Os resultados da investigação sobre as novas variantes do novo coronavírus, nas amostras coletadas no Agreste de Pernambuco, só devem ser divulgados na próxima semana. Pelo menos duas instituições fazem análises em paralelo: a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e o Instituto Aggeu Magalhães (IAM), que é a unidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Estado. Ao todo, até o momento, o IAM recebeu cerca de 50 amostras biológicas do Agreste, todas do mês de maio, que têm confirmação para o novo coronavírus. Elas começaram a ser processadas nesta terça-feira (1º). "O Lacen-PE (Laboratório Central de Saúde Pública de Pernambuco) continuará encaminhando amostras biológicas de pacientes positivos para a covid-19, a fim de que possamos analisá-las", diz o biólogo Gabriel Wallau, pesquisador do IAM.
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Em fevereiro deste ano, no laboratório de nível de biossegurança nível 3 da Fiocruz Pernambuco, foi descoberta a variante P1 em amostras de pacientes do Amazonas que vieram fazer o tratamento da covid-19 no Estado. O processo para preparo das amostras, extração do RNA e posterior sequenciamento e análise dos dados leva, em média, duas semanas. Mas, desta vez, para investigar a possível circulação de nova variante no Agreste, será seguido um caminho mais célere.
Segundo Gabriel Wallau, será usada uma técnica de biologia molecular que leva a resultados a curto prazo, já que está em vigência a escalada de casos de covid-19 no Estado. "Precisamos de uma resposta rápida e, por isso, não será feito um sequenciamento genômico agora, mas sim depois que fizermos as análises dessas amostras da região. Para os primeiros resultados, precisamos de aproximadamente sete dias. Então, na próxima segunda ou terça-feira, teremos alguma resposta", esclarece Gabriel Wallau. O pesquisador acrescentou que, para fazer o sequenciamento genômico, são necessárias, em média, 200 amostras biológicas de pacientes com resultados confirmados da infecção. "Faremos essas análises num próximo momento."
Na visão do pesquisador, é difícil prever o que mostrarão os resultados das amostras. "Pode existir uma nova variante, mas o cenário que vemos hoje no Agreste também pode até ser fruto da P1 circulando com maior intensidade no interior." Ele também reforça que a Fiocruz Pernambuco continua a analisar amostras escolhidas de forma aleatória que contemplam todo o Estado. Para ele, esse estudo mais amplo é importante porque, se for identificada alguma cepa no interior que não tenha sido detectada na Região Metropolitana do Recife, por exemplo, as autoridades precisam agir para criar estratégias como barrieras sanitárias para tentar conter a disseminação de novas variantes.
"Sem reforço de medidas preventivas para controlar a transmissão, teremos o surgimento e espalhamento de mais variantes. E quando isso ocorre num momento em que se mantém a alta de casos da doença, é criada naturalmente uma oportunidade para o coronavírus experimentar novas combinações no seu genoma", alerta Gabriel Wallau.
Em Caruaru
A Prefeitura de Caruaru e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) também fazem uma investigação para analisar exames de moradores da cidade do Agreste. O município fez um convênio com a instituição com o objetivo de fazer um monitoramento epidemiológico de variantes do novo coronavírus, a fim de compreender o cenário epidemiológico região. O convênio tem duração de seis meses, e o monitoramento já foi iniciado. "Poderemos ter um diagnóstico preciso, identificando a possibilidade de novas variantes que estão circulando no Agreste e, assim, solicitar o reforço de vacinas para a nossa população”, diz a prefeita Raquel Lyra.
Segundo o sanitarista Francisco Santos, professor da UFPE (Campus Caruaru), já foram enviadas 100 amostras para o laboratório da universidade localizado no Recife. "Pode ser até que seja encontrado algo diferente do que estamos buscando. É preciso considerar que, pela aceleração da covid-19 de forma tão acentuada, seja identificada uma variante ainda não mapeada. Até semana que vem, devemos ter o resultado", frisa Francisco.