O prefeito do Recife, João Campos (PSB), terá uma reunião nesta quarta-feira (10), com o novo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). O encontro será na residência oficial do parlamentar, às 10h, no entanto a pauta ainda não foi divulgada. Apesar de ter afirmado publicamente que não lhe caberia “interferir” no voto dos deputados federais do PSB, aliados e correligionários confirmaram o apoio de João Campos dentro do partido pela eleição de Lira, contrariando o apoio formal do partido ao então candidato Baleia Rossi (MDB-SP). Essa é a primeira vez que os dois vão se encontrar após a eleição para o comando da Casa.
O prefeito, porém, não divulgou o encontro em sua agenda oficial, que traz apenas audiências em Brasília no Banco de Desenvolvimento da América Latina e na Secretaria do Tesouro Nacional.
O prefeito chegou a ser cobrado duramente nas redes sociais, através de um movimento encabeçado por artistas, para se posicionar contra o parlamentar alagoano, que foi abertamente apoiado pelo presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido). Após uma publicação feita pelo ator e apresentador João Vicente Castro, o prefeito do Recife também utilizou as redes sociais para afirmar que não poderia interferir no processo por não ser mais deputado federal.
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“Na condição de prefeito da cidade do Recife, não participo da eleição para presidente da Câmara e nem interfiro no voto de ninguém. Tenho muito respeito pelo Legislativo e pelos parlamentares que foram eleitos democraticamente, pelo voto popular.”, declarou o socialista.
Desde que iniciou o processo de sucessão do deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) pelo comando da Casa, o PSB foi um dos partidos que se viu rachado entre a ala dos que apoiaram o nome de Arthur Lira e os que defendiam a postulação de Baleia Rossi. E o conflito de posicionamentos ainda perdura. Nesta terça-feira (9), no primeiro grande desafio de articulação de Lira colocado a prova com a votação do projeto de lei que assegura a autonomia do Banco Central, o PSB se colocou contra a aprovação do regime de urgência do PLC 19/2019.
O novo líder do PSB, o deputado federal Danilo Cabral, orientou a bancada a votar não, com o argumento que para além do mérito, a prioridade neste momento são os projetos que ajudem a população a sair da crise gerada na pandemia da covid-19. No entanto, uma nova divisão foi constatada - dos 30 deputados socialistas, 10 votaram pela aprovação do regime de urgência do Projeto de Lei Complementar e 19 seguiram a orientação da bancada e votaram contra. No total, a urgência acabou sendo aprovada pela Câmara dos Deputados com 306 votos favoráveis e 109 contra. Agora, se inicia a análise do projeto.