A Ford foi a primeira fábrica de automóveis a se instalar no Brasil, isto há mais de cem anos. O primeiro modelo da marca americana, um Modelo T, foi montado em um galpão no Centro de São Paulo em 1919. Os tempos mudaram, e estão cada vez mais desafiadores para as empresas centenárias. É o que explica o consultor automotivo Alexandre Costa, diretor da Alpha Consultoria. Ele disse que, no mundo todo, a indústria automotiva tem buscado enxugar suas operações e focar em produtos que garantam maior lucratividade.
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“É um movimento mundial, saem de cena os sedans e hatches e entram as picapes e SUVs”, disse Costa. O consultor explica que grandes grupos mundiais têm buscado também sinergia com outras marcas como forma de garantir sobrevivência e se fortalecer no mercado. Ele cita o recente caso do grupo FCA (Fiat Chrysler Automobile), que se uniu ao grupo PSA (Peugeot/Citroen) para compartilhar tecnologias com o objetivo reduzir o custo de produção. Um movimento que se tornou ainda mais necessário com a pandemia iniciada no ano passado.
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FORA DE LINHA
A Ford decidiu tomar outro caminho e não buscou a fusão com outras empresas. Mesmo assim, Alexandre Costa demonstrou surpresa com a decisão da companhia de encerrar a produção no Brasil de uma vez e passar a atuar como importadora. “Em 2019, quando a Ford decidiu encerrar a produção de caminhões no Brasil, fechando a fábrica de Taubaté, em São Paulo, surgiram rumores de que a empresa poderia deixar nosso País. O que acabou não acontecendo. Agora, o que houve, foi o fim da produção nacional da linha de automóveis, mesmo com o Ford Ka estando entre os cinco carros nacionais mais vendidos”, diz Costa. O consultor lembra que o Código de Defesa do Consumidor diz que as montadoras devem continuar produzindo peças de veículos que saíram de linha, só não estipula o prazo para isso. “Na verdade, é a demanda do mercado que determina esse prazo”.
Dos oito modelos da Ford atualmente vendidos no Brasil, quatro eram nacionais: o EcoSport, o Ka, e o Ka Sedan, todos fabricados em Camaçari, na Bahia. Além desses, há o jipe Troller, fabricado em Horizonte (CE). O restante da gama, os SUVs Territory e Edge, a picape Ranger e o esportivo Mustang, todos importados, esses continuarão normalmente à venda, o que deve colaborar para a permanência da sua rede de concessionárias, formada por cerca de 300 distribuidores em todo o País.
REVENDAS
Tércio Lopes, diretor comercial do Grupo Parvi, responsável pela revenda América Ford, com três lojas em Pernambuco, afirmou que, de início, pode haver um dano na imagem da marca Ford, mas não há previsão de fechamento de lojas do grupo. Ele afirma que, para o consumidor, nada vai mudar porque a Ford vai continuar atuando no Brasil. “A comercialização de produtos e serviços continua. Seguiremos vendendo os carros nacionais até o fim dos estoques. Além disso, todos os serviços de pós-venda serão oferecidos normalmente como revisões e garantia, além da comercialização de peças. Os modelos importados, que já eram oferecidos, vão continuar, inclusive com novos lançamentos previstos para 2021”, afirmou o empresário. o repórter tentou entrar em contato com a Associação Brasileira de Distribuidores Ford (Abradif), mas não teve retorno.