As taxas de sobrepeso e obesidade atingiram proporções epidêmicas em toda a Europa e ainda estão aumentando, com nenhum dos 53 Estados Membros da Região no caminho certo para deter o aumento da obesidade até 2025.
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A constatação vem do novo Relatório Regional Europeu de Obesidade da Organização Mundial de Saúde (OMS), publicado na terça-feira (3) e apresentado no Congresso Europeu de Obesidade. O documento revela que, na região europeia, 59% dos adultos e uma em cada três crianças (29% dos meninos e 27% das meninas) estão acima do peso ou vivendo com obesidade. A prevalência de obesidade em adultos, na Europa, é maior do que em qualquer outra região da OMS, exceto nas Américas.
O sobrepeso e a obesidade estão entre as principais causas de morte e incapacidade na Europa, e estimativas recentes sugerem que o problema causa mais de 1,2 milhão de mortes anualmente, correspondendo a mais de 13% da mortalidade total na região.
A obesidade aumenta o risco de muitas doenças não transmissíveis, como câncer, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e doenças respiratórias crônicas. Para se ter ideia, a obesidade é considerada causa de, pelo menos, 13 tipos diferentes de câncer e provavelmente será diretamente responsável por pelo menos 200 mil novos casos de câncer anualmente em toda a região.
"A obesidade não conhece fronteiras. Na Europa e na Ásia Central, nenhum país vai cumprir a meta global de doenças não transmissíveis da OMS de deter o aumento da obesidade", disse o diretor regional da OMS para a Europa, Hans Henri P. Kluge. "Os países da nossa região são incrivelmente diversos, mas todos são desafiados até certo ponto. Ao criar ambientes mais propícios, promovendo o investimento, a inovação em saúde e desenvolvendo sistemas de saúde fortes e resilientes, podemos mudar a trajetória da obesidade na região", acrescentou.
A obesidade é uma doença; não apenas um fator de risco
A obesidade é uma doença que apresenta risco à saúde. As causas são muito mais complexas do que a mera combinação de dieta não saudável e inatividade física. O relatório da OMS sobre a Europa apresenta as evidências mais recentes, destacando como a vulnerabilidade ao peso corporal não saudável no início da vida pode afetar a tendência de uma pessoa desenvolver obesidade.
Os fatores ambientais únicos da vida nas sociedades altamente digitalizadas da Europa moderna também são impulsionadores da obesidade. O relatório explora, por exemplo, como o marketing digital de produtos alimentares não saudáveis para crianças e a proliferação de jogos online sedentários contribuem para a maré crescente de sobrepeso e obesidade na região europeia.
No entanto, também analisa como as plataformas digitais também podem oferecer oportunidades para a promoção e discussão de saúde e bem-estar.
O que os países podem fazer para deter a obesidade?
A obesidade é complexa, com determinantes multifacetados e consequências para a saúde, o que significa que nenhuma intervenção isolada pode deter o aumento da epidemia crescente.
O relatório da OMS destaca algumas políticas específicas para reduzir níveis de obesidade e sobrepeso:
- implementação de intervenções fiscais (como a tributação de bebidas açucaradas ou subsídios para alimentos saudáveis);
- restrições à comercialização de alimentos não saudáveis para crianças;
- melhoria do acesso aos serviços de manejo da obesidade e sobrepeso na atenção primária à saúde, como parte da cobertura universal de saúde;
- esforços para melhorar a dieta e a atividade física ao longo da vida, incluindo cuidados na gravidez, promoção da amamentação, intervenções na escola e ações para criar ambientes que melhorem a acessibilidade a alimentos saudáveis e oportunidades para atividade física.