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Saúde e Bem-estar

Por Cinthya Leite e equipe
COLUNA JC SAÚDE E BEM-ESTAR

Bairro da Zona Norte do Recife preocupa por alto risco de adoecimento por chicungunha, dengue e zika

Prefeitura tem realizado ações em locais que apresentam maior índice de infestação do mosquito e risco de adoecimento da população

Cadastrado por

Cinthya Leite

Publicado em 25/09/2021 às 16:34 | Atualizado em 25/09/2021 às 16:38
Agentes de saúde ambiental inspecionam imóveis para combater criadouros do mosquito Aedes aegypti - INALDO LINS/ACERVO PCR

O Recife segue com elevadas taxas de detecção de casos prováveis de dengue, chicungunha e zika, com registros acima do limite máximo esperado para este período. Só este ano, até então, foram 22.240 notificações de pessoas que adoeceram com sintomas suspeitos de arboviroses. Entre elas, 14.810 foram confirmadas. Dessa maneira, houve um aumento de aproximadamente 356% dos casos notificados e de 447% dos casos confirmados de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, em comparação com o mesmo período do ano anterior. 

Leia também: Oito bairros do Recife estão com risco muito alto de infestação pelo Aedes, que transmite chicungunha, dengue e zika 

Entre os bairros com elevada incidência de casos, um preocupa mais: Campina do Barreto (Zona Norte), que apresentou taxa de detecção de casos prováveis de arboviroses, nas últimas oito semanas, superior a 100 casos por 10 mil habitantes. No bairro, são diagnosticadas 120 pessoas com sintomas sugestivos de alguma das arboviroses a cada 10 mil habitantes. Em seguida, preocupam com maiores taxas, o Bairro do Recife (61,8/10.000), Beberibe (55,7/10.000) e Cajueiro (55,1/10.000). 

Para frear o avanço da transmissão das arboviroses na cidade, e também o possível adoecimento da população, a Prefeitura do Recife levou, na última quinta-feira (23), ações da campanha “Bora Se Cuidar”, para a Escola Municipal de Água Fria, em Campina do Barreto, a fim de orientar estudantes quanto à prevenção da dengue, zika e chicungunha. Na ocasião, uma esquete teatral mostrou as crianças, de forma lúdica, como evitar a proliferação do vetor dessas arboviroses.

A estratégia de alertar as crianças para que elas levem a informação para dentro de casa se soma a outras ações que a Secretaria de Saúde (Sesau) do município vem desenvolvendo para frear o avanço da transmissão das arboviroses na cidade. Desde maio, têm sido realizados, aos fins de semana, mutirões em diversas comunidades do Recife em que agentes de saúde ambiental e controle de endemias (asaces) têm intensificado a inspeção de residências e pontos estratégicos, a exemplo de borracharias e ferros-velhos, para identificar e tratar possíveis focos desses vetores.  

Além disso, a Vigilância Ambiental do Recife também realiza outras atividades continuadas para controle dos mosquitos transmissores das arboviroses, como manutenção das ovitrampas (armadilhas para monitorar a infestação do mosquito); análise das Estações Disseminadoras de Larvicidas; adoção da Técnica do Inseto Estéril (TIE); e formação das Brigadas Contra o Mosquito, que envolvem instituições públicas e privadas da cidade.

Morte por chicungunha

Em boletim epidemiológico das arboviroses, enviado a pedido da reportagem do JC, a Secretaria de Saúde do Recife (Sesau) confirmou, na quarta-feira (22), a primeira morte do ano por chicungunha, num momento em que a cidade registra 648% aumento dos casos da doença, em comparação com o mesmo período de 2020. O óbito foi de uma mulher de 90 anos, que morava no bairro de Jardim São Paulo, na Zona Oeste da capital pernambucana.

A idosa começou a apresentar sintomas como febre, dor de cabeça, dor no corpo no dia 8 de junho e, no dia 12 de junho, deu entrada em um hospital da rede estadual. A morte da paciente aconteceu no dia 14 de junho e foi confirmada por meio de critério clínico-laboratorial, após análise e discussão do caso pela equipe técnica da Vigilância Epidemiológica do município. A morte também é a segunda do ano confirmada por arbovirose em Pernambuco e foi divulgada no 35º boletim epidemiológico de arboviroses da Sesau. Em agosto deste ano, a secretaria confirmou um óbito por dengue, de um homem de 76 anos, que morava no bairro de San Martin, Zona Oeste da cidade.

Além dessas mortes confirmadas, a capital pernambucana ainda investiga outros quatro óbitos de pessoas que morreram com quadro sugestivo de infecção causada por vírus transmitido pelo Aedes aegypti.

Apenas este ano, no Recife, até 4 de setembro, foram notificados 22.240 casos suspeitos de arboviroses, sendo 8.494 casos de dengue, 13.278 de chicungunha e 468 de zika. Entre eles, foram confirmados 4.717 casos de dengue e 10.093 casos de chicungunha. Em comparação ao mesmo período do ano anterior, houve aumento de aproximadamente 356% dos casos notificados e de 447% dos casos confirmados de arboviroses. Um ponto que também preocupante é o fato de o diagrama de controle, com base na série histórica de casos prováveis de dengue, demonstrar que a taxa de detecção de casos prováveis da doença, neste ano, está atualmente acima do limite máximo esperado, segundo a Sesau.

Se forem considerados os casos prováveis (aqueles em que os descartados são subtraídos dos suspeitos), até 4 de setembro, a cidade notificou 6.779 de dengue, 12.412 de chicungunha e 130 de zika, totalizando 19.321 casos prováveis de arboviroses. Em comparação com o mesmo período do ano de 2020, houve um aumento de 509,6% de casos prováveis de dengue e 648,2% de chicungunha.

O último Levantamento de Índice Rápido para Aedes aegypti (LIRAa), realizado no período de 30 de agosto a 1º de setembro, apresentou resultado geral no Recife de 1,7% (risco médio para surto de arboviroses). Seis bairros (Santo Amaro, Tejipió, Torrões, Jordão, Nova Descoberta e Alto do Mandu) apresentaram risco muito alto de infestação pelo Aedes aegypti.

 

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