"Tenho condições de governar bem a cidade, sou ficha limpa", diz Mendonça Filho sobre ser o nome da oposição na disputa do Recife

O pré-candidato pelo Democratas afirma que o diálogo em torno de uma aglutinação de forças da oposição continua e que nos próximos dias poderá ter alguma decisão concretizada
JC
Publicado em 19/08/2020 às 21:49
Para Mendonça Filho, mais importante que a escolha de um nome para representar a oposição, é necessário discutir o abando que a cidade do Recife enfrenta Foto: TV JC


"Tenho toda disposição de ir para a luta e liderar esse processo". É o que afirma o ex-ministro da Educação e pré-candidato a prefeito do Recife, Mendonça Filho (DEM), sobre a construção de uma candidatura única dentro do bloco de partidos de direita que faz oposição ao PSB. Para o democrata, sua história política não só com a cidade, mas com o Estado, dão a ele credenciais para se manter como alternativa que possa quebrar a polarização de 20 anos entre PT e PSB na gestão municipal.

 

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"O conceito que tem sido defendido publicamente pelos atores da oposição é que a gente busque a aglutinação de forças e o meu nome está posto. Tenho condições de governar bem a cidade, sou ficha limpa, mas evidentemente tem gente com credenciais também dentro das forças de oposição", disse Mendonça, em entrevista ao Resenha Política, nesta quarta-feira (19), que tem realizado uma série de lives, na TV JC, com os pré-candidatos à Prefeitura do Recife.

Entre os nomes que compõem essas forças oposicionistas, o ex-ministro cita o deputado federal Daniel Coelho (Cidadania), a delegada Patrícia Domingos (Podemos), que formalizou a sua pré-candidatura, e os deputado estaduais Alberto Feitosa (PSC) e Marco Aurélio (PRTB), que também oficializou seu nome dentro deste pleito. Mendonça, inclusive, rebate as críticas de que o bloco de oposição não estaria mantendo diálogo com todos.

"O diálogo não se estabelece necessariamente colocando todo os pré-candidatos dentro de uma sala. Tenho respeito por todos, mas não dá para você cobrar de um candidato especificamente a missão do diálogo", afirma.

Outro ponto colocado em questão é sobre a associação do ex-ministro da Educação ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O pré-candidato Marco Aurélio, chegou a classificar o dirigente democrata como "elitista" e que teria "esnobado" o presidente da República quando ainda era deputado federal.

Com posicionamento de centro-direita, Mendonça Filho rebateu novamente as críticas afirmando que os argumentos não condizem com a realidade da sua vida pública. Ele recorda que, nas eleições de 2018, defendeu o nome do então governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) no primeiro turno, e que expôs seu posicionamento favorável a Bolsonaro, no segundo turno, contra o candidato do PT, Fernando Haddad. "Nunca me curvei ao PT. Onde a esquerda estiver de uma forma, sempre estarei em outro campo. Minha posição é reta, transparente e muitas vezes isso incomoda algumas pessoas", dispara.

A boa relação com o governo federal também é exemplificada através das agendas recentes do pré-candidato pelo DEM, com alguns ministros para discutir pautas como segurança, habitação, mobilidade e saneamento básico. No dia 14 de agosto, Mendonça esteve reunido, em Brasília, com o ministro da Infraestrutura Tarcísio Freitas, para defender intervenções viárias na entrada da capital pernambucana. A proposta é construir uma terceira faixa na BR-232, que dá acesso ao Curado até a Abdias de Carvalho

"O Recife, na questão da mobilidade, tem um problema grave. Não se tem grandes obras de infraestrutura há muito tempo. A última foi planejada no governo de Roberto Magalhães, a Linha Verde, que virou Via Mangue e sequer foi concluída completamente. Vários projetos de infraestrutura que ficaram no papel, como é o caso da Ponte do Iputinga, que ficou em estacas e várias outras ações que precisam ser pensadas para melhorar a mobilidade da cidade do Recife", lista.

O ministro de Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho (PSDB), também recebeu Mendonça para tratar das questões dos habitacionais, que, segundo o democrata, encontram-se abandonados e com famílias voltando a morar em palafitas por falta de programas liderados pelo Executivo municipal. "Também tratei da questão do saneamento básico, e ele disse que daria todo apoio para que possamos ampliar o acesso ao esgoto coletado e tratado da nossa cidade".

"A promessa de Geraldo Julio, na primeira eleição, foi de que deixaria Recife com mais de 60% [saneado], mas ele vai deixar com pouco mais de 40%. O PSB aprendeu a mentir e divulgar mentiras de formas avassaladoras", completa.

Mendonça afirma também que tanto a deputada federal Marília Arraes, pré-candidata pelo PT, quanto o deputado federal João Campos, pré-candidato pelo PSB, são contra o Marco Legal do Saneamento. "É muito fácil para quem vive numa casa confortável com saneamento não ter preocupação, mas o povo pobre que vive em periferia, na grande Casa Amarela, no Ibura ou em Santo Amaro, que não tem esgoto tratado, mora em cima das fezes", critica.

 

GUARDA MUNICIPAL

Ex-governador de Pernambuco, Mendonça Filho não defende apenas o cumprimento da lei nº 13.022, que prevê o porte de arma de fogo aos integrantes das guardas municipais, como também tem como proposta criar a Academia da Guarda Municipal. A ideia é treinar e capacitar os profissionais para atuarem na segurança da cidade junto a Polícia Militar e Civil.

"Em Peixinhos, tem uma unidade da guarda que, vez por outra, é atacada por bandidos. Quer dizer, se o guarda não pode se defender e não pode defender a população sem estar treinado e capacitado, como é que fica?. Recife é uma das duas únicas cidades do Brasil cuja guarda não tem direito a porte de arma", declara. Ele também esteve com o ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça, para tratar desta questão e do combate às drogas.

 

 

PROPAGANDA

Durante a entrevista no Resenha Política, Mendonça Filho criticou a atuação da gestão socialista diante da pandemia provocada pelo coronavírus. Além das operações realizadas pela Polícia Federal sobre supostas irregularidades em contratos firmados pela Secretaria de Saúde do Recife, a exemplo do caso dos respiradores pulmonares adquiridos sem aprovação da Anvisa, e posteriormente devolvidos, o pré-candidato acusa o prefeito Geraldo Julio de investir mais em propaganda do que nos cuidados básicos da saúde.

O que continuará, segundo Mendonça, gerando queda no índice de aprovação do socialista. "O que nós vemos é a massificação de propaganda nunca antes vista na história da Prefeitura da Cidade do Recife. O orçamento foi ampliado durante a pandemia", dispara.

"Eu fico revoltado com a Prefeitura do Recife, antecipando o IPTU de forma ilegal e inconstitucional, do orçamento de 2021, como praticou Geraldo Julio. Foram R$ 120 milhões pedindo autorização na Câmara de Vereadores e deixando de pagar a contribuição previdenciária dos servidores da Prefeitura e gastando mais de R$ 60 milhões com publicidade", complementa.

A eficiência da Prefeitura também é colocada em xeque pelo democrata ao lembrar a pesquisa publicada pelo JC, em que Recife aparece como a segunda capital do Nordeste com a maior taxa de mortalidade por covid-19 a cada 100 mil habitantes, atrás apenas de Fortaleza. “Eles atentaram e dedicaram muita atenção para a questão da alta complexidade, para hospitais contratados com ONGs suspeitas de corrupção. Boas parte dos leitos sequer foram utilizados, enquanto boa parte da saúde na base foi um descaso completo. Sujeito chegava doente e mandavam voltar para casa, se negava a disponibilizar medicamentos e muita gente morreu no Recife por conta da falta de atendimento básico, no inicio de um vírus como a covid-19".

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