100 ANOS DA SEMANA DE 22

Fundaj celebra centenário da Semana de Arte Moderna com exposição, debate e concerto

Mostra sobre Vicente do Rego Monteiro será realizada em junho; debate sobre o pintor e concerto inspirado em Villa-Lobos antecipam a exposição

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Emannuel Bento

Publicado em 15/02/2022 às 18:07 | Atualizado em 15/02/2022 às 21:14
INAUGURAL Mani Oca ou O Nascimento de Mani, de Vicente do Rego Monteiro, foi um dos trabalhos expostos há cem anos, na Semana de 22 - REPRODUÇÃO

A Fundação Joaquim Nabuco, através da Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca), anunciou nesta terça-feira (15) algumas ações para celebrar o centenário da Semana de Arte Moderna em Pernambuco. A principal delas é a exposição "Um Pernambucano na Semana de 22: Vicente do Rego Monteiro", realizada com curadoria de Rodrigo Cantarelli na sala que leva o nome do pintor no campus da instituição no Derby, no Recife.

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A mostra trará um pouco da trajetória de Rego Monteiro, que participou da Semana de 22, e será inaugurada apenas em junho, mas os detalhes sobre o projeto serão explanados ao público em um debate realizado nesta quinta-feira (17), às 17h, no canal do YouTube da Fundação, instituição vinculada ao Ministério da Educação. A conversa desta quinta-feira será entre o curador Rodrigo Cantarelli e Moacir dos Anjos, que são pesquisadores da Fundaj.

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Na sexta-feira (18), o Cinema da Fundação/Museu, no auditório Benício Dias, receberá, às 15h, o concerto do grupo pernambucano Quarteto Encore. O grupo apresentará um repertório voltado à obra de Heitor Villa-Lobos, principal nome da música abraçada pela Semana de 22.

Um pernambucano pioneiro

Natureza-morta (1960), de Vicente do Rêgo Monteiro, acrílico sobre tela colada em madeira - NE10
As religiosas (1969), de Vicente do Rêgo Monteiro, óleo sobre aglomerado - NE10
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Além de tópicos sobre a exposição, a discussão desta quinta-feira fará reflexões sobre o legado de Rego Monteiro, que mesmo sem estar presente no Theatro Municipal de São Paulo em 1922, teve oito obras suas exibidas no evento e se consolidou como um dos maiores pintores modernistas da história brasileira.

"Embora, em 22, ele estivesse em Paris e não tenha estado presencialmente na Semana, tendo participado com algumas obras, Vicente já vinha desenvolvendo uma linguagem moderna nas artes buscando representar o Brasil que se consolida naquele momento", destaca Cantarelli.

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Moacir dos Anjos ressalta que é importante discutir a obra de Vicente do Rego Monteiro a partir da originalidade de sua pesquisa artística, que efetivamente buscava articular elementos de uma cultura moderna européia e hegemônica e elementos somente do Brasil. De início, isso ocorreu através de uma linha indigenista.

"Dessa maneira, é possível pensar na obra de Vicente como a elaboração de um modernismo com sotaque brasileiro, com acento em modos de fazer não encontráveis em outros cantos, ainda que alicerçada no seu conhecimento da arte moderna europeia", diz Moacir.

A música modernista

MÚSICA Heitor Villa-Lobos participou da Semana de Arte Moderna de 22 - Foto: Reprodução

Na sexta-feira (18), no campus do Cinema do Museu, o Quarteto Encoreserão vai apresentar músicas como "Movimentos de Quarteto Nº 1", "Trenzinho do Caipira" e "Melodia Sentimental", de Villa-Lobos; ao lado de "Movimentos da Pequena Suíte Brasileira", de Dierson Torres; e "Movimentos A-Temporais", de Ivanubis Hollanda.

"Homenageamos Villa-Lobos que, dos nacionalistas, é a nossa principal referência, assim como também é para outros compositores, que traremos no concerto. Ao fazer essa homenagem, demonstramos na prática como Villa-Lobos foi uma fonte de inspiração para tantos nomes a partir de seu legado, em especial em Pernambuco e no Nordeste”, explica Carlos Santos, diretor musical do Quarteto Encore.

Desde a formação, em 2009, o grupo musical realiza aula-concerto com a finalidade de mostrar às novas gerações a história por meio da música. Esta apresentação no Cinema da Fundação/Museu será para 100 pessoas, sendo 50 professores e alunos da rede pública convidados. Os outros 50 convites são para o público em geral e podem ser retirados na bilheteria até 20 minutos antes da aula-concerto.

"A gente celebra a Semana de 22 levando em consideração tanto o evento em si, no qual tivemos um pernambucano que hoje dá nome a um espaço da Fundação, que é Vicente do Rego Monteiro, mas também pensando na Semana como uma metáfora, que sintetiza todo um processo histórico que permite a modernização do país e também que o Brasil possa se descobrir", finaliza Antônio Campos, presidente da Fundaj.

Legado da modernista Tereza

No Recife, a celebração do modernismo está ocorrendo com a exposição "Viva Tereza, Tereza Viva", montada no Museu do Estado com curadoria de Bruno Albertim e Marcus Lontra. A mostra é realizada pela Cepe, Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE/ Fundarpe) e Mepe. A ideia é que o projeto se torne itinerante. Ainda foi lançado o livro "A Liberdade em Vermelho" (Cepe Editora), organizado pela neta Joana Rozowykwiat com o artista plástico Raul Córdula.

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