Atualizada às 22h45
Com agências
O governo Jair Bolsonaro confirmou que o presidente da Embratur, Gilson Machado Neto, assumirá o Ministério do Turismo, pelo menos até fevereiro, quando o Executivo pretende realizar uma ampla reforma ministerial.
Machado estava em um evento do setor quando foi convocado para falar com o presidente na tarde desta quarta-feira (9). Ele chegou ao Palácio do Planalto pouco antes das 15h e deixou o gabinete presidencial cerca de 45 minutos depois, sem dar declarações.
Mais tarde, na entrada da residência oficial do Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) confirmou a apoiadores o nome de Gilson Machado Neto à frente da pasta. "Tá sabendo do Gilson ou não? Já tá sabendo do Gilson? É ministro. O Gilson é um cara muito competente nessa área. O outro estava fazendo um bom trabalho também, não é? Mas deu problema aí."
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Leal amigo do presidente, Gilson Machado Neto é pernambucano, veterinário de formação e sempre reforça em seus discursos públicos o orgulho de ser "sanfoneiro". O novo ministro já foi integrante de uma banda de forró nos anos 2000. Machado Neto também é dono de uma pousada em área de proteção ambiental no Litoral Norte de Alagoas, já tendo sido multado em R$ 3.500 por instalar barracas em área proibida e descumprir regras de turismo sustentável. Quando o caso veio à tona, no ano passado, no momento que ele assumia a Secretaria de Ecoturismo do Ministério do Meio Ambiente (MMA), o analista ambiental que o multou foi exonerado da chefia da área de proteção ambiental da Costa dos Corais.
Gilson Machado Neto é conhecido, ainda, por acompanhar o presidente Bolsonaro em viagens pelo Brasil e por ser figura constante nas “lives” presidenciais, em que costuma tocar sanfona.
Ele substituirá Marcelo Álvaro Antonio, demitido do cargo no início da tarde. Nos bastidores do turismo, sempre se comentou o desejo de Gilson Neto de assumir o cargo do colega, burburinho que tratava de desmentir.
À frente da Embratur, Gilson Machado Neto capitaliza como um dos seus grandes feitos a liberação de vistos para visitantes estrangeiros, como norte-americanos, canadenses, australianos e japoneses. Também é defensor do funcionamento de cassinos no Brasil e do retorno de navios de cruzeiro a Fernando de Noronha, além da instalação de naufrágios artificiais para a prática de mergulho na costa brasileira.
No início deste mês de novembro, durante o Visit.Pernambuco Travel Show, em Porto de Galinhas, disse que o governo não tem um plano B para a segunda onda da covid-19 e que "torce e reza" para o fim da pandemia e chegada da vacina.
Machado Neto é aliado de Bolsonaro desde a campanha presidencial e participou da equipe de transição. Antes de ser nomeado presidente da agência de fomento ao turismo, atuava como secretário nacional de Ecoturismo e Cidadania Ambiental, do Ministério do Meio Ambiente, onde também exerceu o cargo de secretário de Florestas.
Ao dar posse a Gilson na Embratur, no ano passado, Bolsonaro disse que a escolha era ousada. “Estamos ousando com o Gilson. Uma pessoa de palavra fácil, fala a linguagem do povo. Não é apenas sanfoneiro, o seu currículo, a sua vivência e sua vontade de trabalhar superam qualquer dificuldade que porventura ele possua”, declarou o presidente à época.
No fim de junho, Machado Neto ganhou notoriedade depois de tocar “Ave Maria” na sanfona durante uma transmissão ao vivo do presidente. A música foi uma homenagem às vítimas da covid-19. Naquele dia, 25 de junho, o País registrava mais de 55 mil mortes pelo novo coronavírus. Ele chegou a dar aulas do instrumento ao presidente.
Gilson também participou da criação do Aliança pelo Brasil, partido que o presidente e seus filhos tentam criar. Na noite de terça-feira (8), ele esteve no lançamento do Instituto Conservador-Liberal do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente.