Atualizada às 20h08
O estudante de Educação Física Pedro Henrique Gonçalves Ferreira, de 24 anos, foi assassinado na tarde desta quinta-feira (11), na Rua Antônio Lucena, no bairro da Madalena, Zona Oeste do Recife. O rapaz teria sido vítima de um latrocínio por volta das 13h30. Ele foi morto na frente da irmã, com quem estava no momento do assalto. Os suspeitos do crime foram localizados em San Martin, na mesma região.
De acordo com testemunhas, o estudante estava andando junto com a irmã quando ambos foram abordados por dois suspeitos em uma motocicleta. Eles teriam pedido os celulares das vítimas. A irmã de Pedro entregou o smartphone, mas o universitário não quis entregar o aparelho e reagiu. Então, um dos suspeitos atirou na cabeça dele, que morreu no local.
A irmã da vítima, que preferiu não se identificar, conversou com a reportagem do JC e contou detalhes da investida criminosa.
"A gente tinha acabado de sair de casa e estávamos na rua ao lado, na calçada. Eu só ouvi a voz de um rapaz do meu lado, quando eu olhei, ele estava com a arma na mão. Aí ele falou: 'passa o celular'. Eu entreguei o meu sem pensar duas vezes, mas meu irmão não quis entregar o dele. Eu até falei: 'moço, pode revistar e levar se você encontrar', porque eu achava que estava em casa carregando, como ele geralmente deixa. Quando eu vi, o meu irmão tentou reagir e pegar a arma do bandido, porque estava bem próxima da gente, só que o bandido deu um passo para trás e atirou", relatou a jovem.
De acordo com ela, a dupla fugiu logo após o disparo. "Eles insistiram muito. Pediram várias vezes o celular. Mas assim que ele atirou, foi rápido, eu nem vi quando eles foram embora. Foi um tiro só. Na mesma hora, eu vi que já saiu muito sangue, e como demorou a chegar a ambulância, eu acho que ele morreu por conta disso, por conta da demora. Quando a polícia chegou, ele já tinha falecido", disse.
Abalada, a jovem ainda está tentando processar a tragédia. Ela e o irmão, que são do município de Itapetim, no Sertão do Estado, moravam no Recife há apenas dois anos. "A gente ia se formar juntos ano que vem. Eu estava no oitavo período e ele no sexto, mas por conta de transferência de faculdade, eu ia passar um tempinho a mais. E meu aniversário é mês que vem, a gente planejava ir para o interior ver os meus pais", revelou.
A irmã contou também que a rua estava vazia no momento do crime. Após o disparo, no entanto, uma vizinha ouviu o barulho e foi até a rua para tentar acalmá-la. Foi esta mesma vizinha, que também não quis se identificar, que colocou um guarda-chuva em cima do corpo do rapaz para protegê-lo do sol.
"Estávamos em casa e ouvimos o pipoco. Até então, achávamos que eram fogos. Mas, mesmo assim corremos, quando abrimos o portão ela [a irmã da vítima] estava em desespero, gritando. Quando eu vi, o irmão dela estava no chão. A minha primeira atitude foi tentar acalmá-la. Peguei o guarda-chuva que ela estava na mão e coloquei em cima dele, que o sol estava muito forte. Peguei o celular dele que estava no bolso de trás e dei pra ela", disse a vizinha.
Ainda segundo ela, os sinais vitais de Pedro foram desaparecendo muito rápido. "Eu fui tentar identificar se ele estava ainda com os sinais vitais. Verifiquei que a pulsação dele estava muito fraca e o sangue quase jorrava, ele também não conseguia mais falar, começou a ter espasmos e vomitar", completou.
Suspeitos localizados
Dois homens foram detidos pela Polícia Militar em San Martin, Zona Oeste do Recife, por suspeita de envolvimento na morte do universitário.
De acordo com informações preliminares da polícia, os homens foram levados para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Cordeiro, Zona Oeste do Recife, e estavam prestando depoimento por volta das 19h30. O major da PM Enésio Farias explicou à TV Jornal como ocorreu a ação da polícia.
"Através de informes e das câmeras de segurança do local, nós verificamos a placa da moto, puxamos o endereço e fomos à casa de um dos meliantes. Também conseguimos pegar o armamento que estava de posse deles no momento do assalto, e seguimos para o DHPP", informou o major.
Além da dupla que teria participado do crime, a polícia conduziu ao DHPP o suposto proprietário da arma, que é vigilante, e o homem que teria furtado a arma e entregado aos suspeitos.
"A arma é de um vigilante e ficava guardada em uma oficina, e um elemento que trabalhava na oficina, sabendo disso, entregou a arma aos dois envolvidos no assalto. Ao retornarem do crime, a dupla deixou a arma e o celular na oficina. A Polícia Civil vai apurar para verificar a situação. A princípio, tudo indica que o vigilante, dono da arma, não tem nada a ver com o crime", contou o PM.
Moto e arma utilizados no latrocínio foram apreendidos, assim como o celular pertencente à irmã da vítima. Um dos suspeitos tem antecedente criminal por roubo.
O caso está sob investigação da 2ª Delegacia de Polícia de Homicídios.