O ex-ministro Gustavo Bebianno concedeu depoimento à Polícia Federal (PF) sobre o caso de supostas candidaturas laranjas femininas em Pernambuco. No depoimento, ele afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PSL), na época das eleições, chancelou um acordo para repassar 30% do fundo eleitoral do PSL, cerca de R$ 2,7 milhões, ao diretório do partido no Estado. Em Pernambuco, a sigla é chefiada politicamente pelo deputado Luciano Bivar (PSL-PE), que também é presidente nacional da legenda.
Luciano Bivar é investigado por suspeita de ter desviado parte dos recursos destinados à legenda no Estado por meio de candidaturas femininas de fachada. Bebianno foi chamado para depor por ser o presidente nacional do partido na época das eleições e pelo fato de ter autorizado os repasses ao diretório de Pernambuco. A ser questionado sobre o Estado ter recebido as maiores verbas, ele afirmou que foi um acordo feito entre Bivar e Bolsonaro.
"Perguntado sobre quem seria o responsável pela definição das contas relativas aos fundos partidário e especial [eleitoral] para cada estado e seu correlato repasse para os candidatos durante o processo eleitoral, [Bebianno] respondeu que na forma do acordo político celebrado entre Jair Bolsonaro, Luciano Bivar, Fernando Francischini [então deputado federal pelo Paraná e aliado de Bolsonaro], Antônio Rueda [braço-direito de Bivar], Eduardo Bolsonaro [filho do presidente] e o declarante, parte relevante do fundo eleitoral, em torno de 30%, seria destinado para o estado de Pernambuco, estado original da fundação do PSL, e que os 70% restantes seriam distribuídos de acordo com o peso eleitoral de cada estado", diz a transcrição de parte de seu depoimento, que foi divulgado pelo Jornal Folha de S.Paulo.
No mesmo depoimento, Bebianno afirmou que com o acordo, Bolsonaro ficou com o poder de definir o comando de os outros diretórios regionais do partido. Ainda segundo o ex-ministro, o então presidente da República "queria ter o controle para evirar que pessoas com o perfil mais à esquerda exercesses função de comando". Bolsonaro também ficou responsável por designar funções na executiva nacional e o comando interno da legenda durante o período eleitoral.