Apesar do transtorno que sempre criam à cidade, os protestos dos rodoviários têm razão de ser. E devem ser apoiados por todos, passageiros ou não do transporte público da Região Metropolitana do Recife. Ainda mais agora, em meio à segunda onda da pandemia de covid-19. Antes mesmo da vacinação da categoria - que está exposta ao vírus diariamente, não há como negar -, a exigência de 100% da frota é algo fundamental. E não só para os passageiros, mas para todos que convivem com as pessoas que se deslocam de ônibus e metrô.
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O protesto desta manhã no Centro do Recife foi mais um da categoria no País, que vem tendo uma sequência de manifestações semelhantes, principalmente pela vacinação. Os profissionais trabalham com medo. E os passageiros andam com medo. Por mais que o governo de Pernambuco tenha feito esforços para pulverizar a concentração de passageiros nos horários de pico - como a criação dos programas Horário Social e VEM Social -, a superlotação segue no sistema, potencializando o risco de propagação do vírus e assustando a população.
O Estado tem subsidiado o transporte por ônibus do Grande Recife com mais de R$ 300 milhões por ano, dos quais R$ 120 milhões são subsídios diretos exatamente para cobrir o reequilíbrio do custo do sistema. Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Seduh), segurar a frota de ônibus em quase 90% para uma demanda na casa dos 60%, vem gerando um custo mensal de R$ 15 a R$ 20 milhões por mês. Para se ter ideia do peso financeiro que é o transporte público coletivo.
Mesmo assim, a causa dos rodoviários de pedir 100% da frota é necessária. Muitas capitais já estão operando assim, mesmo com o transporte público tendo uma queda média de 40% da demanda de passageiros mundialmente. E o poder público precisa dar um jeito de oferecer até mais de 100% da frota. Algumas linhas de ônibus do Grande Recife, inclusive, já operam com até 150% da frota no horário de pico, é preciso ressaltar. Mas não são todas.
O poder público precisa buscar novas fontes para custear o transporte coletivo. O Brasil passou do tempo de dar as costas para o modelo atual de financiamento do transporte público. É preciso avançar nessa questão. Começando pela discussão da transferência de recursos públicos já pagos pela sociedade.