Jair Bolsonaro (PL) fala em liberdade, mas para ele só serve a liberdade que lhe for conveniente. A liberdade na política de preços da Petrobras, por exemplo, recentemente foi classificada pelo presidente como "estupro".
Esse modelo que o Planalto deseja, de uma empresa petrolífera que se molda às vontades do governo e ajuda na popularidade de seu governante existe e se chama Venezuela. O resultado, como bem pontuou editorial recente o jornal O Globo, é uma empresa e um país quebrados.
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Na melhor prática da inutilidade de aniquilar o mensageiro porque não gostou da mensagem, Bolsonaro sai demitindo presidentes e ministros, tentando fazer parecer que está indignado com a regra de um jogo liberal que, por muitas vezes, ele próprio defendeu na campanha, enquanto reclamava que Lula e o PT haviam se apossado da Petrobras em benefício próprio.
Pela lei, hoje, é impossível mudar a política de preços da Petrobras.
Repete-se: pela lei.
A insistência de Bolsonaro em trocar presidentes e ministros com frequência dão a entender que ele espera alguém que ignore a lei em nome dele. Alguém que prejudique a Petrobras e seus acionistas, em nome da popularidade do chefe.
Um aviso: se isso acontecer, no curtíssimo prazo haverá base para a empresa ser processada internacionalmente por esses acionistas em alguns bilhões.
E aí, o barato na bomba rapidamente se transformaria em desabastecimento e preços ainda mais altos.
Seria uma "Vitória de Pirro".
Sempre pírricos
O formato da democracia brasileira, aliás, incentiva essas "vitórias pírricas" e sempre quem se prejudica é o povo.
Pirro foi um rei da Macedônia que lutou contra os romanos e conquistou vitórias quase sempre sacrificando seus próprios homens para isso.
Dilma quase quebrou o país para ser reeleita em 2014. Bolsonaro quer tentar o mesmo e vê a Petrobras como possibilidade.
De outro lado, o presidente também acredita que se minar a credibilidade da democracia, atacando as urnas, conseguirá quebrar o sistema para poder controlá-lo.
O prejuízo seria muito maior e a vitória também seria pírrica.
Aliás, a aliança de Bolsonaro com o centrão, que o mantém no poder, é uma vitória pírrica, na medida em que a máquina pública fica "sequestrada". O prejuízo sempre chega com o tempo.
Pelo caminhar dessas eleições, e é preciso dizer isso com muita tristeza, não teremos momento de estabilidade nos próximos meses e talvez anos.
Há mais crise pela frente.