O número de pessoas obesas tem aumentado expressivamente no Brasil. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (IBGE), em 2019, 61,7% da população adulta brasileira estava com excesso de peso. Esse índice era de 43,3% entre os anos de 2002 e 2003. Embora esta coluna incentive práticas saudáveis de alimentação e atividades físicas, que ajudam no controle do peso, é preciso ressaltar que os obesos sofrem preconceito e combater esse comportamento é necessário.
Com isso, as Leis 18.831 e 18.832 que versam sobre a criação do Dia Municipal de Luta contra a Gordofobia e a adoção de medidas para assegurar a inclusão e a proteção da pessoa gorda nos estabelecimentos de ensino localizados no município do Recife podem ser consideradas um vitória na luta com o preconceito contra gordos.
A aprovação das leis foi publicada nesta quinta-feira (16) no Diário Oficial do Município e tornou o Recife a primeira capital brasileira a contar com leis antigordofobia. As legislações, sancionadas pelo prefeito João Campos no dia 13 de setembro, são de autoria da vereadora Cida Pedrosa e visam promover a conscientização e combate ao preconceito, além de proporcionar a inclusão de pessoas acima do peso.
Entenda as novas leis
A Lei 18.831/2021 institui que data 10 de setembro, já conhecida informalmente como o Dia do Gordo, será agora o Dia Municipal de Luta contra a Gordofobia. Com isso, passará a integrar o Calendário Oficial de Eventos do Município. A ideia é que ai instituir a data para o combate a gordofobia, haja um momento específico no calendário para levantar debates acerca dessa discriminação que atinge parte significativa da população.
Já a Lei 18.832/2021 assegura às pessoas gordas carteiras escolares adequadas aos seus biotipos corporais nas instituições de ensino básico e superior do Recife, seja de instituições públicas ou privadas, além garantir o ensino livre de discriminação ou práticas gordofóbicas. A mesma medida já foi implantada, no Brasil, em ônibus e cinemas, por exemplo.
O que é gordofobia?
Gordofobia é uma forma de preconceito que está presente no dia a dia de 92% dos brasileiros, segundo pesquisa realizada pela Skol Diálogos em 2017. Esse tipo de discriminação ainda é reforçada pela sociedade por meio de peças publicitárias, piadas preconceituosas e por padrões de beleza rígidos impostos sobre os corpos.
O efeito da gordofobia é bastante expressivo e negativo, inclusive sobre crianças e adolescentes. estima-se que, no Brasil, um em cada cinco adolescentes com idades entre 15 e 17 anos esteja com excesso de peso.
Estudo revelam que crianças e adolescentes com sobrepeso ou obesidade vítimas de bullying são significativamente mais propensos a sofrer com ansiedade, baixa autoestima, estresse, isolamento, compulsão alimentar e depressão se comparado com adolescentes magros. Entre adultos o preconceito também prejudica a saúde mental e afeta relacionamentos, oportunidades de trabalho ou o simples ato de usufruir da cidade.
Além dos impactos sobre a saúde mental, a gordofobia enquanto um preconceito difundido na sociedade afeta também o planejamento urbano e o acesso da pessoa gorda à cidade. Os padrões utilizados na construção de banheiros, transportes coletivos e até mesmo na mobília dos espaços públicos e privados são reflexo da discriminação e exclusão de pessoas gordas.
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