Dizem que na Quarta-feira de Cinzas sempre desce o pano, mas não é o que acontece em Olinda. Resistindo em se despedir do Carnaval, foliões lotaram o polo Erasto Vasconcelos, na Praça do Carmo, na noite desta quarta-feira (26).
Moradora de Maceió, em Alagoas, a cantora Fernanda Guimarães, 38 anos, estava entre os dispostos a aproveitar a folia até os últimos momentos. “Ninguém quer se despedir do Carnaval, mas a gente tem que voltar para o dia a dia, é bom que energiza a gente para o resto do ano”, disse.
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No palco do Carmo, a bateria Cabulosa deu início ao último dia de apresentações. Em seguida, vieram Maestro Forró, Afonjah e Bongar com Lenine. Nação Zumbi ficou responsável pelo show de encerramento.
O motorista João Helton Galindo, 35, e a professora Aretha Sales, 36, capricharam nas fantasias de Pennywise, palhaço do filme It - A Coisa, e Jason, de Sexta-feira 13. “É o quarto ano que saímos fantasiados e o segundo ano que escolhemos a temática de terror. Por mim, o Carnaval durava seis meses”, afirmou Aretha.
“Eu queria saber como é que faz para voltar para a sexta-feira passada”, acrescentou João Helton.
A professora Aila Feitosa, 55, aproveitou o último dia de festa ao lado da cunhada Roseli Barreto, 56, administradora. “Estou brincando desde a abertura. Achei maravilhoso, não vi briga e o pessoal estava todo brincando, todo mundo alegre e muitas crianças. Agora, só no ano que vem, se Deus quiser”, afirmou.
No bairro de Guadalupe, nove grupos de afoxé se reuniram para levar os terreiros de candomblé às ruas e difundir a cultura negra. Em sua edição de 20 anos, o Encontro Estadual de Afoxés homenageou o centenário da ialorixá Ifá Tinuké, que fundou o primeiro terreiro de candomblé do Estado. “Estamos trazendo a resistência dessa mulher negra para a rua”, explicou o presidente do Alafin Oyó, Fabiano Santos.
Participaram os afoxés Obá Airá; Filhos de Airá; Ara Omin; Povo de Ogunté; Omo Obá Dê; Alafin Oyó, além dos convidados, Orquestra do Axé e Filhos de Xangô.
Há 25 anos o garçom José Felipe de Lima cumpre o mesmo ritual na Quarta-Feira de Cinzas. Faça sol ou faça chuva ele se veste de paletó preto e equilibra uma bandeja cheia de comes e bebes em meio aos foliões do Bacalhau do Batata, na Cidade Alta de Olinda. Nesta quarta (26) pela manhã não foi diferente. “É a minha homenagem a Isaías, ele morreu em 1993 e todo ano estou aqui brincando no bloco”, declara José Felipe.
Isaías Ferreira da Silva, para quem não sabe, é o homem que fundou o bacalhau, em 1962. Mais conhecido como Batata, ele era garçom e criou o bloco para brincar na folia, no único dia de folga do trabalho. Aos 58 anos, o Bacalhau do Batata continua atraindo veteranos como José Felipe, morador de Olinda, e estreantes como Adriese Castro, paisagista de São Paulo. “Todo mundo fala que o bloco é imperdível, vim conferir”, diz Adriese.
Na Terça-feira Gorda (25), o número de pessoas que foi ao Marco Zero, no bairro do Recife, local do polo principal do Carnaval do Recife 2020, mostrava que o público, ao som de nomes como Lenine, Alceu Valença e Elba Ramalho, queria encerrar com chave de ouro a Festa de Momo na capital pernambucana.
O sol raiou e os foliões esperaram o tradicional 'Arrastão do Frevo', que abriu este ingrato dia. Uma multidão tomou conta do Recife Antigo atrás da grande orquestra de frevo, que percorreu a Avenida Rio Branco arrastando o povo. Ninguém queria sair de perto da orquestra formada por 200 músicos comandados por Maestro Spok.