Exército iraquiano avança rumo a Tikrit, mas Estado Islâmico resiste

Os jihadistas utilizam os civis que não conseguiram fugir como escudos humanos, destacou o comandante
Da AFP
Publicado em 03/03/2015 às 16:10
Os jihadistas utilizam os civis que não conseguiram fugir como escudos humanos, destacou o comandante Foto: Foto: YOUNIS AL-BAYATI / AFP


As forças do governo iraquiano se aproximam lentamente de Tikrit, mas enfrentam os franco-atiradores e as minas colocadas pelo grupo jihadista Estado Islâmico (EI), no segundo dia da ofensiva para retomar esta cidade estratégica entre Bagdá e Mossul.

"Avançamos com precaução", afirmou um comandante militar na província de Saladino, onde fica Tikrit. O EI utiliza técnicas de guerrilha urbana e recorre a atiradores em emboscadas. 

Para reconquistar Tikrit, reduto dos jihadistas que fica 160 km ao norte de Bagdá, as forças de segurança convergem de três direções, com o objetivo de controlar a área ao redor da cidade, segundo o oficial.

As tropas estavam nesta terça-feira na periferia de Dur, uma cidade ao sul de Tikrit, que tem o centro dominado pelo EI. Os jihadistas utilizam os civis que não conseguiram fugir como escudos humanos, destacou o comandante. 

"O objetivo é cercar os combatentes e lançar o ataque para que não consigam escapar", explicou. 

Nas proximidades de Djila, o exército iraquiano e os aliados avançam lentamente por culpa da grande quantidade de explosivos que o EI espalhou na região.

Bagdá mobilizou 30.000 soldados e sua aviação na "maior" operação desde que o EI conquistou amplas áreas do território iraquiano, em junho de 2014. 

Os jihadistas anunciaram nesta terça-feira que um cidadão americano teria executado um atentado suicida contra militares na província de Saladino. 

"O irmão Abu Dawud al Amriki, que Alá o tenha em sua glória, avançou com um caminhão carregado de explosivos contra as forças e milícias iraquianas", informou um boletim de rádio do EI, sem revelar detalhes sobre a identidade do homem-bomba.

 

'Passarela para Mossul'

O EI controla Tikrit há nove meses e seu avanço foi espetacular no norte e no oeste do Iraque, onde o grupo jihadista impõe sua lei e multiplica as atrocidades, assim como nos territórios que controla na vizinha Síria.

As forças iraquianas tentam, há vários meses, reconquistar o norte do país, com o apoio da coalizão internacional anti-jihadista liderada pelos Estados Unidos. Apesar de algumas vitórias, ainda não conseguiram derrotar o EI em Tikrit.

A tomada desta localidade abriria "uma passarela para a libertação de Mossul", segunda maior cidade do país e que fica 350 km ao norte de Bagdá.

O exército iraquiano conta com a ajuda de policiais, unidades antiterroristas, grupos de voluntários de maioria xiita e tribos locais sunitas na batalha para reconquistar Tikrit. 

De acordo com a imprensa iraniana e iraquiana, o general Ghasem Suleimani, comandante da Força Quds, uma unidade de elite do exército de Teerã, está na província de Saladino para ajudar a coordenar as operações.

O primeiro-ministro iraquiano Haider al-Abadi pediu no domingo às forças pró-governo que respeitem à população civil de Tikrit. Ele tentava, assim, tranquilizar os habitantes, em sua maioria árabes sunitas, que temem represálias.

As milícias xiitas, acusadas de abusos, prometeram vingança por um ataque do EI, em meados de 2014, contra o campo militar de Speicher, no qual morreram centenas de jovens recrutas xiitas. Elas consideram que as tribos sunitas locais foram cúmplices do massacre.

De acordo com John Drake, analista do instituto de pesquisas sobre segurança AKE, a batalha iniciada na segunda-feira tem mais possibilidades de sucesso do que as tentativas anteriores, já que os grupos xiitas dispõem de mais recursos.

"A operação será, no entanto, muito difícil", disse, porque as forças de segurança terão problemas para conseguir informações na região, já que a população teme represálias do EI. 

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