Para os motoristas de aplicativos de transporte individual de passageiros como Uber e 99, somente com o reajuste das tarifas - o que não acontece desde que as plataformas chegaram ao Brasil, em 2015 - será possível acabar com os problemas de cancelamento e a baixa qualidade do serviço oferecido. Não existe outra saída. Nem mesmo o pacote de ações anunciado pela 99 e os incentivos financeiros já realizados pela Uber serão suficientes.
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“As medidas apresentadas pela empresa 99 são paliativas. Zerar a taxa de intermediação cobrada em alguns dias e horários específicos não irá resolver o problema. Assim como oferecer as “corridas turbinadas”, como eles sugerem. Vale dizer que, no caso da “corrida turbinada”, o motorista precisa pagar um valor para poder utilizar o serviço”, alerta o presidente da Associação dos Motoristas e Motofretistas por Aplicativos de Pernambuco (Amape), Thiago Silva.
Segundo ele, que fala pela categoria em Pernambuco, o que precisa efetivamente acontecer é o reajuste de tarifas. “Uma viagem de R$ 4.50, para um percurso de 3 km, não se sustenta com a gasolina custando R$ 6. É pagar para trabalhar!”, critica. Thiago Silva explica que os veículos têm demorado a chegar porque os motoristas precisam selecionar as viagens que realmente compensam. “E para que o serviço de fato volte a funcionar com um menor tempo de espera, é fundamental remunerar os motoristas de maneira digna e justa. O que não está acontecendo atualmente".
E segue em defesa dos motoristas parceiros. “O passageiro não sabe, mas o preço que ele paga por uma viagem não é o que o motorista recebe. Na maioria das vezes, o lucro das empresas em uma viagem chega a mais de 50%. É bom lembrar que há cinco anos os aplicativos operam no Recife, sem qualquer reajuste de tarifas. Pelo contrário, durante a pandemia, as viagens ficaram 30% mais baratas para o passageiro”, reforça.
MESMA OPINIÃO
Enquanto os usuários reclamam das dificuldades para conseguir uma corrida devido aos cancelamentos e sobre a qualidade dos veículos em circulação, os motoristas parceiros responsabilizam as plataformas pelas baixas tarifas. Nas ruas, os profissionais reforçam o que defende a Amape. “É importante citar que a queda de qualidade nos aplicativos de transporte está acontecendo porque a Uber e a 99 nunca reajustaram a tarifa aos motoristas. Ao contrário, chegaram até a diminuir nosso ganho como motorista. Enquanto tudo segue subindo, principalmente o combustível. Assim fica difícil realizar chamadas com uma miséria de ganhos”, alega Anderson Roberto da Costa, motorista de aplicativo.
PESQUISA
Levantamento da plataforma Vá de Táxi mostra que a demanda de passageiros por táxis tem crescido todos os dias nos últimos seis meses de 2021. Mesmo que com moderação, a leitura desse crescimento é uma só: está havendo uma migração dos usuários dos aplicativos de transporte individual devido à queda na qualidade do serviço oferecido pelos apps como Uber e 99. As reclamações têm sido constantes pelo País.
Muitos desses clientes, inclusive, já foram usuários do táxi e estão retornando à plataforma. Na visão da Vá de Táxi, aplicativo de mobilidade fundado em 2013, o aumento do número de corridas também tem influência pela retomada das atividades econômicas e, consequentemente, o aumento do trânsito nas vias. Mas o que tem pesado mesmo é a queda da qualidade dos apps, evidenciada durante a pandemia. Estima-se que 60% do crescimento orgânico pode ser atribuído à péssima qualidade do serviço prestado pelos aplicativos concorrentes.