A decisão do PT de indicar o nome do senador Humberto Costa (PT) para encabeçar a chapa majoritária da Frente Popular foi vista como uma tentativa de pressionar o PSB, líder do grupo, que segue na indefinição de um nome que irá disputar a sucessão do governador Paulo Câmara (PSB). O nome natural seria o do ex-prefeito do Recife e secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Geraldo Julio, mas ele segue negando que será candidato.
Em uma reunião do Diretório Estadual do PT, realizada no domingo (19), a sigla aprovou uma série de indicativos tendo em vistas as eleições de 2022, especialmente a defesa de um palanque único em Pernambuco para apoiar o ex-presidente Lula, pré-candidato para a disputa presidencial.
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"Considerando o debate nacional pela construção de uma frente ampla e que se reproduza também nos estados, estamos disponibilizando o nome do senador Humberto Costa para ser apreciado pela frente popular de Pernambuco como candidato a Governador", diz trecho da resolução.
Segundo defendeu presidente do PT-PE e deputado estadual Barros, a indicação de Humberto se deu pelo seu peso político dentro do grupo e nada tem a ver com decisões internas do PSB. "Não fizemos nenhuma indicação para tentar acelerar qualquer movimento do PSB, mas sim para poder colocar um nome para apreciação, sem imposição, sem vaidade, dentro de um contexto que nós estamos construindo a nível nacional que é uma grande frente", afirmou Doriel ao JC.
Questões internas
Os membros do diretório aprovaram os termos da resolução com 35 votos a favor, nove contra e cinco abstenções. O encaminhamento, contudo, não foi de total consenso dentro do partido.
O grupo da deputada federal Marília Arraes (PT) votou contra. A petista vinha se colocando como pré-candidata a governadora, assim como ocorreu nas eleições de 2018 quando seu nome acabou rifado em nome de um acordo nacional entre PT e PSB. Apesar disso, não há indicativo de que haja prévias para o próximo ano.
Doriel Barros garantiu que todos os grupos dentro do PT forma consultados e informados sobre a deliberação do último domingo (19). "Temos uma avaliação muito positiva da deputada Marilia, ela é um grande quadro. Mas maioria do partido entendeu que nesse momento do contexto da conjuntura era importante o nome do senador Humberto Costa para essa indicação", explicou Doriel.
Já o grupo da deputada estadual Teresa Leitão (PT) foi o que se absteve de votar. A petista disse ter sido surpreendida pelo conteúdo da resolução, apresentada poucos dias antes da reunião do diretório.
"O nome de Humberto já circula no PT há muito tempo. Se é o nome mais palatável para a Frente Popular que Marília, vamos discutir o que é que a gente vai reivindicar. Acho que faltou um pouco mais de calma, se era para apressar, qual o objetivo?" questionou.
Para a deputada, seria necessário mais tempo para discutir outras possibilidades de ocupação de espaço pelo PT dentro da Frente Popular antes de bater o martelo. "Qual é o melhor lugar do PT nesta chapa majoritária, tem a possibilidade de Humberto ser, trabalhar. Se ele não for, qual é o nosso plano B, a vaga do Senado vamos nos colocar para ela, com quem nós vamos
Teresa afirma que não se opõe a construção do nome de Humberto para a majoritária, por saber que há um movimento nacional que converge para isso. "Mas os movimentos não podem ser isolados, tem que considerar a diversidade do PT e para Humberto ser candidato ele vai precisar de todos nós, agora vamos fazer um processo transparente", disse Teresa.
Ao JC, Humberto reafirmou que reconhece a prerrogativa do PSB de indicar quem será o candidato a governador por liderar a Frente Popular, e que a indicação é uma contribuição do PT para o grupo.
"É uma proposta cujo objetivo é somar, tentar contribuir para chegar a um consenso sobre uma candidatura competitiva que ao mesmo tempo tenha trânsito em toda a Frente Popular, mas sabemos reconhecemos que a prioridade de lançar um candidato é do PSB, até pelo acordo nacional que estamos fazendo", afirmou Humberto.
Com o cenário em que o PSB indique o candidato ao Governo de Pernambuco - que é o que deve ocorrer no final das contas - o PT deve rediscutir qual movimentação fará, de acordo com Humberto.
"Aí a gente vai discutir qual seria o roteiro se nós tivermos uma candidatura pelo PSB ao governo. O pt vai sentar, vai discutir para ver qual é o melhor. É uma decisão do partido", apontou.