Atualizada às 19h25
Um buraco, uma obra da Compesa ou, talvez, uma exploração arqueológica. Estas foram algumas das explicações que a reportagem do JC recebeu ao perguntar a comerciantes e turistas sobre o que se tratava o Museu a Céu Aberto que fica na Rua Barão Rodrigues Mendes, no Bairro do Recife, Centro da capital pernambucana. Deteriorado, o espaço, que imprime em si a história do desenvolvimento da cidade, desperdiça um grande potencial turístico.
Falta uma das placas do guarda-corpo de vidro, enquanto outras duas estão quebradas. Em uma parte, onde tem água da maré acumulada, havia garrafas de plástico jogadas pessoas pessoas que circulam pelo local. As muretas também estão avariadas. O painel explicativo, que contava a história urbana do Recife com mapas e gravuras do Recife nos séculos 17, 18 e 19, está pela metade, interrompendo parte da narrativa.
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O espaço preserva antigas muralhas que cercavam a cidade durante o século 17, o período da ocupação holandesa no Recife, vestígios do antigo Arco do Bom Jesus e restos do dique de contenção do avanço do mar, erguido no século 19.
As relíquias foram descobertas durante uma simples obra de implantação de galerias pluviais no ano de 2000. À época, foram encontradas também cerca de 500 peças no local, entre cachimbos, tijolos holandeses, louças e peças metálicas. Já o Museu foi entregue à população apenas em 2007, na gestão do prefeito João Paulo, pelo investimento de R$ 200 mil.
Mesmo com tamanha importância histórica, o esquecimento o espaço faz com que pessoas passem e se interessam em admirá-lo por algum tempo. Natural do Recife, o prestador de serviços Valter Rodrigues, de 47 anos, nunca soube "qual o objetivo" do espaço, ainda que trabalhe a poucas ruas do museu três vezes na semana. "É uma coisa aleatória. Deveria ter uma placa informando o porquê desse buraco", afirmou.
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Quando informado sobre a história dele, Valter completou: "É nossa cultura. É bom saber qual o objetivo disso, ter alguém explicando, até porque muitos guias turísticos também não sabem."
A bancária aracajuense Lorena Vieira, 38, estava no Recife a passeio com a família e se diz "apaixonada" pela cidade - mas também sentiu falta de uma explicação sobre o Museu. "Sendo Recife uma cidade tão antiga, com muita história para contar e muitas influências holandesas, viemos para enriquecer nossas filhas culturalmente. Sobre o Museu, eu imaginei que fosse parecido com o que tinha na Caixa Cultural, de estarem investigando vestígios históricos para ver se encontram algo interessante. Não tem nenhuma explicação, a gente vai supondo", disse.
Resposta da Prefeitura do Recife
A Secretaria de Turismo e Lazer do Recife já programou a troca do painel informativo do Museu a Céu Aberto, localizado no Recife Antigo, para este mês de fevereiro. A expectativa é que a nova sinalização seja entregue até o final da próxima semana. Já a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) acrescenta que realizou levantamento no local e está elaborando orçamento para programar a execução dos serviços de reparos no guarda-corpo do local. O Museu a Céu Aberto abriga achados arqueológicos seculares, entre eles um trecho de uma muralha de pedra datada do período holandês (1630-1654), parte das bases do Arco do Bom Jesus e parte do dique de contenção do mar, construído no século 19.