Jaboatão e Olinda com cheiro de segundo turno

Cidades da Região Metropolitana do Recife devem definir os novos prefeitos na segunda etapa do pleito, marcada para dia 27 de outubro

Publicado em 04/10/2024 às 11:26 | Atualizado em 04/10/2024 às 14:09

Diferentemente do Recife, duas grandes cidades da Região Metropolitana devem definir seus respectivos novos prefeitos somente no segundo turno, marcado para o próximo dia 27. As campanhas em Jaboatão dos Guararapes e Olinda, os dois maiores colégios eleitorais do estado depois da capital, foram marcadas por disputas acirradas entre diferentes espectros políticos e, até este domingo (6), não há definição clara sobre quem poderá ser escolhido.

Em Jaboatão, o atual prefeito Mano Medeiros (PL) tenta se reeleger disputando diretamente o voto conservador com a deputada federal licenciada Clarissa Tércio (PP). Nenhum deles está usando a imagem de Jair Bolsonaro (PL) na eleição, mas ambos deixam claro que se baseiam no voto de direita.

O voto evangélico, em especial, vai ser decisivo na cidade. Clarissa Tércio tem laços familiares com o grupo do Ministério Novas de Paz, enquanto Mano, que é católico, convocou Irmã Babate (PL), ligada à Assembleia de Deus, para ser sua vice e se fazer presente junto a essa fatia.

No meio do fogo cruzado está o ex-prefeito Elias Gomes, que se filiou ao PT e se apoia na imagem de Lula para garantir votos na cidade.

Esse racha na direita jaboatonense deve ser fator decisivo para que o pleito da cidade rume para o segundo turno. O atual prefeito lidera pesquisas eleitorais com certa vantagem diante dos adversários, enquanto Elias e Clarissa aparecem disputando o segundo lugar. Daniel Alves (Avante) não conseguiu despontar.

Confirmando-se essas possibilidades, há dois cenários possíveis: caso o segundo turno reúna Mano e Elias, é provável que os votos de Clarissa Tércio sejam direcionados para o atual prefeito por conta da ideologia direitista, o que tornaria difícil uma vitória do PT. Se a deputada federal passar com Mano, a disputa no segundo turno será ainda mais acirrada, já que os dois terão que mostrar aos jaboatonenses quem é o mais conservador.

Olinda

Na Marim dos Caetés, o atual prefeito Professor Lupércio (PSD) está encerrando o segundo mandato e quer deixar para sua ex-secretária Mirella Almeida (PSD) a administração do município. Embora ela apareça liderando as pesquisas eleitorais na cidade, a vantagem não é grande e a diferença para os outros candidatos não é suficiente para definir o pleito neste domingo.

Na cola de Mirella estão Izabel Urquiza (PL) e Vini Castello (PT), que protagonizam no cenário local a polarização do bolsonarismo e do lulismo para tentar chegar no segundo turno. Izabel, vale lembrar, é filha da ex-prefeita Jacilda e decidiu retirar o sobrenome da campanha para não ter ligação com a mãe.

O vereador Vini Castello, por sua vez, busca reforçar sua imagem junto ao presidente Lula para garantir votos da esquerda, buscando apoio até do prefeito do Recife, João Campos (PSB), para alavancar sua popularidade na cidade.

A falta de histórico político público dificulta a abertura de uma vantagem maior de Mirella, que vem se sustentando nas obras realizadas pela gestão Lupércio e no apoio da governadora Raquel Lyra (PSDB). Por outro lado, Vini Castello integra a Câmara de Vereadores e Izabel Urquiza já disputou inúmeras eleições municipais e estaduais, sendo rostos conhecido da população, o que pode lhes favorecer.

O ex-presidente da Fundaj Antônio Campos (PRTB) também tem esperança de alcançar a segunda posição na disputa em Olinda, ainda que com desempenho menor que os outros dois adversários. Ele foi um dos opositores mais ferrenhos contra Mirella Almeida durante a campanha, buscando constranger a candidata com diferentes tipos de denúncia no período eleitoral.

Correndo por fora, segundo pesquisas, está o atual vice-prefeito da cidade Márcio Botelho (PP), que rompeu com Lupércio após o gestor não aceitar seu nome como candidato a sucessor. Os embates públicos com o prefeito e as diversas trocas de acusações ocorridas em vários momentos da atual gestão não foram suficientes para colocá-lo em evidência.

Um dos cenários mais prováveis é a ida de Mirella e mais um oponente para o segundo turno. Nessa situação, é preciso esperar a definição desse opositor para entender como será a disputa. Passando Izabel ou Vini, os votos ficarão dispersos, já que os eleitores de Lula dificilmente votarão na candidata do PL, e vice-versa. Quem pode se beneficiar nesse cenário é a própria Mirella, que poderá acabar absorvendo uma fatia do eleitorado de cada um.

Paulista

Outra cidade da Região Metropolitana que também deve ter segundo turno nessa eleição é Paulista. O ex-prefeito Júnior Matuto (PSB) aparece liderando pesquisas com diferentes porcentagens, frente ao ex-deputado Ramos (PSDB), candidato apoiado pela governadora Raquel Lyra, que se fixou na segunda colocação.

Edinho, do PL, Lívia Álvaro (PP) e Francisco Padilha (PDT) — este último com apoio do atual prefeito Yves Ribeiro (PT), que decidiu não tentar reeleição — não conseguiram se consolidar até então, de acordo com os números.

Caso o cenário se consolide, Matuto e Ramos vão repetir o duelo que ocorreu em 2016, quando Júnior levou a melhor no primeiro turno.

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