''O PTB assumiu uma posição radical, de um bolsonarismo ensandecido'', diz Armando Monteiro um dia após sair do partido

Na segunda (23), em virtude de ter declarado apoio à candidata do PT na disputa pela Prefeitura do Recife, Marília Arraes, Armando havia perdido o comando da seção pernambucana do PTB, que agora é comandada pelo Coronel Meira
JC
Publicado em 24/11/2020 às 10:03
Segundo Armando, a definição da posição deve sair ainda nesta terça-feira (17) Foto: FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM


Um dia após anunciar sua desfiliação do PTB, o ex-senador e ex-ministro Armando Monteiro Neto, em entrevista à Rádio Jornal, nesta terça-feira (24), afirmou que deixou a legenda, porque a sigla assumiu a posição de um “bolsonarismo ensandecido”. Ainda na segunda (23), em virtude de ter declarado apoio à candidata do PT na disputa pela Prefeitura do Recife, Marília Arraes, Armando havia perdido o comando da seção pernambucana do PTB, que agora é comandada pelo Coronel Meira. Com isso, a situação ficou insustentável para o ex-senador, que chegou a representar o partido em 2010, na eleição ao Senado, e em 2014 e 2018, nas eleições para o Governo de Pernambuco.

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“O PTB assumiu uma posição extremamente radical, de um bolsonarismo ensandecido. Portanto, é um partido no qual já não se pode conviver. Por isso, eu entendi que, diante da manifestação da Executiva Nacional, censurando uma declaração de voto que eu assumi em caráter pessoal e não em nome do partido, chegou o momento, portanto, de eu tomar o meu rumo”, declarou Armando, no Passando a Limpo, da Rádio Jornal.

“Eu sempre entendi que a gente só pode conviver na esfera democrática com um partido precisa seja amplo. O partido não pode ser uma seita”, disse em outro momento.

O ex-senador aproveitou a entrevista para fazer um apelo contra a radicalização da política no País. Segundo Monteiro Neto, é preciso que a política seja “um espaço de diálogo” e não de permanente desconstrução e embate. “O Brasil precisa repudiar o extremismos. Infelizmente, sobretudo, a partir de 2018, tivemos um quadro muito polarizado, muito radicalizado. A política tem que ser um espaço de diálogo. Não é possível um cenário em que se atua num permanente cenário de confrontação, embate e desconstrução. Isso é a negação, na essência, da política.”

Futuro ainda incerto

Questionado sobre qual legenda seria seu próximo destino, o ex-ministro de Dilma disse que vai esperar o segundo turno das eleições municipais passarem para definir, com aliados, onde deve se abrigar. “Vamos definir isso com o conjunto de companheiros, após passarem as eleições. Faremos uma avaliação dos vários convites que nos foram dirigidos por partidos que atuam aqui no Estado”, contou o ex-senador, frisando que não estará em partidos que integrem a base do governo Paulo Câmara. “O fato certo é que iremos para um partido que, claramente, seja do campo oposicionista em Pernambuco”, cravou.

Armando Monteiro Neto ainda rechaçou a ideia de que esteja colocando como condição de filiação a garantia de que ele seja candidato ao governo ou ao Senado. “Eu tenho a pretensão de ser protagonista ou de liderar um partido. O que quero é estar em boa companhia. Isto é, ter uma boa identificação com as pessoas que integram o partido e uma identificação programática”, afirmou.

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