O deputado estadual licenciado, Claudiano Martins Filho (PP), deverá se reunir com o governador Paulo Câmara (PSB) e o presidente estadual do seu partido, Eduardo da Fonte, nesta terça-feira (18), às 11h, para definir detalhes sobre a posse como secretário de Desenvolvimento Agrário. Com a saída de Dilson Peixoto confirmada pela entrega de cargos do Partido dos Trabalhadores na gestão estadual, ao contemplar o PP para o comando da pasta, o governo acaba por apaziguar os ânimos da legenda progressista, que não escondeu a insatisfação com os espaços ofertados pelo prefeito do Recife, João Campos (PSB), através da Secretaria de Habitação.
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Antes mesmo de Eduardo da Fonte vir a público externar a insatisfação com os socialistas, que depois classificou o episódio como uma "DR" (discussão de relacionamento), Claudiano Martins Filho já havia tirado uma licença de 120 dias das atividades parlamentares. Isso aumentou a expectativa de que o partido poderia vir ocupar uma secretaria no Governo do Estado.
"É muito importante essa conquista no partido, afinal de contas temos 11 deputados na Alepe. Nós sempre fomos um aliado de primeira hora do PSB, desde 2006 com Eduardo Campos, então foi justa a secretaria para o partido", declarou Fabrizio Ferraz, ao JC.
"Claudiano foi presidente da comissão de Agricultura, é muito ligado a essa parte da agricultura, da bacia leiteira, além de ser um nome de unanimidade dentro do partido. Claudiano goza de um bom trânsito com todos os deputados do PP", complementou o correligionário. A reportagem entrou em contato com Claudiano, mas não houve retorno até a publicação desta matéria.
O líder do PP na Assembleia Legislativa, Clóvis Paiva, também endossa a escolha por Martins Filho para chefiar a Secretária de Desenvolvimento Agrário, relembrando que isso estava previsto desde que o PT passou a fazer oposição no Recife, com a candidatura da deputado federal Marília Arraes.
"Como o PP possui 11 deputados, agora quatro vereadores e sempre esteve com o PSB, declarando em primão mão o apoio a João Campos, nós esperávamos ocupar um espaço maior tanto na prefeitura como no Governo do Estado", ressaltou o deputado. "Essa secretária é muito importante e estratégia para o governo. Acredito na competência de Claudiano, que apesar de ser jovem, já possui três mandatos como deputado estadual", afirmou o líder do PP.
Um dia após se ter se reunido com o governador Paulo Câmara (PSB), na última terça-feira (12), o presidente estadual do PP, Eduardo da Fonte, minimizou as possíveis divergências entre os dois partidos. A fala do dirigente, ao JC, ocorreu durante a agenda do deputado federal Arthur Lira (PP-AL) e candidato a presidente da Câmara dos Deputados, no Estado, para pedir votos da bancada federal pernambucana.
"Nós temos uma relação histórica com o PSB. Desde 2006, quando chegamos a Câmara Federal, que o partido acompanha a nível estadual os governos do PSB e é natural que haja na política algumas DRs, discutir a relação. Isso é importante para engrandecer o debate também no estado de Pernambuco e para que a gente possa contribuir com o desenvolvimento de Pernambuco", afirmou o deputado ao JC.
Recentemente, Eduardo da Fonte queixou-se publicamente do espaço oferecido ao PP na formação do secretariado do prefeito do Recife João Campos (PSB). O partido foi contemplado com a Secretaria Municipal de Habitação, assumida por Maria Eduarda Médicis, mas a pasta cobiçada na realidade era a de Saneamento, ocupada por Oscar Barreto (PT) no governo de Geraldo Julio (PSB) e, atualmente, por Érika Moura.
Quase dois meses depois da realização do segundo turno da eleição do Recife entre João Campos (PSB) e Marília (PT), o PT anunciou o rompimento formal do partido com o governo Paulo Câmara (PSB) e entregou os seus cargos na administração pública, sendo o principal o comando da Secretaria de Desenvolvimento Agrário.
O motivo do desembarque da base foi a postura adotada pelo PSB na campanha de apostar no antipetismo, sobretudo no segundo turno, o que foi classificado como "inaceitável, desrespeitoso e incompatível com o histórico de relacionamento" entre PT e PSB.
Lideranças petistas que antes eram a favor da permanência do PT na Frente Popular, em especial o senador Humberto Costa (PT), bancaram o rompimento. A bancada do PT na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) adotará uma posição de independência, visto que o bloco de oposição é formado por partidos de centro-direita.