JC nas Estradas
A Coluna Mobilidade está percorrendo alguns dos principais eixos rodoviários da Região Metropolitana do Recife na série de reportagens JC nas Estradas. A proposta é mostrar os gargalos viários, o impacto da transformação de muitas dessas estradas em avenidas urbanas para a população, e dentro do possível, fazer sugestões que possam melhorar a infraestrutura. Para validar as visitas, conta com a parceria de engenheiros do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-PE).
UMA ESTRADA DE ALDEIA PARA AS PESSOAS
Não seria um sonho. Ao contrário, seria a transformação correta da rodovia PE-027, no trecho urbano conhecido como Estrada de Aldeia, na Zona Oeste da Região Metropolitana do Recife. A rodovia ganharia ciclovias, calçadas, travessias elevadas e seguras para os pedestres, além de paisagismo ao longo dos 20 primeiros e mais urbanos quilômetros da via.
O projeto chamado Estrada Parque de Aldeia foi criado pelo arquiteto urbanista César Barros para o Fórum Socioambiental de Aldeia ainda em 2017, mas até hoje não virou realidade. Passou de mão em mão, entre políticos e gestores públicos, sem que fosse viabilizado. Foi apresentado em audiência pública na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) e ganhou padrinho político em época de eleição municipal. Mas não vingou.
Confira a proposta da Estrada Parque de Aldeia
A ideia do projeto é aproveitar o espaço existente na Estrada de Aldeia, sem prever desapropriações - o que encareceria demais a requalificação -, para humanizá-la. “A proposta foi aproveitar o que já existe porque a desapropriação naquele espaço seria absurdamente cara e inviabilizaria qualquer ação. Por isso, em locais com menos espaço a ciclovia seria compartilhada com os pedestres. Haveria calçadas de um lado ou de outro. Em todo o percurso, haveria algum tipo de paisagismo, até como proteção mínima para as bicicletas”, explica o arquiteto.
Confira a série de reportagens JC NAS ESTRADAS
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César Barros pondera que é inaceitável nos tempos atuais cogitar a duplicação da rodovia porque a tornaria ainda mais perigosa do que já é. “As pessoas que moram em Aldeia andam a pé, de bicicleta e a cavalo. Não são apenas automóveis. E a estrada é reflexo disso. Por isso precisamos humanizá-la e esse projeto permite, com um custo baixo, essa transformação”, diz. Em 2017 a proposta da Estrada Parque de Aldeia tinha orçamento estimado em R$ 1 milhão por quilômetro construído. Do entroncamento com a PE-007, em Camaragibe, até Chã de Cruz, são 20 quilômetros.
O ANTES E O DEPOIS
Em 2018 foi feito um projeto-piloto do que seria a Estrada Parque – um trecho de 50 metros financiado por um empresário local. Mas nada avançou desde então e os criadores defendem que o projeto precisa ser implementado por inteiro e, não, por partes.
OBSTÁCULOS
Também em 2017, a Prefeitura de Camaragibe resolveu apostar na ideia da Estrada Parque e ampliá-la para toda a rodovia. Chegou a ser negociada a concessão administrativa de manutenção da rodovia estadual, sob jurisdição do Departamento Estadual de Estradas e Rodagens (DER-PE), e anunciada uma previsão para o início dos trabalhos, que começariam pelos km 3 e 4. Mas nada avançou.
Além da burocracia administrativa, o projeto também enfrentaria problemas com a invasão da faixa de domínio da rodovia por condomínios e grandes estabelecimentos comerciais. Seria necessária a retirada de muros e cercas. Mesmo assim, os defensores da Estrada Parque argumentam que seria possível avançar na ideia. Nos trechos com recuo, seria implantada calçadas, ciclovias, área para cavalgada e paisagismo. Onde não houvesse recuo devido às invasões, o projeto se adaptaria ao espaço existente