Legislativo

Câmara do Recife pode ter comissão para discutir sobre o Carnaval de 2022

Proposta é criar Comissão Especial para discutir não só a realização do Carnaval, mas também do São João, que não foi realizado nos últimos dois anos

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Luisa Farias

Publicado em 25/11/2021 às 16:28 | Atualizado em 25/11/2021 às 20:07
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Atualizada às 19h19

A realização ou não do Carnaval de 2022 já toma conta do debate público desde o avanço da vacinação  contra a covid-19 no Brasil e a proximidade com a data, e agora os vereadores do Recife se articulam para criar uma Comissão Especial para discutir a retomada das festividades. 

Esta comissão trataria não só do Carnaval, mas também do São João, ainda mais prejudicado pois não foi realizado em 2020 nem em 2021, e outros grandes eventos no Recife. A Prefeitura do Recife instituiu neste ano o Auxílio Municipal Emergencial (AME) Carnaval e o AME São João, um apoio financeiro para grupos culturais e artistas que trabalharam em editais anteriores das festas. 

O propositor da frente é o vereador Marco Aurélio Filho (PRTB). Ele informou que está em contato com membros da Comissão Especial de Acompanhamento da Retomada dos Eventos da Câmara de Salvador e da Comissão Especial de Carnaval da Câmara do Rio de Janeiro. Nesta sexta-feira (26), Marco Aurélio deve se reunir com o presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Pedro Miguel, na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). 

O requerimento de criação do grupo deve ser apresentado na próxima semana no plenário da Casa José Mariano. A expectativa é que, se for ele aprovado, logo em seguida seja instalada a comissão, para assim serem definidos os membros. O grupo só poderá ter no máximo sete integrantes, de acordo com o Regimento Interno da Casa. 

A comissão deve discutir dois cenários: como vai se dar a organização do Carnaval caso seja realmente confirmado, e o que será feito pelo poder público caso não houver possibilidade dele ser realizado. 

"Em havendo a retomada do carnaval, como vai ser essa retomada? Está tudo muito perdido, porque a gente só pode tomar uma decisão quando a saúde der um direcionamento para a gente. Em não havendo, como vai ser, vai ser só carnaval indoor, como alguns estão defendendo, vai adiar o carnaval para julho?", questionou Marco Aurélio. 

O vereador adiantou que é contrário à restrição do Carnaval apenas em eventos privados. Várias festas e shows já estão com ingressos sendo vendidos para o período. O Galo da Madrugada, por exemplo, já anunciou o tema do bloco e detalhes do desfile para o próximo ano. 

"Se tiver esse discurso de fazer carnaval indoor, então é festa para rico e não tem para pobre. Ou tem carnaval ou não tem. Neste final de semana tivemos esta com quase 5 mil pessoas, mas a festa popular tradicionalmente conhecida, como fica, como seria esse escopo? Eu pergunto se a gente realmente está pronto. A gente precisa ter essa discussão", disse o vereador. 

O vereador Ivan Moraes (Psol) apresentou um requerimento (nº 12490/2021) para a realização de uma audiência pública com o tema: "Vai ter carnaval? as possibilidades e impossibilidades da folia diante da pandemia do covid-19".

Ele solicita a participação do secretário estadual de Saúde, André Longo, da secretária de saúde do Recife, Luciana Albuquerque, do secretário de Cultura do Recife, Ricardo Mello, do presidente da Fundação de Cultura, José Manoel Sobrinho, e um representante Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). 

Atualmente já é permitida a ocupação de 50% da capacidade de público dos estádios de futebol para assistir aos jogos desde 15 de novembro. Para shows, eventos sociais e corporativos, o público máximo permitido será de 7 mil pessoas presentes ou 50% da capacidade do local a partir do dia 29 de novembro, conforme anunciado nesta quinta-feira (25) pelo Governo de Pernambuco. 

"Não pode ter carnaval de jeito nenhum, mas, se tocar frevo nessa festa com cinco mil pessoas, isso não é carnaval? Há festas de carnaval acontecendo hoje, enquanto estamos falando", disse o vereador na sessão da terça-feira (23). "Essa discussão precisa ser feita sem hipocrisia. O que não se pode é se apegar aos extremos. É irresponsável dizer hoje que vai ter carnaval de todo jeito, como também é irresponsável dizer que não pode ter carnaval de jeito nenhum", completou. 

Em contrapartida, alguns vereadores já se colocam de pronto contra o carnaval nas condições normais, como é o caso de Michele Collins (PP). A vereadora apresentou um requerimento (nº 12.039/2021) com uma indicação ao prefeito João Campos (PSB) para que não haja a festa nos meses de fevereiro e março de 2021, em decorrência da covid-19. 

Segundo a vereadora, a proposta é para que avaliem um adiamento do Carnaval, a depender da melhoria dos indicadores relacionados à pandemia. Ela demonstrou inclusive o interesse em integrar a comissão especial. 

"O meu objetivo de entrar na comissão é para provocar isso, a gente ouvir os especialistas, o pessoal da saúde, porque no meu ponto de vista não temos condições nenhuma de fazer carnaval. A gente vê na Europa já está prevendo que vai morrer 700 mil pessoas, a gente está vendo o mesmo filme de terror que a gente viu atrás", argumentou. 

Michele Collins também chamou atenção para um olhar voltado para toda a cadeia econômica que tem o Carnaval como sua principal fonte de renda. "A gente não pode esquecer de quem trabalha e vive desse movimento cultural da cidade", completou a vereadora. 

O líder da oposição, Renato Antunes (PSC), já se manifestou de forma contrária a realização do Carnaval, mas elogiou a iniciativa da criação de um colegiado para tratar do tema. 

"O intuito é discutir o carnaval no Recife de maneira segura, considerando os dados da pandemia na Europa e escolas ainda fechadas, por exemplo. Eu sou a favor da realização do carnaval online, que a prefeitura garanta assistência, mas por questões de controle sanitário, não seja aberto em rua, se houver seja em ambientes fechados, comprovante de vacinação e teste negativo", apontou. 

Debate

A proposta de criação do colegiado aponta que o tema será discutido "de acordo com as orientações técnicas e científicas disponíveis", mesma linha do que vem sendo defendido pelo Governo de Pernambuco e a Prefeitura do Recife.

O prefeito de Olinda, Professor Lupércio (SD), informou que está preparando a cidade para o carnaval, inclusive realizando licitações, apesar de admitir que a festa pode ser cancelada a depender da situação da pandemia futuramente. 

O governador Paulo Câmara (PSB) afirmou que a realização do Carnaval ainda está sendo avaliada. "A gente não tem ainda condição de externar nada oficialmente, mas todo dia está se vendo número, taxa de contaminação, óbitos que infelizmente ainda ocorrem. Estamos vendo o que está acontecendo no mundo", disse o socialista ao ser questionado pelo JC na quarta-feira (24). 

O prefeito do Recife, João Campos (PSB), defendeu na última sexta-feira (19) a criação de um comitê com prefeitos de cidades como o Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), Salvador, ACM Neto, São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) e Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), que tradicionalmente realizam festas robustas de Carnaval. 

 

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