem ampliar palanque. Absolutamente todos estão ali como pedintes de alguma coisa que, invariavelmente vão acabar recebendo.
Quem não recebe nada e fica, apenas, com o resultado do estelionato discursivo é a população.
Mas, vítima é sempre vítima, nasceu pra ser enganada, diria qualquer estelionatário.