Em boletim divulgado na manhã desta quarta-feira (26), a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) afirmou que foram confirmados mais 1.120 casos do novo coronavírus em Pernambuco, após resultado de exames recebidos nas últimas 24 horas. Além disso, também foram confirmadas 35 novas mortes em decorrência da covid-19. Agora, o Estado totaliza 121.078 casos de pessoas infectadas, desde o início da pandemia, com 7.460 vidas perdidas.
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Entre os casos confirmados nesta quarta, 55 (5%) são considerados graves, que se enquadram como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), e 1.065 (95%) são leves, ou seja, os pacientes não demandaram internamento hospitalar e que estavam na fase final da doença ou já curados. Do total de casos, 25.297 se enquadram como graves e 95.781, leves.
As mortes confirmadas nas últimas 24 horas ocorreram desde o dia 1º de maio, em que 18 (51%) aconteceram nos últimos três dias, sendo quatro óbitos registrados nessa terça (25), seis na segunda (24) e oito no último domingo (23). Os outros 17 registros (49%) ocorreram entre os dias 1º de maio e 22 de agosto. Os detalhes epidemiológicos serão repassados pela SES-PE ao longo do dia.
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Pernambuco confirmou, na tarde dessa terça-feira (25), a primeira morte de criança com síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica e que teve diagnóstico positivo para o novo coronavírus. A informação foi dada pelo secretário Estadual de Saúde, André Longo, durante coletiva de imprensa transmitida pela internet. A menina que foi a óbito tinha 11 anos e morava na capital pernambucana. Segundo a Secretaria de Saúde do Recife (Sesau), a menina deu entrada num hospital público estadual em 23 de junho. Ela faleceu no dia seguinte (24/6) e não chegou a ser internada em leito de unidade de terapia intensiva (UTI).
Ainda de acordo com a Sesau, a menina não tinha histórico de doença preexistente. "A criança apresentou febre, conjuntivite, diarreia, dores abdominais, náusea, vômito, manchas vermelhas pelo corpo e taquicardia. Ela teve histórico de contato com familiares com suspeita de covid-19 e foi testada logo no dia 23. O RT-PCR deu negativo para a doença, mas o teste rápido positivou", diz a nota da secretaria.
Entre os sintomas da síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica associada à covid-19, estão febre persistente acompanhada de um conjunto de manifestações, como pressão baixa, conjuntivite, manchas no corpo, diarreia, dor abdominal, náuseas, vômitos e comprometimento respiratório, entre outros sinais.
O secretário ainda informou que Pernambuco tem nove casos notificados. Entre eles, estão o óbito, sete crianças que tiveram alta hospitalar e uma que permanece internada em leito de enfermaria. No dia 6 de agosto, o Estado divulgou os dois primeiros casos da síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica em decorrência da covid-19.
Referência no acompanhamento de crianças com suspeita e confirmação de covid-19 em Pernambuco, o Hospital Barão de Lucena (HBL), na Iputinga, Zona Oeste do Recife, continua com alta taxa de ocupação. Nesta segunda-feira (24), dois dias após publicação de reportagem neste JC sobre a situação de superlotação na ala pediátrica, a emergência pediátrica do HBL, que conta com 16 leitos, tinha 15 crianças com quadros respiratórios em observação. "Temos poucos hospitais referência na rede SUS para atendimento pediátrico aos pacientes de alta complexidade, principalmente os respiratórios. As redes municipais, em sua maioria, também não conseguem dar conta de suas próprias demandas, sobrecarregando a rede estadual que já está com dificuldades. Sabemos que muitas vezes a pediatria é preterida em prol de abrir mais leitos e vagas para os pacientes adultos, que normalmente demandam mais do sistema durante todo o ano. Mesmo assim, não há justificativas para que os pediatras que trabalham na rede SUS, ano após ano, sofram com dificuldades para decidir quais pacientes precisam mais de uma vaga", dizem pediatras em carta enviada a entidades governamentais, como Secretaria Estadual de Saúde, e representativas dos médicos, a exemplo do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco.
Em nota, a SES garante que mantém permanentemente a busca ativa de leitos em toda a rede e em unidades conveniadas para encaminhamentos de seus pacientes, atendendo às especificidades de quadro clínico. "Em Pernambuco, a taxa média de ocupação de leitos pediátricos para pacientes com quadro de síndrome respiratória aguda grave está em 61,5%", diz, ao se referir a todos os tipos de vagas (90 ao todo): enfermaria, emergência e UTI. Questionada sobre o número absoluto de leitos de terapia intensiva, a SES não respondeu. A taxa de 61,5% informada pela SES é maior do que a média geral (55%) de ocupação dos leitos no Estado, incluindo enfermaria e UTI para quadros suspeitos e confirmados de covid-19.
A SES acrescentou ainda que já iniciou o planejamento para ampliar a assistência a bebês e crianças com sintomas respiratórios na rede estadual. "Nas últimas semanas, houve a abertura de 10 vagas para pacientes neonatais no Imip, e há previsão de abertura de novos 10 leitos pediátricos de UTI no Hospital Universitário Oswaldo Cruz", destacou.
A situação intriga e preocupa num momento em que autoridades sanitárias do Estado reforçam a estabilidade da epidemia de covid-19 para justificar o fechamento de vagas de unidades de terapia intensiva (UTI) e enfermaria. O cenário levanta a necessidade de os governos estaduais e municipais repensarem a estratégia de reestruturação dos leitos, além de ampliarem vagas em unidades que têm operado no limite (ou além dele).