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Motoristas estão bebendo e dirigindo mais em Pernambuco. Flagrantes aumentaram 70%

Os números acendem um alerta no Estado, que recentemente teve 15% das mortes associadas ao consumo de álcool no trânsito

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Roberta Soares

Publicado em 21/07/2021 às 12:50 | Atualizado em 21/07/2021 às 13:03
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Apesar dos apelos da sociedade, da perda de vidas, das multas altas e do impacto econômico das mortes no trânsito, o número de motoristas que ainda insistem em dirigir após beber tem crescido em Pernambuco. Dados da Operação Lei Seca, coordenada pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), mostram que os flagrantes de alcoolemia subiram 70% em 2021, numa comparação com o ano passado. Os números acendem um alerta no Estado, que recentemente teve 15% das mortes associadas ao consumo de álcool provocadas pela mistura no trânsito e a terceira maior taxa de óbitos atribuídos à ingestão de bebidas por 100 mil habitantes do País, segundo estudo do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa).

Mistura de álcool, direção e alta velocidade provocou tragédia na Tamarineira. Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
Enquanto de janeiro a junho de 2020 a Operação Lei Seca flagrou 1.504 motoristas sob efeito de álcool, em 2021 já são 2.567 flagrantes - Mistura de álcool, direção e alta velocidade provocou tragédia na Tamarineira. Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem

De fato, é uma constatação que não temos como negar, que nos preocupa e entristece. Principalmente, porque a decisão de não dirigir após consumir álcool tem que ser individual, de cada um. Por mais que a fiscalização esteja na rua, ela nunca será suficiente para todos os motoristas. Quando analisamos os números vemos que os flagrantes de alcoolemia de 2021 são maiores até mesmo do que os de 2019, quando o número de condutores abordados foi muito maior. Embora tenhamos diminuído as abordagens, a quantidade de registros de alcoolemia aumentou. É muito preocupante”,
alerta o tenente-coronel Felipe Gondim, coordenador da Operação Lei Seca

Vamos aos números: foram mil flagrantes a mais de alcoolemia nos primeiros seis meses de 2021 em relação ao mesmo período de 2020. Enquanto de janeiro a junho de 2020 a Operação Lei Seca flagrou 1.504 motoristas sob efeito de álcool, em 2021 já são 2.567 flagrantes. “De fato, é uma constatação que não temos como negar, que nos preocupa e entristece. Principalmente, porque a decisão de não dirigir após consumir álcool tem que ser individual, de cada um. Por mais que a fiscalização esteja na rua, ela nunca será suficiente para todos os motoristas. Quando analisamos os números vemos que os flagrantes de alcoolemia de 2021 são maiores até mesmo do que os de 2019, quando o número de condutores abordados foi muito maior. Embora tenhamos diminuído as abordagens, a quantidade de registros de alcoolemia aumentou. É muito preocupante”, alerta o tenente-coronel Felipe Gondim, coordenador da Operação Lei Seca, que em dezembro deste ano completará dez anos desde que virou uma política de saúde pública no Estado, saindo da coordenação do Detran-PE para a SES.

Confira a série de reportagens Por um novo transitar

Não é mais acidente de trânsito. Agora, a definição é outra nas ruas, avenidas e estradas do Brasil

Enquanto em 2019 a Lei Seca abordou mais de 138 mil motoristas entre janeiro e junho, registrando 1.737 casos de alcoolemia, em 2021 foram 95.889 condutores abordados e 830 flagrantes a mais. Outro aspecto que precisa ser considerado no crescimento dos casos de motoristas que insistem na mistura álcool e direção é que a grande maioria dos registros de alcoolemia são por recusa, ou seja, quando o motorista se nega a realizar o teste no etilômetro. Muitos o fazem porque querem evitar a prática do crime de trânsito, que vai além da multa financeira. O crime de trânsito se configura quando o nível de álcool no sangue excede os 0,33 miligramas de álcool por litro de ar. Nesses casos, a pessoa é encaminhada à delegacia de polícia e, para não ficar presa, paga uma fiança definida pelo delegado.

ARTES JC
Álcool - ARTES JC

É claro que a pandemia influenciou nas estatísticas. E sob dois aspectos: o primeiro, o hiato na realização de blitzes por três meses em 2020 - de 17 de março a 19 de junho -, quando a crise sanitária estava no começo e o Estado viveu a primeira fase de lockdown. O segundo aspecto que influenciou é a tendência da população a beber mais e ter mais facilidade para comprar bebidas alcoólicas. Os casos de sinistros de trânsito (não se define mais como acidente de trânsito. Entenda por quê) vistos nas últimas semanas é outro reflexo de que a população está bebendo e dirigindo mais do que antes. Até mesmo a Operação Lei Seca foi vítima de um condutor alcoolizado no início de julho.  “Nós estávamos com a blitz armada na Avenida Mascarenhas de Moraes, na Imbiribeira, quando o motorista colidiu contra o veículo que protegia a equipe, depois contra as duas motocicletas da PM e, na sequência, no condutor que aguardava na fila. E ainda se recusou a fazer o teste. Mas, mesmo assim, foi enquadrado como crime de trânsito e encaminhado à delegacia”, conta o tenente-coronel Felipe Gondim.

Foto: Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas
Pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a prática de beber e dirigir é infração gravíssima, punida com suspensão do direito de dirigir por um ano, multa de R$ 2.934,70 e retenção da CNH - Foto: Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas

FLEXIBILIZAÇÃO
Como se não bastasse, a flexibilização das atividades econômicas, especialmente a abertura de bares e restaurantes até mais tarde, aumenta o receio de que mais motoristas sejam flagrados sob efeito de álcool nas ruas. “Por isso apelamos às pessoas que tenham consciência. Que não dirijam depois de beber. A Operação lei Seca segue nas ruas, de domingo a domingo. Mas precisamos da responsabilidade individual de cada um”, apela o coordenador. A Operação Lei Seca, entretanto, está com apenas sete equipes atualmente. Já teve nove e a promessa de subir para 11, que mesmo assim é uma quantidade insuficiente para atender todo o Estado e até mesmo o Grande Recife.

Lembrando que, pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a prática de beber e dirigir é infração gravíssima, punida com suspensão do direito de dirigir por um ano, multa de R$ 2.934,70 e retenção da CNH. No caso do crime de trânsito, o condutor ainda é encaminhado à delegacia de polícia e liberado após pagamento de fiança. E mais: a recusa em fazer o teste não evita a multa nem a autuação por crime de trânsito. Os agentes têm autonomia para fazer a constatação pelos sinais de embriaguez do motorista.

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De fato, é uma constatação que não temos como negar, que nos preocupa e entristece. Principalmente, porque a decisão de não dirigir após consumir álcool tem que ser individual, de cada um. Por mais q

alerta o tenente-coronel Felipe Gondim, coordenador da Operação Lei Seca

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