De passagem por Brasília nesta terça-feira (22) para cumprir compromissos oficiais e partidários, o prefeito do Recife, João Campos (PSB), se reuniu com o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, e com o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), oposicionista severo dos socialistas em Pernambuco. Apesar de o encontro ter reacendido rumores de uma possível reaproximação entre FBC e o PSB, o líder do governo Bolsonaro é taxativo ao afirmar que não existe possibilidade de um realinhamento político entre o seu grupo e a Frente Popular.
"Me reuni, há pouco, com o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, e com o senador Fernando Bezerra Coelho para discutir importantes projetos para o Recife. Na pauta, ações para a melhoria da infraestrutura da cidade, com a ampliação de nossas parcerias com o banco público", afirmou João Campos, através de nota.
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Questionado se questões políticas também estiveram entre os temas abordados na reunião, FBC foi enfático ao dizer que sua agenda com João foi um compromisso meramente institucional. "Tenho trabalhado por todos os municípios. O prefeito João Campos solicitou o meu apoio para importantes intervenções na nossa capital. O governo federal tem trabalhado de forma democrática e sem discriminação", cravou o senador.
Antigo aliado do pai de João, o ex-governador Eduardo Campos, Fernando Bezerra Coelho foi eleito senador em 2014, na chapa que levou o governador Paulo Câmara (PSB) ao seu primeiro mandato em Pernambuco. Na época, ele ainda era filiado ao PSB, sigla em que permaneceu durante 12 anos.
Devido a divergências internas, o parlamentar deixou as hostes socialistas em 2017 para ingressar no MDB, levando consigo o prefeito de Petrolina e seu filho, Miguel Coelho. Hoje, o plano do seu grupo político - que inclui ainda o deputado federal Fernando Filho (DEM) e o deputado estadual Antônio Coelho (DEM) - é levar o MDB para a oposição e lançar Miguel candidato ao governo estadual em 2022.
Na contramão desse projeto, nos últimos meses surgiram rumores de que FBC, que ainda tem boa relação com parte do PSB pernambucano, estaria ensaiando um retorno à Frente Popular e, inclusive, seria candidato ao senado na chapa da situação. Quando perguntado se há alguma chance disso ocorrer, o senador é lacônico em sua resposta: "não".
Investimentos
Em Brasília, João pleiteou uma parceria com a Caixa para projetos viários no Recife. Segundo a prefeitura, a solicitação "inclui a construção de conexões que encurtem distâncias físicas e socioeconômicas, valorizando o pedestre, o ciclista e o entorno de áreas importantes da cidade".
A gestão municipal acrescenta que, na ocasião, foram apresentadas ao banco público iniciativas como "as obras da II Perimetral, entre a Avenida Abdias de Carvalho e o Viaduto do Parnamirim, que estão em andamento; a Radial Sul, que está com projeto básico concluído e fará a ligação entre a Avenida Recife e a BR-101; o binário Jean Emile Favre, que tem projeto executivo concluído e ligará a Avenida Marechal Mascarenhas de Morais e a Avenida Recife".
Outros projetos, que ainda serão iniciados, também estiveram em pauta, como as conexões Areias-Imbiribeira (que liga as Avenidas Marechal Mascarenhas de Morais e Recife), Cordeiro-Casa Forte (conectando as Avenidas Caxangá e Dezessete de Agosto), e Areias-Caçote (com a ligação entre a Radial Sul e Avenida Dr. José Rufino).
Reforma da Previdência
No último dia 7, a Prefeitura do Recife encaminhou para a Câmara de Vereadores cinco projetos de lei para realizar uma série de modificações no regime previdenciário dos servidores do município. Entre as justificativas dadas pelo Executivo para promover as mudanças, estava o fato de que, com a "implementação de um conjunto de medidas e práticas que dialogam com a otimização da situação fiscal do município, o que inclui a aprovação de mudanças na gestão de pessoal em trâmite na Câmara Municipal", a prefeitura promoveria a melhoria da sua classificação do CAPAG junto ao Tesouro Nacional.
A CAPAG, ou Capacidade de Pagamento, verifica a situação fiscal de estados e municípios que têm a intenção de contrair empréstimos com garantia da União. Ou seja, na visão do Tesouro Nacional, um Ente Subnacional que tem compromisso com a saúde das suas finanças teria menos chance de dar um calote na União do que aquele que não tem essa preocupação.
Sendo assim, com a aprovação da reforma previdenciária, que ocorreu na última segunda-feira (21), a prefeitura espera que negociações para a contratação de operações de crédito com a Caixa, por exemplo, ocorram mais facilmente no futuro, possibilitando um crescimento nos investimentos na capital pernambucana.