CPI no Recife

Oposição de esquerda da Câmara do Recife ainda não fechou questão sobre apoio à CPI da Covid

Vereadores da oposição à esquerda devem protocolar um pedido de abertura da CPI da covid-19 até sexta-feira (28), mas eles precisam do apoio dos vereadores oposicionistas do PT e Psol para obter as 13 assinaturas necessárias

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Luisa Farias

Publicado em 24/05/2021 às 21:01 | Atualizado em 25/05/2021 às 19:05
A vereadora Liana Cirne (PT). Aposta de Humberto. - CARLOS LIMA/CMR

A bancada de oposição da esquerda da Câmara do Recife - grupo com posicionamento contra o governo de João Campos (PSB) mas que não tem alinhamento automático à oposição de direita - ainda não fechou questão sobre o apoio ou não ao pedido de abertura de CPI na Casa para investigar gastos no combate à pandemia pelo município. 

Os seis vereadores dos partidos de oposição à direita PSC, Podemos e DEM, devem protocolar em conjunto o pedido até a próxima sexta-feira (28). O grupo é formado por Renato Antunes (PSC), Felipe Alecrim (PSC), Fred Ferreira (PSC), Tadeu Calheiros (Podemos), Júnior Tércio (Podemos) e Alcides Cardoso (DEM). 

Eles foram motivados pela denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) à Polícia Federal no âmbito da Operação Apneia contra seis pessoas, entre elas o ex-secretário de Saúde do Recife Jailson de Barros Correia.

Para obter as 13 assinaturas mínimas necessárias para protocolar o pedido de abertura da CPI, eles vão buscar o apoio dos vereadores dos partidos progressistas: Dani Portela (Psol), Ivan Moraes (Psol), Liana Cirne (PT), Jairo Britto (PT) e Osmar Ricardo (PT). Seria necessário também os votos de vereadores governistas para que a conta feche. 

Procurada pelo JC, Liana Cirne, líder da bancada do PT na Casa, informou que ainda não havia lido a íntegra da denúncia do MPF contra os alvos da Operação Apneia, e só iria adotar um posicionamento depois disso. "Como eu ainda não fiz a leitura, eu só tenho acompanhado pela imprensa, eu não considero que seja suficiente para me manifestar sobre um assunto que exige responsabilidade e seriedade", afirmou Liana.

No início da atual legislatura, em janeiro de 2021, quando o PT escolheu Liana como líder da bancada. Na ocasião, o grupo aprovou uma postura de oposição ao governo do prefeito João Campos (PSB).

Em fevereiro, o diretório municipal do PT aprovou uma resolução que estabelecia a uma posição independente da bancada em relação ao governo municipal. "O PT é um partido de esquerda e independente, temos uma resolução que nos coloca em um campo de independência à esquerda", salientou Liana. 

Já em abril, a executiva do PT em Pernambuco emitiu nota falando sobre a possibilidade de analisar uma aliança com a Frente Popular, liderada pelo PSB no estado. Os dois partidos ensaiam uma reaproximação até mesmo no âmbito federal, em meio a acenos do ex-presidente Lula em direção ao governador Paulo Câmara (PSB). 

Segundo o vereador Jairo Britto, a bancada do PT deve se reunir nesta semana para deliberar sobre a CPI. Ele salienta que é preciso entender qual é a justificativa para a abertura, já que ao protocolar o pedido, é preciso delimitar um fato concreto a ser investigado pela comissão. "Depende do que já tem, do fato concreto, todos esses pontos que conduzem a abertura da CPI", explicou Jairo. 

Na legislação anterior, no ano de 2020, o então vereador Jayme Asfora (sem partido) tentou abrir uma CPI, também para investigar os gastos com a covid-19 pela PCR. Ela seria focada em sete dispensas de licitação, investigadas na Operação Antídoto da Polícia Federal. O pedido acabou sendo arquivado, por falta do número mínimo de assinaturas. 

Jairo foi um dos que se posicionou de forma contrária à criação da comissão, por determinação do  partido. "A gente (PT) estava na base do governo. Como hoje nós somos independentes, a gente precisa fazer uma reunião de bancada ,ver a justificativa, para tomar um posicionamento", disse o petista. 

O JC não conseguiu contato com o vereador Osmar Ricardo. 

Psol

O vereador Ivan Moraes (Psol), líder do Psol na Câmara, se comprometeu a assinar o requerimento de abertura da CPI, assim como o fez em 2020 no pedido de Jayme Asfora.

Na época, apenas seis vereadores apoiaram a iniciativa: Jayme Asfora, André Régis (PSB), Rogério de Lucca (PP), que não foram reeleitos, além de Renato Antunes, Fred Ferreira e Ivan Moraes, que continuam na Câmara e Michele Collins, única da lista que é governista detentora de mandato.

"Acho que há coisas que precisam ser melhor negritadas e não vejo nenhum veto a possibilidade da gente puder investigá-las. O que mudou na minha opinião se os fatos são os mesmos?", disse o psolista

Ivan é um dos membros da Comissão Especial Interpartidária de Acompanhamento do Coronavírus na Câmara. A existência desta comissão foi citada pelo líder do governo na Casa, Samuel Salazar (MDB), como um questionamento a necessidade de ser criada uma CPI, já que a comissão especial já faz um trabalho de fiscalização.

Dani Portela (Psol) foi na mesma linha de Liana, ao afirmar que não havia se debruçado sobre a denúncia do MPF para emitir um posicionamento. De forma geral, a psolista disse defender o investimento na saúde, principalmente no momento atual de pandemia. "Mas (defendo) o uso responsável dos recursos públicos na saúde. A gente precisa usar os recursos de saúde com responsabilidade, com transparência e com lisura", completou Dani. 


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