Além do Grito dos Excluídos e das Excluídas, outra manifestação contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ocorreu na manhã desta terça-feira, 7 de setembro. No bairro da Madalena, Zona Oeste do Recife, foram registrados panelaços e gritos de "Fora, Bolsonaro" no dia em que o chefe do executivo convocou apoiadores a realizar manifestações pelo país.
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Já no Centro do Recife, a 27ª edição do Grito dos Excluídos e das Excluídas ocupa a Praça do Derby. Às 11h, o grupo começou a sair em passeata pela Conde da Boa Vista indo até a Praça do Carmo. Os organizadores do evento pediram que os participantes usem uma máscara com alta proteção contra a covid-19, levem o álcool 70 ou em gel e pratiquem o distanciamento social para evitar a contaminação pelo coronavírus.
A concentração acontece ao som de músicas de Geraldo Vandré, Gonzaguinha e Alceu Valença. Alguns chegaram às 7 horas. “O grito nunca foi tão necessário. A vida se tornou pior nos últimos dois anos, e o Brasil tem que ser mais inclusivo. E, este ano, estamos dizendo também que queremos a democracia”, afirmou um diretor estadual da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Paulo Ubiratan. No centro da Praça, um grupo em círculo dizia: “Fora Bolsonaro”. Muitas pessoas usam camisas com esta mesma frase, além de portar bandeiras do Brasil.
O Grito dos Excluídos e das Excluídas é organizado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e conta com a colaboração das pastorais sociais da Igreja Católica, organizações civis e movimentos sociais. A CUT é uma da apoiadoras da iniciativa. Além deles, devem participar do protesto os movimentos de luta de mulheres, de negros, sem teto, sem terra, sindicatos, partidos ligados à esquerda e o Fora Bolsonaro.
De acordo com uma nota emitida pela organização nacional do ato, também está na pauta do evento “as quase 580 mil mortes pela covid-19; o desmonte da saúde pública (SUS); o desemprego; A não demarcação das terras indígenas e o grito profético dos povos indígenas dizendo ‘Não ao Marco temporal’”; entre outros pontos. O movimento “Fora Bolsonaro” também será reforçado na manifestação.
Mais atos neste 7 de setembro
A capital pernambucana terá, pelo menos, mais dois grandes atos neste 7 de setembro, dia que marca a independência do País, ambos de movimentos e partidos de direita e marcados para às 10h : uma passeata - liderada pela Aliança por Pernambuco e pelo Movimento Direita Pernambuco - e a carreata da "Independência Dia 07/Dia D pela nossa liberdade", organizada pelo B38. Ambas ocorrerão na Zona Sul do Recife.
Liderada pelo Movimento Direita Pernambuco entre outros, a passeata vai se concentração em frente a Padaria Boa Viagem, seguindo até o Segundo Jardim, também em Boa Viagem. Já a concentração da carreata acontecerá na Imbiribeira, próximo ao Banco do Brasil. De lá, os participantes devem ir até a Padaria Boa Viagem e encerrar também no Segundo Jardim.
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"São mais de 10 grupos de direita que fizeram as convocações. A nossa expectativa é grande de juntar em torno de 30 mil pessoas", diz um dos líderes do Movimento Direita Pernambuco, Mateus Henrique de Souza, se referindo a caminhada. Ao ser questionado sobre a realização de um ato deste numa pandemia, ele respondeu que "boa parte das pessoas já estão vacinadas e quem quiser pode ter todos os cuidados necessários" com relação à contaminação pelo coronavírus. Os organizadores também vão vender máscaras por R$ 4 durante a passeata.
Mateus disse também que os organizadores desejam que o evento seja pacífico e tranquilo. "O evento ocorre em alusão à independência do Brasil tocando nas feridas do Supremo Tribunal Federal (STF) que está mandando prender jornalistas, professores e deputados sem o devido processo legal", afirmou Mateus. E acrescentou: "opinião não pode ser motivo de prisão. O que pode dar prisão são opiniões que incluam racismo, preconceito e agressões". Segundo ele, os organizadores protocolaram um ofício na Polícia Militar dizendo as informações do evento. Os atos de apoio ao presidente devem contar com a participação de políticos como os deputados estaduais Clarissa Tércio e Alberto Feitosa, ambos do PSC.
O STF é a instância máxima da Justiça no Brasil e o presidente Jair Bolsonaro chegou a propor, ao Senado, o impeachment de um dos ministros daquele tribunal, Alexandre de Moraes, que mandou prender o ex-deputado bolsonarista Roberto Jefferson depois dele pedir o fechamento da Suprema Corte e a cassação de todos os seus ministros. O pedido do presidente não foi aceito pelo Senado.
Segurança dos três atos
Ao ser questionada de como será a segurança dos três eventos, a Polícia Militar de Pernambuco (PMPE) informou, em nota, "que atuará, conforme planejamento operacional elaborado ao longo da semana para garantir que o exercício da democracia seja realizado de forma pacífica nas manifestações do feriado de 7 de setembro. O detalhamento de lançamento de efetivo não será divulgado por questões estratégicas. A PMPE não propaga previsão do número de participantes com expectativa em eventos, visando evitar especulações. O efetivo que será lançado nos locais atuarão dentro da técnica, legalidade, da prevenção à violência e proteção do cidadão. Isso baseado na recomendação recebida do Ministério Público de Pernambuco, solicitando uso moderado da força em caso de intervenção no terreno, observando o direito à vida, à liberdade e à integridade física da população, bem como à liberdade de expressão, manifestação do pensamento e de reuniões em locais abertos ao público".
Um dos últimos eventos promovidos por partidos de esquerda no Recife deixaram pessoas feridas em confronto com a PMPE, incluindo dois homens que iam passando no momento do protesto e perderam a visão: Daniel Campelo da Silva, de 51 anos, e Jonas Correia de França, de 29 anos.
O governo de Pernambuco já informou que só poderão participar dos protestos os PMs que estejam de folga. Nesta segunda-feira (6), o governador Paulo Câmara (PSB) disse que serão punidos todos os PMs que descumprirem a hierarquia no 7 de setembro.