Celebração religiosa transmitida pela internet presta homenagem a Miguel 30 dias após sua morte

Nesta quinta-feira (2), dia em que a morte do menino completa um mês, uma celebração religiosa, que não terá público, será transmitida através das redes sociais
JC
Publicado em 02/07/2020 às 0:02
O menino faleceu no último dia 2 de junho, após cair de uma altura de aproximadamente 35 metros Foto: YACY RIBEIRO/JC IMAGEM


Para a família de Miguel Otávio Santana da Silva, 5 anos, o último mês foi de dor e angústia à espera de respostas. Mas o fechamento do inquérito que investigou a morte da criança e o indiciamento de Sarí Corte Real pelo crime de abandono de incapaz com resultado de morte não calarão os gritos por justiça. A família espera agora ver Sarí no banco dos réus e quer explicações sobre atitudes e falas da primeira-dama do município de Tamandaré. Nesta quinta-feira (2), dia em que a morte do menino completa um mês, uma celebração religiosa, que não terá público, será transmitida às 19h, através das redes sociais.

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“Estou com o meu coração 5% aliviado. Os outros 95% vão ser quando ela realmente estiver atrás das grades, pagando pelo erro que cometeu com o meu filho. Aí sim é que vai estar 100% aliviado”, desabafou Mirtes Souza, mãe de Miguel. “Na segunda-feira, depois do depoimento, ela (Sarí) aceitou falar comigo. Só fez confirmar o que eu já imaginava. Pessoa horrível, fria calculista, cínica. Mostrou o desprezo que ela teve pelo meu filho. Eu só quero que seja feita a justiça e ela vá para trás das grades”, afirmou Mirtes.

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Em uma carta divulgada através do advogado Rodrigo Almendra, a mãe de Miguel afirmou que se aproxima o dia em que a mulher sentará no banco dos acusados, onde deverá dar explicações. “O magistrado julgará aquela que, diante do corpo caído de Miguel e de sua mãe desesperada, disse em exclamação: ‘que menino tinhoso’; é ela, a patroa adornada em joias, iniciada nas artes dos palacetes e de família de políticos rica e influente no Litoral Sul, que explicará ao promotor o que quis dizer com ‘coloquei ele para passear’”, diz um trecho da carta.

Em outro, a mãe de Miguel, que trabalhava como empregada doméstica da família há cerca de quatro anos e havia descido para passear com o cachorro da patroa no momento da queda, argumenta que a morte da criança se deu em decorrência da escolha de Sarí. “A diferença entre o acidente e o desamparo é a escolha. Optou-se em desproteger. Miguel foi largado no elevador sem ninguém à sua espera. Pareceres jurídicos caros não apagam o passado, não limpam consciência e não desfazem os fatos.”

Em nota, os advogados de Sarí argumentam que há conflito entre elementos do inquérito e o relatório da polícia. “A conclusão da autoridade policial passará, ainda, pelo crivo do Ministério Público, que pode acatar esse posicionamento, entender por enquadramento diverso, requerer o arquivamento do inquérito ou, ainda, caso persistam dúvidas, solicitar a realização de novas diligências.” A nota diz que não é o momento de defesa, mas sim de acompanhamento, “devendo-se aguardar, com prudência e serenidade, o posicionamento do Ministério Público.”

Uma celebração em memória de Miguel será transmitida ao vivo na noite desta quinta-feira (2) pelo Instagram, a partir das 19h, nas páginas Luto Por Miguel (@lutopormiguelofficial) e do grupo Coiotes Corredores (@coiotescorredores).

Caso Miguel

O resultado do inquérito foi apresentado, na tarde desta quarta-feira (1), em entrevista coletiva online, comandada pelo delegado Ramon Teixeira, responsável pelas investigações. Sarí Corte Real foi indiciada por abandono de incapaz com resultado de morte. A pena prevista para o crime é de 4 a 12 anos de reclusão

Miguel caiu do 9º andar do Edifício Píer Maurício de Nassau, conhecido como Torres Gêmeas e localizado no bairro de São José, Centro do Recife, no dia 2 de junho. Ele foi deixado sozinho no elevador por Sarí, então patroa da mãe do garoto, Mirtes Souza, que tinha descido para passear com o cachorro da empregadora. 

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A perícia realizada pelo Instituto de Criminalística (IC) no edifício constatou que Sarí apertou o botão da cobertura, antes de deixar a criança sozinha no elevador. Ao sair do equipamento, o menino passa por uma porta corta-fogo, que dá acesso a um corredor. No local, ele escala uma janela de 1,20 m de altura e chega a uma área onde ficam os condensadores de ar. É desse local que Miguel cai, de uma altura de 35 metros.

Ao reconstituir toda a dinâmica que antecedeu a queda da criança, a perícia conclui que a morte foi "acidental, e não provocada". O termo "provocada" é para deixar claro que Miguel não se suicidou nem foi empurrado por ninguém.

Segundo delegado Ramon Teixeira, depois de deixar a criança sozinha no elevador, Sarí voltou para fazer as unhas com a manicure que estava em sua casa. No dia seguinte à queda, o delegado chegou a autuar em flagrante a então patroa da mãe do garoto por homicídio culposo.

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