Por séculos a maneira de encontrar a sua “cara-metade” se limitava aos nossos círculos sociais. Vizinhos, igreja, festas de amigos e até a escola. Mas com a internet isso mudou rapidamente. Primeiro, por salas de bate papo. Depois, por redes sociais até que surgiram os aplicativos especializados em relacionamentos como Match, Tinder e Grindr.
Os apps de namoro são um fenômeno global, e muito rentáveis. Recentemente, o app Bumble abriu seu capital na bolsa de valores, sendo avaliado em mais de $ 7 bilhões.
Quando a fundadora e CEO da Bumble, Whitney Wolfe Herd, lançou o aplicativo de namoro em 2014, ela virou as normas tradicionais de namoro de cabeça para baixo ao criar um aplicativo lançado por mulheres, dirigido por mulheres e para mulheres. A ideia era simples, no Bumble as mulheres é que dão o primeiro passo e tomam a iniciativa.
Esse modelo levou o Bumble ao topo dos dowloads e da preferência feminina e tornou a plataforma um competidor à altura do Tinder, aplicativo líder no segmento.
Agora, o sucesso do Bumble inspira outros empreendedores a tentar reinventar essa indústria.
O Snack é um novo aplicativo de namoro que garantiu US $ 3,5 milhões em investimento essa semana. Mas diferentemente de seus concorrentes, ele foca toda sua experiência em vídeos para ajudar as pessoas a encontrarem um parceiro.
Sua fundadora, Kimberly Kaplan, de Vancouver, o descreve como “Tinder encontra TikTok para a Geração Z” - sem os “filtros e os primeiros encontros frustantes”.
De acordo com a empresa, o app combina os algoritmos de correspondência (match) de plataformas de namoro como o Tinder com a capacidade de transmitir e compartilhar sua vida em tempo real, como no Instagram ou TikTok.
Por que não funciona
Obviamente, há pessoas que se conheceram por meio de apps de relacionamento e são muito felizes. Mas os números apontam que essa é uma minoria. Outro ponto é diferenciar os que buscam apenas encontros casuais dos que buscam relacionamentos duradouros. Para o primeiro caso, a efetividade é maior, porque o comprometimento é bem menor.
De acordo com a Pew Research, 55% das mulheres acreditam que namorar é mais difícil hoje do que há 10 anos e apontam duas razões como as principais causas: 57% das mulheres relatam sofrer assédio em aplicativos de namoro e 19% dizem que até mesmo foram ameaçadas de violência física.
Mesmo quando a segurança não é uma preocupação, a pesquisa mostra que é mais difícil se apaixonar online. Um estudo liderado por Susan Sprecher, professora de sociologia da Universidade Estadual de Illinois, descobriu que homens e mulheres jovens que se conheceram cara a cara tinham 25% mais probabilidade de relatar sentimentos de proximidade do que aqueles que se conheceram online.
As taxas de separação também são mais altas. Aditi Paul, professora de comunicação da Pace University, em Nova York, analisou o conjunto de dados independente mais abrangente sobre namoro online e offline - a pesquisa "How Couples Meet and Stay Together" da Universidade de Stanford. Paul descobriu que os relacionamentos envolvendo pessoas que se conheceram na vida real duravam quatro vezes mais do que os de casais que se conheceram online.
Os dados estão no livro, recém-lançado nos Estados Unidos, Make Your Move: The New Science of Dating and Why Women Are in Charge, de Jon Birger.
Possivelmente, a razão para ainda darmos preferência aos encontros casuais sejam centenas de anos de evolução. O ser humano é um animal social e como tal, preza pelo contato e pelas relações. Se uma amiga te apresenta um amigo ou amiga e fala bem dessa pessoa, aumentam muito as chances de que o relacionamento decole.
Mas a indústria do relacionamento movimenta bilhões de dólares e certamente seguirá seus esforços para nos convencer que achar a alma gêmea online é mais fácil que na vida real.
Então, vale a máxima para qualquer um em busca de um novo relacionamento: controle suas expectativas, seja com relação à sua cara metade ou ao app de encontros que você está usando. E se você não se sente confortável nos apps de relacionamento, não se desespere, você não está só.