Para fugir dos constantes aumentos no preço da gasolina e do etanol, muitos motoristas estão convertendo seus carros para usar o gás natural veicular (GNV). Pernambuco já tem uma frota de mais de 75 mil veículos movidos a gás natural, segundo o Detran. A média de conversões mensais fica em torno de mil, sendo que o último mês de agosto registrou a maior marca até agora, com 1.306 veículos adotando o combustível mais barato. O GNV está custando no Estado, R$ 3,95 o metro cúbico, cerca de 57% do valor médio cobrado pelo litro da gasolina, depois do último aumento no dia 26 de outubro.
"Mesmo com o recente aumento no preço do GNV o gás continua sendo vantajoso em relação a gasolina em torno de 50%", diz Eimar Morais, dono da convertedora Via Gás. "A procura está grande desde o início do ano, mas o movimento cresceu mais ainda nos últimos meses", disse Eimar.
O custo para a modificação mecânica para que o carro passe a utilizar mais um combustível fica em torno dos R$ 5 mil. Mas pode chegar a R$ 8 mil, dependendo do tipo de veículo e se ele vai utilizar um segundo cilindro para acomodar o GNV. Este valor diz respeito apenas a parte de aquisição do cilindro e componentes que vão instalados no veículo. "É preciso alterar a documentação do veículo junto ao Detran para constar o uso do novo combustível, além disso, o carro precisa passar por uma vistoria em um órgão credenciado junto ao Inmetro", diz Eimar, estimando um gasto de cerca de R$ 600 com os procedimentos de regularização após a conversão.
SEGURADORA
Muitos motoristas estão esquecendo de acrescentar ao custo da conversão os gastos com seguro. Depois que carro recebe todos os equipamentos para a utilização do GNV é preciso fazer um novo seguro, ou atualizar o atual, caso a apólice esteja ainda na vigência. "O corretor deve ser informado para fazer o endosso, que é a inclusão no seguro da nova condição do carro como convertido", explica Leandro Vasco, diretor do Sindicato das Seguradoras Norte e Nordeste (Sindsegnne).
O custo a mais pela modificação vai depender de variáveis como o preço do kit gás instalado, tipo de veículo, etc. mas, geralmente, fica abaixo de 50% do valor original do seguro, explica Leandro. "É importante observar que depois de atualizada a apólice, o kit gás também passa a constar na cobertura contratada, ou seja, em caso de perda total do veículo por roubo, furto, incêndio ou acidente, o proprietário será indenizado não apenas pelo carro mas também pelo kit gás nele instalado", diz Leandro.
DOCUMENTOS
O proprietário do veículo deve fornecer a corretora cópias das notas fiscais da oficina onde foi feita a conversão e da nova documentação do veículo já constando a alteração no tipo de combustível utilizado. o carro também vai precisar passar por uma nova vistoria da seguradora. "É importante que a conversão tenha sido feita em um órgão credenciado pelo Inmetro, não são aceitas pela seguradora conversões clandestinas", diz Leandro Vasco.
Segundo o diretor do Sindsegnne, manter um seguro feito para carro flex, ou para aqueles movidos somente a gasolina, em um carro habilitado para uso de GNV pode trazer problemas no caso de o proprietário precisar recorrer a cobertura, como a suspensão de alguns itens da cobertura ou mesmo a anulação da apólice.
Um detalhe que o proprietário do veículo deve ficar atento é que nem todas as seguradoras aceitam dar cobertura a carros convertidos para uso do GNV. A orientação é, se o veículo já está segurado e a companhia não trabalha com este tipo de seguro, o corretor deve solicitar o cancelamento daquele contrato e providenciar outra seguradora. Por isso, o ideal é que o corretor de seguros seja acionado antes de iniciar todo o processo de conversão, para que o carro convertido tenha garantida a cobertura.