Atualizada às 17h23
A praia de Porto de Galinhas, no Litoral Sul de Pernambuco, voltou a sofrer com o vazamento de esgoto durante o final de semana. O novo caso acontece depois de fortes chuvas no Grande Recife. Um vídeo que está circulando pelas redes sociais mostra o momento que o vazamento acontece. Essa é a segunda vez em menos de 15 dias que o líquido é lançado no local.
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O vazamento costuma acontecer no mesmo ponto da praia, localizado na entrada da cidade, na altura do antigo posto de saúde do município, próximo as piscinas naturais que atraem os turistas para o local. De acordo com barraqueiros que trabalham na área, a cena é comum em dias de chuva. "Sempre que chove forte isso acontece, no outro dia fica o rastro na praia e o mau cheiro", afirmou um dos trabalhadores que preferiu não se identificar.
Um vídeo do vazamento foi postado no Instagram Salve Maracaípe, que costuma realizar denúncias de crimes ambientais no Estado. Na legenda, os responsáveis pelo perfil destacam que "é inadmissível que um dos municípios mais ricos do Brasil e que atrai um dos maiores números de turistas do País fique despejando esgoto no seu principal cartão postal: as piscinas naturais! Um esgoto carregado de poluentes, sujeira da rua e lixo plástico. A falta de saneamento básico em Porto de Galinhas é vergonhosa e criminosa. Um município rico onde as questões ambientais são simplesmente ignoradas e a justiça nada faz".
A situação foi denunciada à Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), que se comprometeu a enviar uma equipe de fiscalização ao local nesta segunda-feira (1º). Mas, até a publicação dessa matéria, não foi possível confirmar se a equipe compareceu ao local. No dia 19 de fevereiro, a gestão municipal foi multada em R$ 20 mil por conta do vazamento. A punição foi aplicada pela Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), após uma fiscalização no sistema de esgotamento sanitário do município realizada no mês passado.
No dia 24 de janeiro, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) recomendou a prefeitura realize um levantamento, no prazo de seis meses, sobre a situação de destinação do esgoto sanitário de todas as unidades prediais da região. De acordo com a recomendação, o lançamento desses efluentes domésticos, sem prévio tratamento, caracteriza poluição ambiental e é uma das principais causas de poluição de nossos mananciais hídricos.
O MPPE também recomendou que, nos locais não servidos por rede coletora de esgotos, exijam a construção de fossas sépticas, filtros e sumidouros e/ou disposição de efluente tratado no sistema de drenagem de águas pluviais (mediante prévia análise do órgão ambiental competente), todos em conformidade com a legislação pertinente e normas técnicas aplicáveis.
Por meio de nota, a Prefeitura do Ipojuca informou que a gestão municipal está buscando alternativas para a questão junto ao Governo Federal. "Nesta última semana, [a prefeita Célia Sales] esteve em Brasília e tratou diretamente com os ministros do Turismo e do Meio Ambiente, Gilson Machado e Ricardo Salles, respectivamente. Além do presidente da Embratur, Carlos Brito. Na ocasião, o projeto municipal foi apresentado e um grupo de trabalho com técnicos do Governo Federal e da Prefeitura do Ipojuca foi criado".
Ainda de acordo com a gestão municipal, apesar da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) "ter sido, em 2017, contemplada, pelo Ministério das Cidades para realizar a obra de esgotamento sanitário de Porto de Galinhas, mas a previsão da mesma, dita à imprensa, é iniciar apenas em 2022. Enquanto isto algumas medidas estão sendo tomadas pela Prefeitura do Ipojuca para minimizar os transtornos em Porto de Galinhas. Reforçamos que, por se tratar do maior destino turístico de Pernambuco, todos os entes devem se unir para resolver a situação".
Por meio de nota, a Compesa informou que não opera o sistema de esgotamento sanitário em Porto de Galinhas. De acordo com a companhia, a obra de implantação foi iniciada pela prefeitura municipal mas ainda não foi concluída. "No intuito de colaborar na solução da questão, que beneficiará a população e turistas, a Compesa se comprometeu em assumir a recuperação das unidades de esgoto já iniciadas. Os investimentos são da ordem de R$ 40 milhões, e estão previstos no Programa Cidade Saneada, a Parceria Público Privada do Saneamento da Região Metropolitana do Recife. A expectativa é que as ações sejam iniciadas em 2022, com previsão de conclusão em 2023, prazos estes pactuados com o município. Até a conclusão das obras, a operação é de responsabilidade da Prefeitura de Ipojuca", completou.
Confira imagens do novo vazamento:
Problema persistente
Essa é a segunda vez em menos de 15 dias que o problema se repete no local. No último dia 15 de fevereiro, um vídeo registrado por uma turista que estava passava pela praia mostrou o momento em que o líquido escorre pela orla.
Nas filmagens, é possível observar que o esgoto vai direto para o mar. A turista Vitória Barros relatou a situação. "Vi essa cena indignada, essa praia é conhecida internacionalmente e é um tesouro da gente. A praia não estava muito cheia, mas tinha bastante gente. Eu vim para passar o feriado de Carnaval com a minha família e todos os dias estamos indo nessa parte da praia, mas depois do que vi não tive coragem de entrar no mar".
Vitória afirma que a força com que o esgoto foi derramado assustou quem passou pelo local. "Os barraqueiros já tinham colocado as cadeiras quando começou a vazar. A força era tanta que se tivesse alguém na frente seria arrastado para o mar. Quando eu saí de lá, ainda estava vazando", contou.
No dia seguinte, os barraqueiros que trabalham na região seguiam tentando contornar os estragos causados pelo vazamento. Para tentar abafar o mau cheiro, eles cobriram com areia o caminho pelo qual o líquido passou.