Apesar das restrições de circulação de pessoas nas praias de Pernambuco devido à pandemia da covid-19, em Porto de Galinhas, Litoral Sul, neste sábado (6), a reportagem do JC identificou uma grande quantidade de pessoas na faixa de areia sem estarem praticando nenhuma atividade física. Também havia banhistas no mar e até pessoas pescando.
Em Pernambuco, está proibido o funcionamento de atividades não-essenciais durante todo o final de semana e nos dias úteis das 20h às 5h, desde a quarta (3) até o dia 17 de março. Nas praias, as pessoas não podem transitar nas faixas de areia, exceto para a prática de atividade física individual. Os frequentadores devem utilizar máscara de proteção. O uso de som na faixa de areia está proibido, independentemente do horário.
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Devido às restrições, uma equipe da Secretaria de Defesa Social de Ipojuca fazia a fiscalização na praia, juntamente com o efetivo da Guarda Municipal. "Estamos voltados para a fiscalização de nossas praias, conscientizando as pessoas e orientando como é bom usar esse espaço consciente, usar a praia para fazer uma caminhada ou atividades esportivas individuais, permanecer pouco tempo na praia, dentro d'água e fazendo o uso consciente ao decreto do Governo do Estado", explicou o diretor administrativo financeiro da secretaria, Aragão Pereira Filho.
Durante a ação, um casal de turistas de São Paulo foi abordado e teve que sair da praia. "Eu acho vergonhoso, porque você vem aqui para consumir em uma cidade que vive 100% de turismo e eu não posso ficar na praia com a minha esposa, tomar uma cerveja, dar um mergulho no mar, vergonhoso", disse Maurício Almeida, representante comercial. Apesar da queixa, o turista afirmou que os fiscais foram educados na abordagem.
"Sempre que nós abordarmos alguém sem máscara nós vamos pedir com educação, tratando bem, que é nossa obrigação tratar bem o ser humano, o visitante, pessoas que visitam a praia de Porto de Galinhas. Mas que eles usem a máscara, só isso, para que nós possamos conter e fazer algo em prol dessa pandemia que nos assola o nosso Brasil, o nosso estado", disse o representante da prefeitura.
A fiscalização contou com o apoio de quadriciclos e jet-skis. A reportagem verificou que frequentadores respeitavam as recomendações das autoridades de maneira pacífica, mas devido à grande rotatividade de pessoas, pouco tempo depois, assim que a abordagem terminava, os locais voltavam a ter gente novamente, algumas vezes, as mesmas que foram chamadas à atenção.
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Barreira sanitária
Na manhã deste sábado (6), a Prefeitura de Ipojuca instalou uma barreira sanitária em Nossa Senhora do Ó, na altura do restaurante Rei das Coxinhas, para orientar as pessoas que se dirigiam para a praia de Porto de Galinhas.
A enfermeira Rosângela Alves de Barros, uma das pessoas que passou pela barreira sanitária, considerou as medidas de restrição corretas. "Eu acredito que isso vai impedir a proliferação. Eu acho que as pessoas estão sendo bem orientadas quanto a esse cuidado", resumiu.
Rosângela, que é de Brasília, chegou em Pernambuco na quinta-feira (4) e vai permanecer até a segunda (8), mas no final de semana não poderá frequentar a praia. "É frustrante. A gente conseguiu aproveitar ontem a praia porque foi permitido, mas hoje e amanhã a gente não vai poder usufruir, então a gente fica meio frustrado, porque a gente planejou essa viagem há algum tempo, imaginando que já com a chegada da vacina que não ia ocorrer esse fechamento do comércio inteiro. Mas a gente está se adaptando para não perder o passeio", afirmou.
Os estabelecimentos comerciais, incluindo bares, restaurantes e quiosques, só podem funcionar nos finais de semana pelo sistema de delivery. O gerente da Bodega do Selva, Fábio Nascimento, foi orientado pela fiscalização para manter apenas um acesso para que os clientes possam receber os produtos, já que não está permitido o consumo no local.
"É necessário, infelizmente a pandemia está tomando conta da situação e existia a necessidade de restrições para evitar a proliferação do vírus e a gente trabalhar de uma forma um pouco mais restrita só com delivery para também tentar manter o nosso ganho também, que é necessário. Além do vírus a gente também precisa sobreviver, comer, se alimentar", disse.
A fiscalização solicitou ao proprietário do restaurante Pescaria, Ricardo Lacerda, que fica à beira-mar, que retirasse uma placa estamos funcionando. "A medida atrapalha um pouco, mas está correta. Para quem trabalha na praia, o final de semana representa 50% do faturamento, mas a gente entende que a situação é difícil. Só acho que deveria haver mais informação", declarou.
O presidente da Associação dos Jangadeiros de Porto de Galinhas, Sávio Acioly, reconhece a dificuldade econômica com as restrições, mas apoia a decisão. "A gente recebe muitas pessoas de fora e também ficamos expostos. O final de semana representa quase um mês do inverno em termos de faturamento. É um prejuízo considerável, mas é necessário", comenta.
Situação de Pernambuco
Após confirmar 1.588 novos casos de covid-19 nessa sexta-feira (5), Pernambuco soma 8.916 novas infecções causadas pelo novo coronavírus em apenas uma semana. Os dados divulgados pela Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) apontam que 477 desses casos foram considerados graves, o que representa 5% do total. A forma mais grave da doença costuma evoluir para uma Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), e esses casos demandam por internação hospitalar na maioria das vezes.
Dos casos registrados na sexta, 123, ou 8% do total, são de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), enquanto os outros 1.465, 92% do total, foram considerados leves. Até essa sexta, o Estado já registrou 306.320 casos da doença, sendo 32.845 graves e 273.475 leves. Levando em consideração os registros dos últimos sete dias, a média de confirmação diária de casos no Estado está em 1.274. O número representa uma queda de 10% na média móvel, indicador utilizado para medir o avanço da pandemia.
A SES-PE também registrou 29 novas mortes. Os óbitos ocorreram entre os dias 9 de julho de 2020 e 04 de março. Com relação à média móvel, a queda no número de mortes foi de 11% nesta sexta, o que indica estabilidade nos registros. Levando em consideração as confirmações dos últimos sete dias, Pernambuco está registrando 25 novas mortes por dia. Até esta sexta, o Estado já perdeu 11.119 vidas para a doença.