Além de tentar reincluir Estados e municípios na reforma da Previdência, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), vai trabalhar também para que os membros da comissão que analisa a matéria não apresentem destaques (pedidos de modificações) que possam alterar o texto e "desidratar" a economia esperada com a medida. "Vamos trabalhar para que a comissão mantenha o texto do relator e que a gente não tenha nenhum tipo de destaque que tire a economia", disse ele nesta sexta-feira (28) em Belo Horizonte (MG).
"Estamos tendo uma pressão final ai de algumas categorias, mas o que eu estava conversando com o presidente do Tribunal de Justiça é que às vezes uma vitória de uma categoria hoje vai ser uma derrota amanhã", afirmou Maia. "Se não reestruturarmos o sistema, são os próprios servidores que vão ficar sem capacidade de receber seus salários porque nenhum ente federado vai ter condição de pagar em dia", comentou.
Uma das categorias que tem pressionado por abrandamento das regras é a de policiais. Na quinta-feira, o coordenado da bancada do partido de Jair Bolsonaro na comissão, o deputado Alexandre Frota (PSL-RJ), disse ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) que a legenda irá apresentar um destaque em favor dos profissionais da segurança pública.
A demanda parte também da bancada da bala da Câmara. A emenda que deve ser apresentada pelo PSL afrouxa a regra de transição, o pedágio e a regra permanente.
Maia afirmou ainda que a busca de votos para se aprovar a reforma é uma articulação coletiva entre o Executivo e o Legislativo. "A participação do presidente (Jair Bolsonaro) é claro que é muito importante", disse.
Essa semana foi marcada por mais um atrito entre os Poderes que acabou respingando na tramitação da reforma, depois que supostas críticas do ministro da Economia, Paulo Guedes, ao Congresso foram divulgadas. Guedes trabalhou na sequência para baixar a temperatura e convidou Maia para um almoço, juntamente com o presidente do Senado, David Alcolumbre (DEM-AP), na quinta-feira
Maia confirmou o convite e disse que não compareceu porque já tinha uma palestra agenda em São Paulo há dois meses. "Se eu tivesse em Brasília, teria participado. O mais importante é aprovar a Previdência e sair desses embates transversais que não ajudam o Brasil", disse.
O deputado falou ainda que, sem a reforma da Previdência, Estados, como Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, "não vão sair do buraco em que se encontram".