Pode ir preparando o bolso. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que vai divulgar nesta terça-feira (29) o novo valor da Bandeira vermelha, uma taxa extra cobrada na conta de luz. A expectativa é que o preço tenha um aumento de mais de 60%. Atualmente, o usuário está pagando R$ 6,24 pela bandeira vermelha no patamar 2 por cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. O novo valor pode ficar em R$ 10.
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A cobrança extra é realizada para bancar os custos das termelétricas que estão produzindo mais energia devido à seca que atingiu os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste, responsáveis por armazenarem 70% da água que pode ser usada para gerar energia no Brasil.
Inicialmente, os técnicos do governo acharam que só a cobrança no patamar 2 seria suficiente, mas a situação dos reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste está muito crítica. É a pior seca naquela região dos últimos 90 anos.
Por isso, mais térmicas estão funcionando para não faltar energia. Só que as térmicas usam combustíveis fósseis e, por isso, a energia delas é mais cara. As hidrelétricas usam água para produzirem energia.
Segundo os consultores do setor elétrico, os custos gerados com a produção de mais energia das térmicas só seria coberto, caso fosse cobrada uma taxa extra de R$ 12 para cada 100 kWh consumidos. A bandeira vermelha no patamar mais alto deve ser cobrada até novembro, quando começa o período chuvoso que abastece os reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste.
Caso a cobrança extra não cubra os custos das térmicas, o reajuste do preço da tarifa de energia, que ocorre anualmente, poderá ser maior em 2022 para pagar esse custo extra. Quando a energia aumenta há um crescimento generalizado dos preços, a inflação, que corrói o poder aquisitivo da população, principalmente a dos mais pobres.
As bandeiras foram colocadas na conta de luz para repassar o aumento dos custos da geração de energia de imediato aos geradores e distribuidores. Quando a geração de energia está dentro do previsto, é colocada a bandeira verde, que não gera qualquer cobrança.
Nas estiagens da década passada, em alguns anos, o reajuste da conta de energia foi maior para bancar a operação das térmicas. Para os consultores do setor, não é só a falta de chuvas que provoca esta situação, mas principalmente a falta de planejamento no médio e longo prazo do setor elétrico que deveria ter sido feita por várias gestões que passaram pelo governo federal.