Em entrevista à Rádio Jornal, na manhã desta sexta-feira (26), o médico hepatologista e cirurgião Cláudio Lacerda cobrou que o Governo de Pernambuco redefina quais cirurgias serão suspensas no Estado. Por conta do aumento nos casos de covid-19, o Governo de Pernambuco decidiu pela suspensão das cirurgias eletivas, ou seja, não emergenciais, em 63 municípios que terão normas mais rígidas. No entanto, segundo Cláudio Lacerda, algumas cirurgias que estão suspensas não podem ser adiadas, como a retirada de miomas ou cirurgias em pacientes que se tratam de algum câncer.
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"A situação é grave e exige medidas fortes como esse lockdown. Agora, em relação à suspensão de cirurgias, isso deve ser discutido, pois nós trabalhamos na medicina avançada, onde a maioria é cirurgiada por motivos inadiáveis. Operar paciente com câncer no início é grande a chance de levar à cura, postergar uma dessa pode definir o insucesso no tratamento. Adiar cirurgia plástica, de hérnias é apropriado, com isso diminui a circulação do paciente no hospital, mas acho que há cirurgias, ditas eletivas, que são inadiáveis", afirmou.
O médico ainda disse temer que os pernambucanos em cidades com restrições migrem para outras cidades em busca de cirurgias e isso sobrecarregue, ainda mais, o sistema de saúde. "Nossa capacidade de atendimento no sistema público já é saturada, temos fila enorme por cirurgia de próstata, obesidade mórbida, vesícula. Algumas cidades não podem receber pacientes dos municípios que estão em lockdown, a capacidade não suporta. Então, é urgente que o governo reveja essa decisão", comentou Cláudio Lacerda.
Saúde
De acordo com o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, a suspensão vale para unidades de saúde da rede pública e da rede privada. As cidades atingidas estão nas II, IV e IX Gerências Regionais de Saúde (Geres), com sedes em Limoeiro, na Mata Norte, Caruaru, no Agreste, e Ouricuri, no Sertão do Araripe, respectivamente.
"Com isso, buscamos reforçar a capacidade de enfrentamento à covid-19 com a perspectiva de liberação de mais leitos para as unidades públicas e privadas dessas três regiões. Apelo para o apoio e engajamento da população e dos gestores municipais para que possamos diminuir as taxas de transmissão e, consequentemente, a quantidade de doentes que hoje pressiona a rede de saúde", disse Longo.
Nas 63 cidades, as atividades econômicas e sociais estão suspensas entre 20h e 5h nos dias de semana, e das 17h às 5h aos sábados e domingos, até o dia 10 de março. Apenas serviços essenciais poderão continuar funcionando.
Serão enviados a esses municípios 1.690 policiais para fiscalização do cumprimento do decreto. O secretário de Defesa Social, Antônio de Pádua, reforçou que quem for pego descumprindo poderá ser penalizado. "Estaremos fiscalizando os restaurantes e os bares que estarão funcionando nos municípios e eventualmente em desacordo com o decreto poderão os proprietários ou responsáveis serem conduzidos para as delegacias."