Além de lotar e encantar o Arruda e a Ilha do Retiro, Pelé também contribuiu diretamente para a ampliação e modernização dos dois estádios. Por essa ajuda, inclusive, ganhou o título de sócio benemérito do tricolor e o de patrimonial 001 do rubro-negro. Documentos que, embora nunca tenham sido utilizados efetivamente pelo jogador, provam a estreita relação dele com as praças esportivas pernambucanas que se encheram várias vezes para aplaudi-lo de pé.
No dia 13 de janeiro de 1963, momentos antes do embate entre Sport e Santos que terminaria em 1x1, pela Taça Brasil, pioneira do Campeonato Brasileiro, Pelé recebeu o primeiro título patrimonial leonino das mãos do então presidente do Sport, Severino Pereira de Albuquerque. A cena foi presenciada por mais de 28 mil pessoas que abarrotaram na Ilha do Retiro. O momento eternizado na foto (acima) na verdade foi uma grande jogada de marketing, ainda que naquela época nem se falasse direito nisso. A ideia era arrecadar recursos para a construção da sede social e do parque aquático por meio da venda de títulos patrimoniais pela bagatela de três mil cruzeiros.
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"O título patrimonial nada mais era do que um fundo, destinado apenas para as obras estruturais na Ilha do Retiro. Apesar de nunca ter pago nem a taxa de manutenção, é óbvio, teoricamente, Pelé é sócio do Sport. Como tal, tem direito a votar e ser votado", explicou, nas vésperas do aniversário de 70 anos do Rei, Guilherme Albuquerque, ex-presidente do Conselho Deliberativo rubro-negro e filho do presidente Severino Albuquerque, que entregou o documento a Sua Majestade, em 1963.
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O atual presidente do Sport, Milton Bivar, também destacou a ajuda de Pelé para a construção da sede rubro-negra. "Pertence a ele esse título patrimonial 001 e com a sua ajuda é que hoje temos esta sede. Ou seja, uma coisa podemos dizer: Pelé em Pernambuco é rubro-negro!", brincou, dando risadas Milton.
Já o vínculo com o Santa Cruz se deu em agosto de 1971. Pelé desembarcou no Recife não enquanto jogador, mas sim como representante do Grupo Financeiro Campina Grande, que emprestou mais de quatro milhões e meio ao tricolor para a conclusão das obras do Arruda. Na época, ele assinou o financiamento ao lado do então governador de Pernambuco, Eraldo Gueiros, com o aval do antigo Bandepe. "Há muito o Recife merecia um grande estádio", disse na ocasião Pelé. Dois anos depois da canetada, em 1973, ele recebeu o título de sócio benemérito do Santa Cruz.