Em meio a recordes diários da média móvel de casos de covid-19 e do número de pacientes com sintomas da doença que aguardam um leito de terapia intensiva (UTI) e enfermaria, Pernambuco volta a ter as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) cheias. A situação é semelhante ao que ocorreu no começo da segunda onda da pandemia no Estado, em novembro do ano passado. Nesta segunda-feira (24), foram vários os relatos de pessoas adoentadas que voltaram para casa sem atendimento, pois não conseguiram nem entrar nas UPAs da Caxangá e da Imbiribeira, Zonas Oeste e Sul do Recife, respectivamente.
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"Quando cheguei, o segurança me disse que não tinha como eu ser atendida porque só havia vaga agora para as pessoas com covid-19 grave. Desde sábado (22), estou com dor no corpo, garganta doendo, dor de cabeça e coriza. Também fui a um posto perto da minha casa, mas a médica não estava hoje, e pediram para eu voltar lá amanhã (25)", relatou a profissional autônoma Eliedja Gouveia de Lima, 31 anos, que foi à UPA da Imbiribeira no início da tarde desta segunda-feira (24). Ela acrescenta que, quando teve negado o atendimento na UPA, ficou muito angustiada. "Entrei em desespero e comecei a chorar. Fiquei pensando também em outras pessoas que podem ter sido ignoradas do mesmo jeito que eu." As UPAs são serviços considerados portas abertas, que não exigem necessidade de agendamento e que são a entrada para o atendimento de urgência. Por isso, essas unidades têm sido um termômetro importante para avaliar a intensidade da pandemia de covid-19 no Estado.
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Também nesta segunda-feira (24), a dona de casa Alexandra Miranda, 40 anos, não conseguiu ser atendida na UPA da Caxangá. "Consegui nem entrar. Logo na porta, falaram que era para eu retornar à noite porque estavam limitando o atendimento. Estou com uma dor de ouvido muito forte e que já dura três dias. Estou tomando remédio, e nada de passar. É um absurdo a falta de atendimento", lamentou Alexandra.
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) reconhece a grande demanda nas UPAs, mas ressalta que os 15 serviços estaduais estão funcionando normalmente, não recusam atendimento e prestam a assistência de acordo com a situação de cada paciente. "Todas as unidades continuam a atender pacientes que apresentem, ou não, sintomas respiratórios. Importante lembrar, no entanto, que as UPAs priorizam os casos graves, utilizando o sistema de classificação de risco, ou seja, os pacientes passam por uma avaliação de sua gravidade e recebem uma pulseira que indica o grau de prioridade no atendimento como forma de avaliar e identificar as pessoas que necessitam de atendimento prioritário, de acordo com a gravidade clínica", destaca.
A SES ainda acrescenta que, "em alguns casos, quando os pacientes são considerados não graves, situação que não envolve risco imediato (classificação verde), o paciente é orientado a procurar um serviço de saúde de baixa complexidade, na rede de atenção básica, caso não queira aguardar o tempo necessário para o atendimento". Nesse sentido, a secretaria explica que "a classificação de risco é realizada por uma equipe de enfermeiros e, em hipótese alguma, os seguranças são autorizados a negar ou impedir a entrada de pacientes nas dependências das UPAs. A orientação é que sempre procurem a recepção da unidade para informações", finaliza a nota.