O Recife ganhou - infelizmente - mais uma ghost bike, a bicicleta branca “fantasma” que simboliza a violência no trânsito contra os ciclistas. Um símbolo de que a cidade - apesar das melhorias - ainda precisa avançar muito na segurança oferecida a quem pedala. E a infraestrutura - ciclovias e ciclofaixas - é o grande clamor. Nesta quinta-feira (11/11), um símbolo desses foi instalado na Avenida Caxangá, um dos principais corredores viários do Recife e que mais concentram ciclistas circulando, onde no dia 3/11 o ciclista Flávio Antônio, 42 anos, foi violentamente atropelado por um motorista que estaria dirigindo em alta velocidade.
Morte de ciclista expõe urgência de uma ciclovia na Avenida Caxangá, no Recife
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A instalação foi comandada pela Associação Metropolitana de Ciclistas do Recife (Ameciclo), a União de Ciclistas de Pernambuco (UCIPE) e outros grupos de ciclistas. A ghost bike foi instalada no local do atropelado, próximo ao Caxangá Golf & Country Club. Flávio Antônio era um trabalhador que fazia o mesmo percurso há 18 anos em sua bicicleta barra circular, de segunda a sábado. Trafegava pelo corredor de BRT Leste-Oeste, quando foi surpreendido pelo veículo. O motorista teve apenas ferimentos leves, enquanto o ciclista teve o crânio aberto, segundo a perícia técnica.
A ação foi realizada para não deixar que as vítimas do trânsito sejam esquecidas e para exigir a implantação de uma ciclovia na Avenida Caxangá, como já foi prometido em dois projetos distintos do poder público.
A Avenida Caxangá está incluída no Plano Diretor Cicloviário (PDC) da Região Metropolitana do Recife e, para ela, é prevista ciclovia ao longo de toda sua extensão, ligando Camaragibe ao centro da capital. A via foi elencada como a quinta avenida mais violenta do Recife, com cerca de 300 colisões anuais, o
que corresponde a 3% das colisões totais do Recife. Desde 2016, a Caxangá soma 49 colisões com ciclistas, registrando o maior número durante a pandemia. Em 2020, um em cada 10 ciclistas atropelados teve a Caxangá como cenário. Somente até julho deste ano, foram 51 colisões e atropelamentos na via, sendo cinco com ciclistas.
Pela soma das Contagens de Ciclistas realizadas pela Prefeitura do Recife e a associação, na via em questão passam entre três e cinco mil ciclistas por dia, que se arriscam entre os bordos da via e a faixa exclusiva para BRT, local por vezes preferido por ciclistas por diminuir a sensação de insegurança diante das condições da avenida hoje.
MAIS UMA VÍTIMA
Três dias após o atropelamento de Flávio Antônio na Avenida Caxangá, Diogo Emanoel da Luz, de apenas 16 anos, foi assassinado por um motorista que estaria conduzindo o carro também em alta velcoidade no bairro de Vera Cruz, em Camaragibe. O suspeito fugiu sem prestar socorro e a vítima faleceu no local. O ato da ghost bike também foi em memória de Diogo.