Partidos de oposição, parlamentares de diferentes campos políticos, entidades da sociedade civil e personalidades apresentaram nesta quarta-feira (30) um "superpedido" de impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O documento é assinado por nomes como Joice Hasselmann (PSL-SP), Kim Kataguiri (DEM-SP), Alexandre Frota (PSDB-SP), ex-aliados do presidente. Veja abaixo a lista de quem assinou o pedido de impeachment:
- Mauro de Azevedo Menezes, membro da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD);
- Tânia Maria de Oliveira, integrante Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD);
- Sônia Guajajara, coordenadora-executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB);
- Inácio Lemke, presidente do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic);
- Paulo Jerônimo de Sousa, presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI);
- Marco Aurélio de Carvalho, coordenador do Grupo Prerrogativas;
- Raimundo José Arruda Bastos, coordenador da Associação Brasileira de Médicos e Médicas pela Democracia (ABMMD);
- Iago Montalvo Oliveira Campos, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE);
- Rozana Fonseca Barroso da Silva, presidente da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (Ubes);
- Cristina de Faria Cordeiro, presidente da Associação Juízes para a Democracia (AJD);
- Gabriel Napoleão Velloso Filho, desembargador do Trabalho e integrante da Associação Juízes para a Democracia (AJD);
- Claudia Maria Dadico, Associação Juízes para a Democracia (AJD);
- Ana Paula Costa Barbosa, representante do Coletivo Defensoras e Defensores Públicos pela Democracia;
- Sheila Santana de Carvalho, da Coalizão Negra por Direitos;
- Douglas Belchior, da Coalizão Negra por Direitos;
- Symmy Larrat Brito de Carvalho, presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis e Transexuais (ABGLT);
- Vanessa Patriota da Fonseca, integrante do Fórum Social Mundial Justiça e Democracia (FSMJD);
- Mauri José Vieira da Cruz, integrante do Fórum Social Mundial Justiça e Democracia (FSMJD);
- Nalu de Faria da Silva, da Marcha Mundial das Mulheres;
- Maria Anna Eugênia do Valle Pereira Stockler, representante da 342 Artes;
- Raimundo Vieira Bonfim, coordenador-geral da Central de Movimentos Populares (CMP);
- Guilherme Boulos, coordenador da Frente Povo Sem Medo;
- Alex Sandro Gomes, presidente da Associação Nacional das Torcidas Organizadas do Brasil (Anatorg);
- João Paulo Rodrigues Chaves, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST);
- José Reginaldo Inácio, presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST);
- Adilson Gonçalves de Araújo, presidente nacional da Central de Trabalhadores e Trabalhadores do Brasil (CTB);
- Edson Carneiro da Silva, presidente da Intersindical Central da Classe Trabalhadora;
- Sérgio Nobre, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT);
- Atnágoras Teixeira Lopes, da Central Sindical e Popular Conlutas;
- Miguel Eduardo Torres, presidente da Força Sindical;
- José Gozze, presidente nacional da Pública Central do Servidor;
- Edmilson Silva Costa, secretário-geral do PCB;
- Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB;
- Gleisi Hoffmann, presidente nacional do PT;
- José Maria de Almeida, presidente nacional do PSTU;
- Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL;
- Carlos Lupi, presidente nacional do PDT;
- Leonardo Pericles Vieira Roque, presidente nacional da Unidade Popular (UP);
- Luciana Santos, presidente nacional do PCdoB;
- Rui Costa Pimenta, presidente da Executiva Nacional do PCO;
- Heloísa Helena, presidente da Rede Sustentabilidade;
- Wesley Elderson Diógenes Nogueira, da Rede Sustentabilidade;
- Roberto Freire, presidente Nacional do Cidadania;
- Joice Hasselmann, deputada federal (PSL-SP);
- Kim Kataguiri, deputado federal (DEM-SP);
- Alexandre Frota, deputado federal (PSDB-SP).
Cabe ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), decidir se aceita ou não o pedido, e cabe ao Plenário da Casa a decisão sobre a abertura ou não do processo.
O documento lista 23 tipos penais, que seriam supostamente os crimes de responsabilidade cometidos por Bolsonaro. Entre eles estão a acusação de cometer ato de hostilidade contra nação estrangeira; de atentar contra o livre exercício dos Poderes Legislativo e Judiciário e dos Poderes constitucionais dos Estados; de cometer crime contra a segurança nacional, ao endossar manifestações que conclamavam a intervenção militar, a reedição do AI-5 e o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal; de interferir indevidamente na Polícia Federal para a defesa de interesses pessoais e familiares; de agravar a pandemia com práticas negacionistas e agressões ao direito à saúde, entre outros.
O líder da Oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ), afirmou que esse “superpedido” de impeachment unifica vários outros pedidos já apresentados. Ele explicou que as últimas denúncias envolvendo a compra de vacinas e supostas irregularidades não fazem parte do documento, mas trazem mais força para o pedido.“Este é um governo que vende a vida dos brasileiros por um dólar”, afirmou Molon.
O deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), destacou que, em condições normais, não estaria no mesmo palanque de diversos partidos de esquerda, mas ressaltou que é um momento que une partidos de direita, de centro e de esquerda.
“É um pedido de impeachment que possui uma causa legítima, para derrubar esse governo que mais promoveu morticídio, genocídio e destruiu a máquina pública para blindar os próprios filhos”, protestou Kataguiri.
A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), que já foi líder do governo no Congresso no primeiro ano do governo Bolsonaro, afirmou que o endosso ao pedido não é uma questão ideológica. Segundo ela, Bolsonaro desmoralizou o Exército e agiu de maneira inacreditável na condução da pandemia.
“Poderíamos ter 200 mil mortos a menos no País se tivéssemos vacina, distanciamento e uso de máscara. Temos uma pessoa que tira máscara de bebezinho. Duzentos mil mortos é o equivalente ao que a bomba atômica matou em Hiroshimna e Nagazaki. Ele jogou duas bombas no País. Quem tem amor por esse País não pode aceitar isso”, disse a parlamentar.
O advogado Mauro de Azevedo Menezes, um dos autores do pedido, afirmou que quem atenta contra a Constituição comete crime de responsabilidade.“As forças mais diversas esperam que esse pedido seja admitido o processo de impeachment contra um governo que destrói as instituições brasileiras”, disse.
Defesa do governo
O deputado Carlos Jordy (PSL-RJ) afirmou que o governo Bolsonaro é vítima de narrativas falsas construídas diariamente para destruir a imagem do presidente.“O governo tem comprado vacinas, não tem medido esforços para a manutenção dos empregos através de linhas de crédito e de auxílios emergenciais, mas, como não conseguem encontrar nada, nem mesmo casos de corrupção, criam-se narrativas a todo momento para poder respingar no presidente Jair Bolsonaro”, criticou Jordy.
O deputado Bibo Nunes (PSL-RS) afirmou que o pedido apresentado nesta quarta-feira é feito pela oposição, que é contra tudo e a favor de nada, do quanto pior melhor. Segundo ele, esse chamado “superpedido” vai ser desmoralizado.“Pedir o impeachment de Bolsonaro baseado no quê? Com que roupa vem esse pedido? Não tem improbidade. Não tem erro algum do governo. O que tem são falsas acusações, sem fundamento algum”, disse Nunes.