Os bastidores da política nacional, com Romoaldo de Souza

Política em Brasília

Por Romoaldo de Souza
OPINIÃO

O país está sendo levado a conviver com espetáculos de baixaria patrocinados por senadores da República

Na maioria das vezes, o comportamento de suas excelências é lamentável. Leia a opinião de Romoaldo de Souza

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Romoaldo de Souza

Publicado em 30/04/2021 às 6:33 | Atualizado em 30/04/2021 às 6:34
Antes de ir para votação em plenário, ele ainda precisa passar pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania - Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Bem no meio da tarde desta quinta-feira (29), recebo um telefone de uma colega jornalista de um diário argentino que não conseguiu autorização para viajar ao Brasil e fazer cobertura da CPI da Covid. Na verdade, até que ela poderia vir ao Brasil só não tinha como acompanhar os trabalhos da comissão, dentro do Senado, uma vez que as credenciais para os profissionais de imprensa estão temporariamente suspensas, justamente em razão da pandemia que já tirou a vida de mais de 400 mil brasileiros.

A dúvida da jornalista portenha era sobre um requerimento apresentado pelo relator, Renan Calheiros (MDB-AL), pedindo o compartilhamento de informações com outra CPI - já bastante avançada - que apura denúncias de “fake news”, as notícias falsas que se espalham pelas redes sociais.

Eu desliguei o telefone, coloquei uma música do paraibano Zé Ramalho para tocar, enquanto a CPI dava uma pausa no intervalo dos arranca-rabos, como se fosse um “break” comercial.

“Vocês que fazem parte dessa massa
Que passa dos projetos do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais do que recebe…”

É que num país como o Brasil, em que o negacionismo das autoridades e de seus seguidores contribuem para agravar a situação de quem tem de pegar o vírus pelo rabo, não é nenhuma novidade, pelo menos para quem já viu CPI em todos os governos, que até na hora da dor, sejam plantadas inverdades.

Na lista dos requerimentos constam notícias falsas como a de que a vacina altera o DNA humano, que é possível inserir um chip no corpo humano, para colher “identidade biométrica” da população.

Há ainda mentiras associadas a medicamentos sem a menor serventia, com a eficácia da cloroquina, por exemplo, e aquelas que dizem respeito a notícias que falavam que caixões vazios estavam sendo enterrados em Manaus (AM).

Como se não bastasse o jeito irresponsável com que o governo enfrentou, desde os primeiros dias, a pandemia, por outro lado o país está sendo levado a conviver com espetáculos de baixaria patrocinados por senadores da República, eleitos pelo povo para representar seus respectivos estados. Na maioria das vezes, o comportamento de suas excelências é lamentável.

Pense nisso!

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