Paulo Câmara e Renata Campos querem candidatos diferentes a governador

O prazo para o PSB apresentar o candidato a governador de Pernambuco é até o dia 31 de janeiro
Mirella Araújo
Publicado em 03/01/2022 às 19:55
Governador Paulo Câmara participou da Missa de Ação de Graças acompanhado da primeira dama Ana Luiza, e ao lado de Carlos Siqueira e José Neto Foto: Heudes Regis/SEI


A máxima de que “eleições de 2022 só serão discutidas em 2022” não poderá mais ser aplicada ao PSB, que tem como prazo definir um candidato a governador de Pernambuco até o dia 31 de janeiro. Entre os nomes colocados à mesa internamente no partido, o impasse estaria girando em torno do secretário da Casa Civil, José Neto, sendo este defendido pelo próprio governador Paulo Câmara; e o deputado federal Tadeu Alencar, que seria quadro apoiado por Renata Campos, mãe do prefeito do Recife, João Campos, segundo apontam socialistas em reserva.

No entanto, ainda não há uma certeza concreta de que o ex-prefeito da capital pernambucana e secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Geraldo Julio, esteja totalmente fora do páreo, o que contribui para que a definição do candidato ainda não tenha sido tomada.

Durante a celebração da Missa de Ação de Graças, no último dia 30, na Matriz de Casa Forte, o sucessor de Geraldo fez questão de enaltecer a gestão do correligionário como também enfatizar a relação pessoal que os dois possuem. “Então eu quero aqui publicamente, Geraldo, agradecer tudo o que você já fez por mim, pela nossa amizade e dizer que nós vamos estar sempre juntos. A gente tem uma oportunidade hoje de governar a cidade do Recife, e saber que é muito mais fácil quando a gente recebe uma casa organizada, pra gente poder dar continuidade e seguir trabalhando”, declarou João Campos, na ocasião.

Enquanto isso, estavam na fileira do lado direito da Igreja, o governador Paulo Câmara, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira e o secretário da Casa Civil José Neto - o que reforçou a leitura de que Paulo também quis passar seu recado quanto a ser o principal condutor desse processo de sucessão estadual.

“Existe uma corrente forte dentro do PSB de que a escolha tenha que partir de uma opção política. Um candidato com perfil mais atuante e com mandato eleito. Ainda que não seja a decisão do governador, a escolha deveria seguir nesse sentido”, afirmou uma fonte, em reserva.

Um fato curioso é que, diferentemente das celebrações em anos anteriores, foi notada a ausência de parlamentares estaduais e federais, inclusive dos nomes especulados para a majoritária, como Tadeu Alencar e o líder do PSB na Câmara, Danilo Cabral, na celebração de Ação de Graças. Foram convidados apenas os secretários estaduais e municipais, além dos dirigentes partidários Carlos Siqueira e Sileno Guedes. A falta de um convite formal teria sido para evitar pressão em torno destas especulações já citadas.

Em paralelo, no mesmo dia, Carlos Siqueira participou de uma rápida reunião no Palácio do Campo das Princesas, que contou com a presença de João Campos, Tadeu Alencar, Danilo Cabral, Milton Coelho e Sileno Guedes. Na pauta, Siqueira reforçou que o nome a ser indicado para disputar o Governo de Pernambuco será do PSB, validado pelo governador. Também foi reforçado a importância de construir uma aliança com o pólo da centro-esquerda para enfrentar Bolsonaro e as candidaturas que vierem de outras vias.

O deputado federal Tadeu Alencar deixou claro que não haverá rixa dentro do PSB e que a decisão do candidato terá o apoio de todos do partido. “Existe uma percepção de responsabilidade política de dar sequência a esse legado e mostrar que o PSB tem condições de continuar governando o Estado, porque isso é bom e fez bem aos pernambucanos”, declarou ao JC.

Sobre ser colocado como uma forte opção como cabeça de chapa da majoritária, Tadeu disse que seria indelicado tratar de nomes, já que essa prerrogativa é do governador. “Nós vamos ter um nome e será do PSB. Ele terá atributos para conseguir essa unidade, e conseguir animar o partido e a sociedade. Qualquer nome terá apoio do partido”, finalizou.

Federação

A bancada federal do PSB se reuniu, nesta segunda-feira (3), para tratar da federação partidária. Já havia sido apresentado um indicativo aprovando essa nova regra eleitoral, mas as recentes movimentações do PT e PSB parecem distanciar essa concretização.

De Pernambuco, foi reiterado o apoio da federação com o PT e PCdoB, entretanto, os parlamentares que representam o estado de São Paulo, se mostraram contrários a formar essa unidade com os petistas.Existe uma insegurança quanto às pretensões do PT em selar apoio nos estados que têm a preferência do PSB. Essa problemática estadual tem sido o grande entrave para se chegar a um entendimento sobre a federação, que tem sido colocada em segundo plano. No caso do estado paulista, não há disposição do ex-prefeito Fernando Hadadd (PT) e nem do ex-governador Márcio França, de abrirem mão da disputa pelo governo.

Socialistas veem que existe uma verdadeira corrida contra o tempo e que neste momento era para se estar trabalhando com os partidos envolvidos nesse debate, a formulação de um estatuto que possa preservar questões importantes como os cenários a serem desenhados nas próximas eleições. Para validar a federação partidária, as agremiações devem atuar em conjunto pelos próximos quatros anos.

 

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