Às vésperas de um feriadão de hotéis e voos lotados, Pernambuco toma um choque de realidade em relação aos estragos da pandemia no turismo.
Entre março e setembro, o setor acumula perdas de R$ 6 bilhões, além de registrar o fechamento de 1,2 mil estabelecimentos com vínculos empregatícios.
Os dados são da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Nos seis primeiros meses da pandemia, ainda foram destruídos 108,9 mil empregos formais, aponta a entidade, com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
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Em todo o País, o número de empresas que oferecem serviços turísticos é 16,7% menor que antes da pandemia e os prejuízos atingem R$ 207,85 bilhões, com eliminação de 481,3 mil postos de trabalho formal. “Mesmo com as perdas ligeiramente menos intensas nos últimos meses, o setor explorou apenas 26% do seu potencial de geração de receitas durante o período”, analisa o economista da CNC responsável pela pesquisa, Fábio Bentes.
De acordo com o especialista, os números evidenciam que o setor tem sido o mais afetado pela queda do nível de atividade ao longo da pandemia, principalmente quando comparado ao volume de vendas do comércio varejista (-1,6%), da produção industrial (-5,6%) e do setor de serviços como um todo (-13%).
A crise desencadeada pela covid-19 afetou estabelecimentos de todos os portes, mas os que mais sofreram perdas foram os micro (-29,2 mil) e pequenos (-19,1 mil) negócios.
Pernambuco ficou em décimo lugar entre os Estados mais atingidos nesse aspecto. Até pelo porte dos mercados, os que registraram o maior número de empresas fechadas foram São Paulo (-15,2 mil), Minas Gerais (-5,4 mil), Rio de Janeiro (-4,5 mil) e Paraná (-3,8 mil).
Na avaliação do presidente da CNC, José Roberto Tadros, a tendência ainda é de agravamento do quadro nos próximos meses, sobretudo em função do caráter não essencial da atividade. “A aversão de consumidores e empresas à demanda, somada ao rígido protocolo que envolve a prestação de serviços desta natureza, tende a retardar a retomada do setor”, ressalta. Até o fim de 2020, a CNC estima um saldo negativo de 42,7 mil estabelecimentos no Brasil.
Os serviços de alimentação fora do domicílio, como bares e restaurantes, lideram as perdas (-39,5 mil), seguidos pelos de hospedagem em hotéis, pousadas e similares (-5,4 mil) e de transporte rodoviário (-1,7 mil).
Em Porto de Galinhas, principal destino de Pernambuco, apesar do aumento crescente do fluxo de turistas nos fins de semana e feriados, a diretora da Associação de Hotéis e Pousadas, Brenda Silveira, diz que o destino ainda está distante da recuperação a patamares pré-pandemia. "Não dá para sobreviver da demanda pontual. Precisamos de visitantes que fiquem durante toda a semana. A conectividade aérea já está existindo. É essencial agora também a divulgação para atrair o turista de outros Estados", argumenta.
Enquanto a atividade não volta à "normalidade", o mercado de trabalho encolhe. Segundo a CNC, já há uma retração de 13,8% no contingente de pessoas ocupadas no turismo no Brasil, contra uma média de todos os setores da economia de -2,6%. Os segmentos de agências de viagens (-26,1% ou -18,5 mil) e de hotéis, pousadas e similares (-23,4% ou -79,9 mil) registraram os cortes mais intensos. "O Turismo foi um dos primeiros ramos a sentir os efeitos da recessão e será um dos últimos a se recuperar”, sentencia o Diretor da CNC responsável pelo Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur) da entidade, Alexandre Sampaio.