Um dia após o Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV Social) divulgar que mais da metade da população pernambucana terminou o ano de 2021 na pobreza, o pré-candidato a governador pelo União Brasil, Miguel Coelho, afirmou que o dado mostra "o acúmulo de 8, 10, 12 anos de descaso" da atual gestão com o Estado. Segundo o Mapa da Nova Pobreza, o número de pessoas com renda familiar com renda domiciliar per capita de até R$ 497 mensais chegou a 62,9 milhões no ano passado o que equivale a 29,6% da população total do Brasil.
"O diagnóstico primeiro é o acúmulo de 8, 10, 12 anos de descaso, de omissão, de colocar o problema de lado achando que isso não iria aparecer. Mas está aparecendo e, infelizmente, da pior maneira. A gente já sentia isso pelo desemprego, pela violência e agora ficou muito claro pelo próprio índice da pobreza", afirmou Miguel, nesta quinta-feira (30).
Postulante a governador, o ex-prefeito de Petrolina disse, ainda, que para solucionar esse problema é necessário que o Estado adote algumas medidas, sendo parte delas de caráter emergencial. "A gente precisa olhar para essas pessoas, muitas delas na extrema pobreza, vivendo com cerca de R$ 80 ou R$ 100. A nossa ideia é poder consolidar todos os programas sociais que o Estado tem, juntar tudo em um só, ampliá-lo para atender pelo menos o dobro do que o Chapéu de Palha atende hoje, com o valor uniforme de R$ 300. É necessário, também, que ele se complemente ao Auxílio Brasil, não sendo só a diferença, como hoje é", explicou o pré-candidato.
Mas Miguel também disse considerar necessária a reinserção dessas pessoas no mercado de trabalho, para que o auxílio governamental seja apenas um "remédio temporário". "A gente precisa investir na profissionalização, na capacitação, na qualificação. Precisamos trazer essas pessoas de volta ao mercado de trabalho, porque a gente não pode ter a visão pequena de que a solução do problema é um programa social. Programa social é um remédio temporário, é um paliativo para você ajudar no momento mais grave, mas o que resolve é trazer o emprego, porque é isso que vai dar a perenidade de um salário de R$ 1.500, R$ 1.800, R$ 2.000, seja qual for o salário médio, pois isso depende de cada região do Estado", observou.
"O que falta (para o governo) é prioridade, é pegar o dinheiro que tem, seja do Estado ou do que vier das parcerias privadas, e investir onde possa haver um poder de transformação maior", completou o pré-candidato.
Natural de Santa Cruz do Capibaribe, cidade situada no Agreste pernambucano, a deputada Alessandra Vieira (União Brasil) foi oficializada nesta quinta-feira (30) como pré-candidata a vice-governadora na chapa que será encabeçada por Miguel Coelho (UB), ex-prefeito de Petrolina, no pleito deste ano. O anúncio foi feito durante evento na Zona Norte do Recife, no fim da manhã, e contou com a presença de várias lideranças locais e aliados dos postulantes.
"Eu li e ouvi durante toda a semana, nas especulações sobre esse anúncio que saíram na imprensa, que o cargo de vice normalmente é usado para se fazer uma troca, para fazer barganha ou tentar ocupar algo que está faltando. Mas a gente não foi por esse caminho da política velha, tradicional, do troca-troca. A gente foi atrás do perfil de uma pessoa ideal para somar ao que Pernambuco está precisando de mais urgente. E o que Pernambuco mais precisa nesse momento é de sensibilidade, empatia, coração, mas acima de tudo, de resiliência e força. E a história de Alessandra se confunde com esses caminhos", pontuou Miguel, ao apresentar a sua companheira de chapa.
Ex-primeira-dama de Santa Cruz do Capibaribe, Alessandra acumula sete anos de experiência no Executivo municipal, pois exerceu o cargo de secretária de Cidadania por esse período na cidade. À frente da pasta, implantou e desenvolveu ações voltadas para a defesa e garantia dos direitos das mulheres e à inclusão de pessoas em situação de vulnerabilidade. Em 2018, conquistou 45.115 votos e se elegeu deputada estadual, ocupando, hoje, a 4ª secretaria da mesa diretora da Assembleia Legislativa (Alepe).
De acordo com a postulante a vice-governadora, o convite para disputar a sua primeira eleição majoritária só foi aceito porque, do modo como o acerto foi feito, ela teria total liberdade para participar da construção do projeto de governo do União Brasil ao lado de Miguel Coelho. "Algumas pessoas perguntam: quem é Alessandra? Por que Alessandra? Eu não estou aqui por cota e em nenhum momento eu pensei em cobrar alguma coisa para aceitar esse convite. O que eu quero cobrar são dias melhores para a nossa gente", frisou a pré-candidata.
"Eu enxerguei em Miguel a esperança de Pernambuco. Eu tenho um mandato de deputada estadual e venho mostrando pra que eu vim. Fui eleita em 2018 e desde o momento em que eu assumi, falei que queria transformar vidas e mostrar que a política pode, sim, fazer mais pelas pessoas. Estou pronta para fazer de Pernambuco um Estado de todos", completou Alessandra Vieira.
Com a confirmação da parlamentar no posto de vice de Miguel, resta saber quem o ex-prefeito escolherá para ocupar a vaga ao Senado na sua chapa. Também filiado ao União Brasil, Mendonça Filho surgiu com 23% das intenções de voto para o cargo na última pesquisa Real Time Big Data em Pernambuco, mas não parece disposto a encarar o desafio. O ex-governador e ex-ministro da Educação chegou a concorrer à Casa Alta em 2018, mas ficou em terceiro colocado, atrás de Jarbas Vasconcelos (MDB) e Humberto Costa (PT).
O pré-candidato a deputado federal, porém, não parece disposto a encarar o desafio majoritário. "No conjunto de partidos e personagens, de homens e mulheres que Miguel tem liderado ele certamente encontrará opções qualificadas até mais do que eu para disputar o mandato de senador ou senadora. Sendo assim eu prefiro focar na minha estratégia definida, que é buscar o mandato de deputado federal, e assim eu posso ajudar Pernambuco igualmente", declarou Mendonça, pouco antes do início do evento que marcou a oficialização do nome de Alessandra Vieira como vice.
Miguel Coelho, por sua vez, não quis antecipar possíveis nomes para ocupar essa vaga, mas antecipou que como é do Sertão e tem uma pré-candidata a vice do Agreste, quer que o postulante ao Senado na sua chapa venha da Região Metropolitana do Recife. "A gente não pode achar que os candidatos sejam pessoas que tenham voto, até porque ninguém tem voto, é preciso conquistar votos. A gente precisa pensar: qual o papel do senador? Angariar recursos. Vou usar o exemplo do senador Fernando Bezerra (MDB). Ele foi o senador que mais trouxe recursos para Pernambuco em toda a história. Não é porque é meu pai, pode olhar no Portal da Transparência. Esse é um bom senador, aquele que ajuda, independentemente de cores partidárias. Ele colocou dinheiro no Recife, em Caruaru, em Jaboatão, para todas as prefeituras que têm gestores que hoje são meus adversários. A gente precisa de um senador que seja estadista, que possa olhar Pernambuco para além da nossa chapa", detalhou.