Perto do encerramento das convenções partidárias, tabuleiro eleitoral no Recife segue indefinido

Maioria dos pré-candidatos a Prefeitura do Recife ainda não definiu quem irá compor a vaga de vice em sua chapa. Também há pré-candidatos que podem ser rifados do processo até o prazo limite para a convenção partidária
Cássio Oliveira
Mirella Araújo
Publicado em 08/09/2020 às 20:07
O prazo limite para as convenções partidárias termina no dia 16 de setembro, mas ainda há uma série de indefinições dos partidos para a disputa pela Prefeitura do Recife Foto: Leo Motta/JC Imagem


 

. - Eleições 2020

Atualizada às 10h do dia 09 de setembro de 2020

A uma semana do fim do prazo para a realização das convenções partidárias que vão oficializar os candidatos à Prefeitura do Recife, algumas peças ainda seguem desencaixadas. Muitas das pré-candidaturas esperam até o último momento para definir os nomes para a vice, além de postulantes que se lançaram como pré-candidatos, mas podem ser rifados.

A pandemia do novo coronavírus (covid-19) acabou por alterar não apenas as datas dos prazos estabelecidos no calendário eleitoral até a decisão nas urnas, mas a estratégia dos partidos e consolidação das alianças. “O horizonte estratégico dos partidos se modifica muito pelo fato de não poder haver carreatas, caminhadas, comícios, visitas a lideranças e coisas dessa ordem. Assim, os partidos decidiram esperar para oficializar as candidaturas, visto que havia a dúvida se a eleição aconteceria neste ano”, avalia o cientista político e professor da Faculdade Damas, Elton Gomes.

No campo da oposição, um dos nomes que se lançou e pode desistir da disputa é o do deputado federal Daniel Coelho, que viu os partidos de seu grupo, como o PTB, PSDB e o PL, decidindo pelo apoio ao nome do ex-ministro Mendonça Filho (DEM) - que realizará a convenção no dia 16 de setembro, mas segue sem ter um candidato a vice definido.

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Isolado, Daniel ainda não definiu se o seu partido, o Cidadania, apoiará Mendonça, se segue com sua pré-candidatura ou se apoiará um outro nome: o da delegada Patrícia Domingos (Podemos). Questionado pela reportagem sobre a decisão, Daniel voltou a afirmar que a decisão deve sair até o dia 16, data limite das convenções, e ressalta que "quem tem tempo, não tem pressa".

Patricia, inclusive, também não decidiu quem será seu vice. A pré-candidata a prefeita havia marcado a convenção que homologará seu nome da disputa, para o dia 13 de setembro. Após o decreto do governo estadual permitindo a realização de eventos corporativos com capacidade para até 100 pessoas, o Podemos decidiu adiar o evento, também para o dia 16.

O deputado estadual Alberto Feitosa (PSC), também é pré-candidato pela oposição e conta com o apoio dos partidos Patriota e Democracia Cristã (DC). Ele realizará a convenção partidária no dia 16 de setembro (e não no dia 14, como havia sido publicado inicialmente), mas também não apresentou um nome para a vice. O PSL, anunciou que entrará na disputa majoritária, com o advogado Carlos Andrade de Lima, mas até o momento não há definição para a data da convenção e nem que de quem será a vaga de vice.

Por outro lado, dentro desse espectro político, há dois candidatos com suas chapas definidas: o procurador municipal Charbel Maroun, que tem como candidato a vice, o procurador federal André Teixeira, ambos do partido Novo. E o deputado estadual Marco Aurélio Meu Amigo (PRTB), que compõe a chapa com o candidato a vice, coronel José Alves, do mesmo partido.

“Nas candidaturas da direita, o eleitor é pragmático, quando ele quer afastar alguém de esquerda do poder a todo custo, ele identifica aquele candidato que realmente tem chance política eleitoral. Isso aconteceu em 2018, com eleitores que poderiam votar no João Amoedo ou no Geraldo Alckmin decidiram votar no Bolsonaro. Então, na direita, a tendência é que a gente encontre alguma candidatura que consiga se estabelecer e nas circunstâncias de hoje, vejo o Mendonça com mais recurso político dentro desse espectro”, afirmou Elton Gomes.

Palanque da esquerda

Já no campo da esquerda, que apresenta um racha dentro das candidaturas postas, alguns partidos estão sendo colocados como peças chaves para que haja uma definição concreta sobre a questão do candidato a vice. No palanque do pré-candidato a prefeito do Recife, João Campos (PSB), que praticamente já conta com nove partidos - o Solidariedade ainda não realizou evento formal, mas o vice-presidente da legenda, Augusto Coutinho sinalizou que irá permanecer na Frente Popular do Recife - ainda é aguardado se o PDT irá bater o martelo ou não pela candidatura própria.Os socialistas realizam sua convenção partidária no dia 15 de setembro.

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O deputado federal Túlio Gadêlha, vive uma situação parecida com a de Daniel Coelho, que mesmo se lançando como pré-candidato, desde 2019, não conseguiu arregimentar um grupo de partidos que apoiassem seu nome. Além disso, nem mesmo dentro do PDT o nome de Túlio é unânime, visto que a ex-secretária do Recife Isabella de Roldão também se lançou pré-candidata à prefeitura.

Assim, o PDT ainda não sabe se vai de Túlio, de Isabella, ou se abandona as duas pré-candidaturas e apoia alguém do mesmo campo político. Neste último caso, João Campos e a deputado federal e pré-candidata a prefeita Marília Arraes (PT), já estão de olho em quem vai ficar com o apoio dos pedetistas. A reportagem procurou o presidente estadual do PDT, mas não obteve retorno.

A convenção da legenda está marcada para o próximo dia 16, também no limite do prazo, e no mesmo dia que a homologação da candidatura de Marília. Inclusive, a petista conta com o apoio do PSOL, que apresentou formalmente o nome do presidente estadual do partido, Severino Alves, para compor a vice na chapa. No entanto, Marília ainda não se posicionou sobre essa questão.

“Essa fragmentação à esquerda é fruto da falta de oxigenação em sucessivos ciclos eleitorais, que levam desgaste à aliança entre os partidos. Começam a surgir novas lideranças, que não encontram espaços na composição sempre liderada pelo mesmo partido, o PSB. A ocupação da vaga de vice é um elemento importante em contextos como esse. Demonstram protagonismo e valorização do partido. No atual contexto, as duas legendas podem ajudar e muito a fortalecer a candidatura governista, que não pode se dar ao luxo de perder mais nenhum aliado”, afirma a cientista política e professora da Faculdade de Ciências Humanas de Olinda (Facho), Priscila Lapa.

Sobre encontrar espaços dentro de uma ampla frente, que já conta com Republicanos, MDB, PSD, PV, PROS, Avante e PCdoB, quem tem estado “impaciente” diante das indefinições dos socialistas é o PP. Segundo maior partido em termos de representação no legislativo - são 11 deputados estaduais, entre eles o presidente da Alepe, o deputado Eriberto Medeiros, e 8 vereadores municipais, incluindo o líder do governo do PSB, Eriberto Rafael.

Nos bastidores, o Partido Progressista estaria buscando uma sinalização sobre a vaga de vice e por isso ainda não teria batido o martelo sobre a data da convenção. Uma fonte em reserva, afirmou que a espera do PSB pelas definições do PDT, tem gerado mal estar dentro do partido, porque alguns consideram que a chapa dos pedetistas seria frágil. Dentro do PP, há uma defesa de que o nome que venha compor a vice, tenha sobretudo um bom relacionamento com o parlamento.

A Rede Sustentabilidade também tem a sua definição de apoio sendo aguardada pelas pré-candidaturas da esquerda. De acordo com o porta-voz da sigla, Roberto Leandro, há dentro do partido simpatizantes de uma aliança tanto com o PSB, com o PT e com o PDT. “A convenção da Rede, no Recife, foi marcada para o dia 16 de setembro, a partir das 18h. Acredito que nosso posicionamento sobre quem devemos apoiar para a Prefeitura do Recife poderá ser feita antes da convenção. Devemos reunir a direção para definir politicamente a tática eleitoral”, afirmou Roberto.

Essa suposta "demora" nas definições dos quadros, segundo a cientista política Priscila Lapa, é algo característico da eleição municipal. Além do cenário atípico causado pela pandemia, a docente também acredita que a mudança nas regras da chapa proporcional possam ter interferido nas decisões majoritárias.

“O que talvez tenha contribuído ainda mais para esta indefinição ou postergação é a eleição proporcional com as novas regras. Mudaram os elementos da barganha, já que as chapas proporcionais não estão permitidas. Assim, apoios na majoritária estão mais negociados e a cadeira de vice é certamente uma das "moedas". No mesmo caminho, temos a extrema fragmentação, nos dois espectros”, avaliou.

Apenas o PSTU, já definiu a sua chapa, em convenção realizada neste sábado (5), através de plataforma virtual. A candidata a prefeita é a professora Claudia Ribeiro e a vice-prefeita é a servidora pública da UFPE, Kátia Teles. 

 

 

 

 

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