CRIME

"Personalidade colérica, agressiva, transtornada e perigosa", define perita sobre suspeito de matar Patrícia Roberta

A frase foi dita durante coletiva de imprensa na manhã desta quarta-feira (28) que detalhou o caso. A polícia ainda afirmou ter recebido denúncias de abuso de outras mulheres contra Jonathan, e que realizou a prisão de um amigo dele

Cadastrado por

Katarina Moraes

Publicado em 28/04/2021 às 12:12 | Atualizado em 28/04/2021 às 19:11
Patrícia Roberta foi encontrada morta em João Pessoa no final do mês de abril - REPRODUÇÃO/REDES SOCIAIS

A perita criminal da Polícia Civil, Amanda Melo, lotada na investigação do crime que vitimou a pernambucana Patrícia Roberta, de 22 anos, afirmou que depoimentos apontam que o suspeito Jonathan Henrique Conceição dos Santos, 23, teria uma "personalidade colérica, agressiva, transtornada e perigosa". Eles teriam passado o último final de semana juntos na casa dele em João Pessoa, na Paraíba, dias antes do corpo da jovem ser encontrado.

A frase foi dita durante coletiva de imprensa na manhã desta quarta-feira (28), que detalhou o caso. Na reunião, a polícia ainda afirmou ter recebido denúncias de outras mulheres contra Jonathan. A corporação não deixou claro quantas, nem qual tipo de crime ele teria cometido contra possíveis outras vítimas, mas que uma delas o descreveu com temperamento "explosivo". 

O tatuador, que era amigo de infância de Patrícia, foi preso na noite dessa terça-feira (27) em João Pessoa, na Paraíba. O homem foi encontrado por profissionais da Força Tática do 5ª Batalhão da Polícia Militar em uma casa no bairro Mangabeira III. Antes, a PM chegou a um amigo dele, que teria "informações importantes" a respeito do crime, que também foi preso por suspeita de tê-lo acobertado.

A polícia trabalha com a hipótese de asfixia. Segundo Amanda, Patrícia não foi atingida por tiros, armas ou golpes na cabeça. "Lesões por projéteis de arma de fogo, lesão por arma branca, não tem. Afundamento de crânio também não. Estou trabalhando inicialmente com a hipótese de asfixia mecânica". Ademais, é investigada se ela foi morta durante algum tipo de ritual.

A perita diz que o suspeito tem características de frieza, pela maneira como tentou ocultar o cadáver. "O saco usado foi um saco de colchão. E eu não vi colchão novo na residência, então ele foi buscar. Ele teve um tempo para esse preparo. Estava extremamente organizado. Isso é uma característica importantíssima da personalidade", afirmou. "Esse corpo teria vindo a óbito há, pelo menos, 48 horas. Isso nos leva a pensar que o corpo foi morto e permaneceu um tempo naquela residência e, só depois, foi transportado", detalhou.

Informações preliminares levantadas pela polícia ainda dão conta de que o suspeito guardava, em casa, um caderno com nome de cerca de 20 mulheres, incluindo o de Patrícia e de uma suposta ex-companheira. No caderno, que está sendo analisado pela polícia, a frase "saio à noite para matar mulheres" está estampada dentre as páginas. Além disso, foram encontradas fronhas de travesseiro e roupas com possíveis manchas de sangue, próximas à máquina de lavar, e um altar.

Ainda foram encontrados no apartamento de Jonathan dois livros de rituais, de tênis e fronha sujos de sangue. Também estavam vários pertences da vítima em um tambor de lixo em frente ao condomínio, dentre eles um travesseiro de pescoço utilizado em viagens.

Veja na íntegra a coletiva

Reconstituição do crime

Patrícia saiu de Caruaru, no Agreste do Estado, onde mora, na última sexta-feira (23), para encontrar o amigo. Dois dias depois, no domingo (25), numa troca de mensagens de WhatsApp com a mãe, a vendedora se mostrou aflita porque estaria trancada no apartamento dele. Depois, avisou que estava tudo bem. E não mais respondeu à mãe.

"No domingo, ela fala para a família que ele havia retornado, então acredita-se que ela passou a noite sozinha no imóvel. Diz também que ele tinha intenção de ir com ela para Caruaru quando o final de semana acabasse, e que havia comprado duas passagens para isso. Ela informou isso às 12h06 em mensagem por aplicativo e depois disso não manteve mais cuidado com ninguém", relata a perita.

Na madrugada desta terça-feira (27), vizinhos entraram em contato com a polícia para denunciar terem visto o suspeito saindo do prédio com um tonel de lixo em um carrinho de mão. Uma vizinha teria seguido e visto quando o tonel caiu, e desconfiou que pudesse se tratar de um corpo. Pouco depois, o suspeito é filmado por câmeras de segurança saindo de moto levando o mesmo volume estranho.

"Essa testemunha chegou a intervir e a perguntar se ele matou a jovem. Segundo ela, ele tirou o corpo do tambor e saiu em fuga com uma motocicleta. As polícias Civil e Militar conseguiram captar imagens do momento da fuga, onde a gente comprovou o transporte desse corpo, que foi depositado na frente da moto", explica a perita.

O corpo, que estava com fitas isolantes e sacos plásticos, foi encontrado a cerca de dois quilômetros do prédio onde o tatuador mora. Isso aconteceu horas após familiares da vítima procurarem a Delegacia de Homicídios de João Pessoa para registrar uma queixa de seu desaparecimento. 

"As pessoas começaram a ligar e chegaram informações para mim às 14h de uma movimentação estranha de uma pessoa tentando violar a porta de uma central de coleta de lixo de um condomínio. Fizemos uma varredura, e eu mesmo me deparei com o corpo. Mesmo estando envolvida em um saco plástico, os cães farejadores se aproximaram com o odor forte. Nutrimos a possibilidade dela estar viva, mas não foi possível", disse o comandante do 5º Batalhão da Polícia Militar, coronel Barros.

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