Em Pernambuco, a primeira semana epidemiológica do ano, referente ao período de 3 a 9 deste mês, reúne dados que sugerem a expansão da tríplice epidemia (dengue, chicungunha e zika) que se espalhou pelo Estado no ano passado. O primeiro boletim de 2016, divulgado ontem pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), mostra que 923 pessoas já apresentaram sintomas sugestivos de dengue em 86 municípios pernambucanos ao longo de sete dias (61 casos foram confirmados). Essas primeiras notificações representam um aumento de 40,92% em relação ao mesmo período de 2015, quando foram notificados 655 casos suspeitos (269 confirmados).
Ainda neste ano, três mortes por dengue já estão em investigação. No mesmo período de 2015, não houve registro de óbitos. “Isso mostra que precisamos fortalecer o que vem sendo realizado. É necessário trabalharmos com mais afinco”, informa epidemiologista George Dimech, diretor-geral de Controle de Doenças e Agravos da SES.
Com as 923 notificações de dengue, mais 255 de chicungunha e outras 200 de zika durante os sete dias da primeira semana epidemiológica do ano, o Estado contabiliza 1.378 pessoas que adoeceram com sintomas de três doenças que fazem o mundo desdobrar esforços para reforçar a vigilância dos casos e avançar em relação a estratégias de enfrentamento a um mosquito que transmite um vírus ainda desconhecido (o zika) e que continua a inspirar mais incertezas do que respostas.
Essa realidade fez o escritório central da Organização Mundial de Saúde (OMS), na Suíça, a assumir o combate do zika vírus, nesta semana, e pedir que governos de todos os continentes informem a entidade sobre eventuais casos da doença ou de microcefalia. Pelo menos, 18 países identificaram casos de zika. O alerta da OMS reforça a necessidade de que seja mantida a luta para reduzir a presença do Aedes e suas outras consequências, principalmente aquelas relacionadas ao zika, como a microcefalia.
“Cada pessoa deve ser um soldado no enfrentamento ao mosquito. É necessário que todo o mundo esteja focado nisso para que as ações tenham efetividade”, acredita George, que faz análise retrospectiva para frisar como o avanço das doenças transmitidas pelo Aedes preocupa. “O ano de 2015 terminou com seis vezes mais casos notificados de dengue em relação a 2014, que não foi de epidemia. E 2016 já começa com um aumento de casos de 40% em relação ao início de 2015.”
Ele salienta que os casos de chicungunha estão subnotificados. “Os dados de Pernambuco provavelmente não representam a realidade. Como muitos casos apresentam sintomas inespecíficos, que não permitem notificação no sistema, podemos inferir que o número de pessoas que adoecem por chicungunha é maior do que em registro.” Outro detalhe é a subnotificação de zika, cujo registro só passou a ser obrigatório em dezembro de 2015. Desde então, o Estado contabiliza 1.586 casos (200 deles apenas de 3 a 9 deste mês) em oito das 12 regionais de saúde. “Esse número deve ser maior, pois se infere que onde teve dengue provavelmente teve zika”, conclui o epidemiologista.