Cássio Oliveira
Publicado em 25/09/2020 às 17:34
Com o adiamento das eleições 2020 para os dias 15 e 29 de novembro - primeiro e segundo turno, respectivamente, - em decorrência da pandemia do novo coronavírus (Covid-19), o período de propaganda eleitoral também mudou. Inicialmente previstas para 16 de agosto, a campanha de rua e a divulgação pela internet começam neste domingo, 27 de setembro.
Em agosto passado, a Corte do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE) decidiu que todos os atos públicos do processo eleitoral deverão cumprir as normas de prevenção à covid-19. Assim, eventos de campanha não poderão provocar aglomerações e os presentes devem usar máscaras, respeitar o distanciamento e ter à disposição o álcool em gel.
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"É importante que os candidatos respeitem as normas sanitárias, estamos com duas realidades: temos a pandemia da covid-19, uma doença grave e temos as eleições de 15 de novembro. Como conciliar? Conciliamos, propiciando a todos os eleitores e a todos que trabalham no pleito, equipamentos de segurança para que possam desenvolver seu trabalho sem contagio. Mas, peço aos candidatos que respeitem a vida das pessoas, tenham consideração pela saúde, é possível fazer campanha tranquila, é possível transmitir suas ideias respeitando a saúde", disse o desembargador Frederico Neves, presidente do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco (TRE-PE), em coletiva nesta sexta-feira (25).
Com o início da campanha, os candidatos podem fazer caminhadas, carreatas, reunião pública, distribuir material gráfico, adesivos de carro, adesivos paras residências e distribuir bandeiras nas ruas. Na internet, o postulante poderá pedir expressamente voto, pagar impulsionamento e falar de suas propostas de campanha. Neste ambiente virtual, a publicidade poderá ser feita nos sites dos partidos e dos candidatos, em blogs, postagens em redes sociais e aplicativos de mensagens, como WhatsApp e Telegram.
Mas, para quem os candidatos no Recife vão pedir votos? Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que a maioria do eleitorado recifense é composto por mulheres, na faixa etária de 30 a 39 anos e com ensino médio completo.
Segundo Elton Gomes, cientista político e professor da Faculdade Damas, o setor de inteligência das candidaturas verifica os dados do eleitorado, principalmente, para o direcionamento das propostas. “Nas eleições de 2010, por exemplo, a então candidata Dilma Rousseff prometeu a construção de um grande número de creches federais, explorando esse filão após o PT verificar que essa pauta poderia ser explorada eleitoralmente. No Brexit, eles também perceberam que os jovens discutiam muito, mas eles iam pouco votar, principalmente em referendo. Então, se dirigiu a campanha para os mais velhos”, comentou.
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Mesmo com o eleitorado, em sua maioria, feminino, Gomes ressalta que não há uma identificação automática com as candidatas mulheres à Prefeitura do Recife. “Estudos mais recentes apontam que o eleitorado feminino não tem essa identificação automática, mesmo com o aumento da participação feminina. Mas com mulheres de cabeça de chapa e vice, essas pautas irão surgir, como violência contra mulher, a questão da mulher que precisa trabalhar e não tem onde deixar seu filho, a saúde da mulher. Mas, no meu entendimento, a principal pauta, ainda deve ser ligada ao descolamento do governo federal ou aproximação com o governo federal e como a nacionalização não é determinante em eleição municipal, operações da PF durante a pandemia, iluminação, trânsito e infraestrutura também são discutido”, disse.
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No que diz respeito à faixa etária, o professor Arthur Leandro destaca que a maioria do eleitorado recifense é justamente o mais afetado pela crise econômica. “O público entre 30 e 39 anos está num momento em que os jovens se convertem em provedores das famílias, é um momento de maturidade profissional e a crise econômica está impactando no número de vagas de emprego e criando um desalento que impacta esse público. Mas, o auxílio emergencial amenizou e, considerando o elevado número de famílias recebendo o benefício, você tem aumento da satisfação com o governo federal. Embora, o efeito disso ainda não esteja corretamente medida sobre o eleitor nas eleições locais. Nesse tipo de eleição, o serviço urbano, calçamento, esgoto, coleta, e creche, ganham relevância”, disse.
Em entrevista recente a repórter Luisa Farias, deste JC, a cientista política Priscila Lapa ressaltou o fato de haver três candidatas a prefeita em um universo de 11 postulantes ainda representa uma participação minoritária, mas é bom indicador. "De fato, algumas barreiras históricas e clássicas parecem que estão começando a ruir. Em uma capital como o Recife que é geradora de tendências eleitorais, isso é um dado importante que pode sinalizar sim para uma mudança de perspectiva de avanço desse número. Não tenho a impressão de que isso vai ser disruptivo, completamente diferente em relação aos anos anteriores, mas eu acredito que são avanços que estão acontecendo e não voltam mais atrás", explica.
Esse fenômeno não é percebido apenas nas candidaturas, mas também no eleitorado, avalia Priscila. "Há uma maior participação da mulher do ponto de vista dela ter se percebido como maioria do eleitorado e portanto, reivindicando um espaço de atenção dos candidatos maior, mais amplo do que até então a gente vivia no Brasil", afirma.
Para o marqueteiro André Gomes, a campanha será bastante atípica por conta da pandemia. “Boa parte do convencimento era feito corpo a corpo, com cabos eleitorais. Isso fica comprometido - vai acontecer ainda, mas em escala menor", disse. "Muda a intensidade e o conteúdo da campanha: se você não tem uma presença no dia a dia que normalmente se tinha, precisa pensar em uma campanha digital e em um conteúdo que consiga disputar a atenção das pessoas na internet", acrescentou.
Ainda assim, a Justiça Eleitoral formulou regras para a campanha online. Estão vedados, por exemplo, os impulsionamentos de publicações feitas por terceiros, o disparo em massa de mensagens e a propaganda em sites de quaisquer empresas, organizações sociais e órgãos públicos.
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Já o cientista político e professor da UFPE Arthur Leandro acredita que a propaganda digital se soma à campanha de rua, mais ainda não toma seu lugar. “A tendência é de que os recursos digitais sejam cada vez mais importantes. Cada vez mais pessoas ficam o dia inteiro conectadas e esse espaço não será subutilizado pelos políticos. Mas, isso não substitui o trabalho físico e tradicional. Os candidatos continuam nas ruas, visitando as pessoas, tirando foto na feira, esse trabalho segue sendo feito, ainda mais por uma parte da população ter voltado às atividades. Igrejas têm cerimônias, feiras estão funcionando, pessoas estão em festas e nos bares e os políticos se colocam nesses espaços para ter contato direto com eleitor”, destacou.
Vale destacar, que a propaganda na TV e na rádio ainda vai ter início em 9 de outubro e segue até 12 de novembro, visto que o Senado Federal, mesmo adiando o pleito em 42 dias, manteve os prazos estabelecidos no calendário eleitoral. Ou seja, a propaganda no rádio e na TV deve começar 35 dias antes da antevéspera do pleito, exatamente como antes.
Total de eleitores aptos a votar no Recife: 1.157.324
Com biometria: 1.150.743 (99,43%)
Sem biometria: 6.581 (0,57%)
Do total, 8.131 eleitores possuem alguma deficiência. Desses, a maioria, 3.266, possuem deficiência de locomoção.
Feminino: 641.593 (55,44%)
Masculino: 515.731 (44,56%)
Estado Civil
Feminino
Divorciado 33.277 (2,88%)
Separado Judicialmente 4.913 (0,42%)
Viúvo 29.162 (2,52%)
Casado 188.866 (16,32%)
Solteiro 385.375 (33,30%)
Masculino
Divorciado18.393 (1,59%)
Separado Judicialmente 3.588 (0,31%)
Viúvo 4.580 (0,40%)
Casado 178.271 (15,40%)
Solteiro 310.899 (26,86%)
Feminino
80 a 100 anos ou mais: 3,42%
70 a 79 anos: 6,25%
60 a 69 anos: 11,59%
50 a 59 anos: 15,88%
40 a 49 anos: 18,67%
30 a 39 anos: 20, 96%
20 anos a 29 anos: 20,03%
16 a 19 anos 3,19%
Masculino
80 a 100 anos ou mais: 2,84%
70 a 79 anos: 5,59%
60 a 69 anos: 10,98%
50 a 59 anos: 15,68%
40 a 49 anos: 18,83%
30 a 39 anos: 21, 49%
20 anos a 29 anos: 21,14%
16 a 19 anos: 3,4%
Feminino
Superior Completo 11,09%
Superior Incompleto 4,40%
Ensino Médio Completo 17,61%
Ensino Médio Incompleto 6,62%
Ensino Fundamental Completo 2,59%
Ensino Fundamental Incompleto 10,10%
Lê E Escreve 2,04%
Analfabeto 0,99%
Masculino
Superior Completo 7,60%
Superior Incompleto 4,10%
Ensino Médio Completo 13,82%
Ensino Médio Incompleto 6,48%
Ensino Fundamental Completo 2,44%
Ensino Fundamental Incompleto 8,24%
Lê E Escreve 1,37%
Analfabeto 0,51%
Do total de eleitores, 77 usam nome social para o voto.